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O Espiritismo e a Doação de órgãos

Doar um órgão não é usar uma parte sua para que outro viva, mas usar o outro para que uma parte sua continue vivendo.

por Edson Sardano

Publicado em 01/10/2024, às 18h00

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Espiritismo com Edson Sardano - EDSON SARDANO
Espiritismo com Edson Sardano - EDSON SARDANO

Narra a mitologia grega, que por ocasião da morte, a alma precisa atravessar o Rio Aqueronte, para atingir o Hades (céu) e usufruir a felicidade eterna.

Ocorre que só há uma canoa e um barqueiro credenciado por Deus para fazer a travessia: Caronte, marinheiro inflexível, que exige uma moeda de cada um que pretende alcançar o outro lado.

É a moeda para Caronte, alegoria que simboliza o patrimônio moral, único passaporte para a felicidade na outra margem. 

Muitas pessoas passam a vida toda pensando em como poderiam ser úteis e, não raras vezes, as atribulações do dia-a-dia e a busca (legítima) por uma vida mais confortável para si e para os seus, fazem com que esqueçamos desse propósito ou o posterguemos para momentos de maior folga, o que dificilmente acontece.

Fazer o bem é como guardar dinheiro: ou você guarda no começo do mês, quando recebe, ou não guardará, pois ao esperar o último dia para saber quanto sobra, verá que quase sempre não sobra nada.

As boas ações também devem ser feitas de pronto, quando a oportunidade surge, pois raramente vamos nos encontrar numa calmaria total, a ponto de “sobrar” tempo para pensar no próximo.

Falando em oportunidade, a doação de órgãos aparece como a última (mas não menos importante) ocasião para partir deste mundo com uma bagagem positiva, a moeda para o barqueiro, como citado no início.

Nem sempre é possível, mas a predisposição e a autodeclaração prévia já é um bom começo, pois ajudará familiares e profissionais de saúde a desenrolar as providências por ocasião de uma fatalidade.

Tânatus, o Deus da morte, pela ciência que leva o seu nome, revela implacavelmente que a decomposição do corpo começa imediatamente após o falecimento, de modo que quem não se propõe a doar órgãos com medo da mutilação, esquece que a natureza se encarregará da decomposição a cada minuto, até que não reste mais nada, muto menos a oportunidade de um grande e derradeiro gesto de amor.

Doar órgãos é um gesto de amor racional! É a garantia de um assento na primeira classe da canoa de Caronte, que queiramos ou não, teremos que enfrentar um dia.