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Os espíritas e o Aborto

Preconizar o não julgamento de pessoas não significa concordar com tudo que elas fazem.

por Edson Sardano escritor e orador espírita

Publicado em 22/07/2024, às 21h12

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Imagem Os espíritas e o Aborto

                                           Espíritas e o Aborto

Preconizar o não julgamento de pessoas não significa concordar com tudo que elas fazem.

A Doutrina Espírita, seguindo os ensinamentos e os exemplos do Cristo, nos ensina enfaticamente que não devemos julgar o comportamento alheio, até porque, nunca sabemos todas as nuances que envolvem os fatos, muito menos como seria o nosso comportamento caso estivéssemos na pele daquele que ora se julga.

Por outro lado, a partir dessa observação e da equivocada invocação do livre-arbítrio como um álibi de amplo espectro, não podemos deixar de emitir a visão doutrinária a respeito do comportamento humano, até porque, é a partir do aprimoramento dele que as criaturas caminham para dias melhores.

Falando especificamente sobre o aborto, que fique claro que somos conceitualmente contrários!

Nós espíritas não discutimos apenas a vida biológica, que entendemos começa na concepção, mas a presença de um espírito reencarnante, que se liga ao embrião como sua oportunidade de retornar à vida material e dar prosseguimento ao que lhe foi reservado em razão dos méritos e débitos de encarnações passadas.

O aborto seria, por essa razão, o cerceamento dessa oportunidade, o que além de acarretar profunda frustração, ainda adia projetos não raras vezes fundamentais para todas as partes.

Quando falamos todas as partes, referimo-nos também àquelas pessoas que decidem não levar a gravidez adiante seja lá por que motivo for, bem como a todos os demais envolvidos.

Elas não sabem, mas tudo na vida atende a uma Lógica Divina, por mais que a limitada visão humana não consiga assimilar.

Antes de qualquer discussão, é bom lembrarmos que partimos do pressuposto que Deus é onisciente, onipresente e onipotente, de modo que mesmo para que uma folha caia, como cita o Alcorão , faz-se necessária a Sua ciência e permissão.

Isso vale inclusive para os casos mais chocantes sob o ponto de vista da limitada visão humana, como no estupro, hoje com ampla definição.

Não é possível saber a miríade de ligações e compromissos na esfera espiritual que podem envolver uma situação dessas, mas o que se sabe é que aquele espírito que ora se prepara para reencarnar não deve ter sua oportunidade interrompida, nem mesmo todas as pessoas que estarão direta ou indiretamente envolvidas, têm o direito de esquivarem-se dessa experiência, ou até quem sabe, negligenciarem uma grande oportunidade de progresso espiritual.

Dito isso volto ao início e reafirmo: mesmo assim, não devemos julgar!

A lei brasileira hoje admite a prática em determinadas situações e isso também é um fator que se deve ponderar, mantendo a cautela de que leis humanas são sempre susceptíveis de influências ideológicas nem sempre compatíveis com a moral cristã, mas devem ser compreendidas no contexto social em que se apresentam.

No atual estágio de evolução moral em que se encontra a humanidade, não há comportamento que seja conduzido de forma ideal, logo, não seria esse o caso, mas é importante que se frise que conceitualmente o aborto é um gesto equivocado, que gera consequências que terão que ser confrontadas diante do processo evolutivo.

Seria leviano julgar alguém que no desespero de uma situação delicada como um estupro decida por abortar, porém mais leviano ainda é tratar o aborto como uma mera opção acerca do próprio comportamento, tipo “meu corpo, minhas regras”.

Nem corpo, muito menos espírito estão sob o arbítrio de quem quer que seja.

Não ao julgamento fácil e intolerante, mas um não bem maior aos que reduzem a benção da reencarnação a um estorvo do qual se livra impunemente.

Edson Sardano, escritor e orador espírita