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Tecnologia x educação: especialistas dão 5 dicas simples aos pais de plantão

Em meio à proibição de celular nas escolas educadores falam sobre o papel das famílias e das instituições de ensino nesse novo cenário assustador

por Renata Rode
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Publicado em 01/09/2024, às 19h14

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Atividades digitais estão inseridas na grade curricular da rede municipal de ensino de São Caetano do Sul com moderação - Foto: Divulgação/Prefeitura de São Caetano do Sul
Atividades digitais estão inseridas na grade curricular da rede municipal de ensino de São Caetano do Sul com moderação - Foto: Divulgação/Prefeitura de São Caetano do Sul

Que a educação tem passado por mudanças e desafios consideráveis é inquestionável. A tecnologia traz benefícios e males ao mesmo tempo e notamos que essa é uma geração que lê cada vez menos. Para se ter uma ideia, uma pesquisa do Observatório da Juventude na Ibero-América promovida pela Fundação SM revelou que 67% dos jovens brasileiros de 15 a 29 anos afirmam gostar de ler, mas leem apenas dois livros em média por ano. Essa é uma média inferior quando comparamos dados de Espanha, Chile, Argentina, Colômbia e República Dominicana, por exemplo.

Visando entender o que está acontecendo nos dois lados do balcão, tanto no que se refere aos alunos quanto ao envolvimento dos professores, ouvimos especialistas de São Caetano do Sul, cidade no ABC Paulista que é apontada como polo de qualidade em Educação sendo a melhor da região Sudeste, segundo Ranking de Competitividade dos Municípios, ficando atrás apenas de Sobral (CE).

Pio Mielo, educador e político dedicado à sua cidade, São Caetano, atualmente em seu terceiro mandato como vereador, concorda que a falta de leitura é, de fato, um desafio significativo na educação contemporânea. “Vivemos em uma era dominada pelas telas, o que reduz o tempo dedicado à leitura de livros. Esse problema é enfrentado pelos educadores com a promoção de programas e atividades que incentivam o hábito da leitura desde cedo. Em São Caetano, destacamos a importância de desenvolver esse hábito, pois acreditamos que a leitura é fundamental para o desenvolvimento intelectual e crítico das crianças e adolescentes”.

Aos 51 anos, o especialista também empresário do setor de Educação há mais de 20 anos e reconhece que é preciso mobilizar a sociedade sobre a importância da leitura na formação intelectual e inclusive, consequente melhoria de qualidade de vida como um todo. O mestre em educação salienta que a ausência de leitura pode comprometer seriamente a capacidade de interpretação de texto das crianças, uma habilidade essencial que se carrega por toda a vida. “Diversos estudos, comprovados pela nossa experiência como educador no dia a dia, mostram que a leitura estimula o raciocínio, ativa o cérebro, aumenta a imaginação, amplia a criatividade, promove a compreensão profunda, a análise crítica e o desenvolvimento de um vocabulário rico, que são essenciais para o desempenho acadêmico e profissional. E tem outro ponto importante: transforma a escrita dos estudantes. Justamente a escrita que também é influenciada pelas telas e seus aplicativos de mensagens, onde as crianças, adolescentes e jovens utilizam muitas abreviações e emojis, deixando a linguagem formal de lado a maior parte do seu tempo”, alerta.

Hoje em dia, é comum vermos professores utilizando tablets e computadores como ferramentas educacionais. Com a crescente disponibilidade e acessibilidade de dispositivos tecnológicos, é esperado que os estudantes tenham acesso a recursos online, como e-books, vídeo aulas interativas e plataformas de aprendizado online. Mas como fazer com que eles não dispersem do conteúdo propriamente dito das aulas? Minéa Paschoaleto Fratelli, Secretária Municipal de Educação de São Caetano do Sul e ex-secretária Adjunta da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo pontua que é preciso aprender a utilizá-la em favor da aprendizagem. “Essa mudança precisa acontecer, senão a escola, cada vez mais, será menos interessante para os estudantes. Veja o exemplo da Inteligência Artificial. Sabemos que os estudantes já usam. Precisamos ensiná-los a usar de modo que aprendam ao mesmo tempo em que estão se utilizando da ferramenta. Isso acaba, na verdade, virando um incentivo para essa nova geração, só precisamos ensiná-los a dosar”.

Praticamente já nascidos com um “celular na mão”, a geração que hoje frequenta as escolas não sabe o que é viver sem toda essa tecnologia. Por isso, precisam de orientação para otimizar o que os recursos têm a oferecer. “Os alunos têm muita informação e a escola precisa ensiná-los a usá-la. A escola é o lugar do conhecimento, do amadurecimento e da aprendizagem sobre o que fazer com toda essa informação em prol de uma formação adequada e de qualidade para que possam ter sucesso em seus estudos. Além disso, é essencial falar sobre a importância da relação entre a escola e a família nessa orientação aos estudantes”, sugere Minéa.

Para Pio, quando falamos em adaptações, temos de ter um olhar atento em duas frentes principais. “Em primeiro lugar, a questão da inclusão. Nenhuma criança deve ficar para trás. Esse é o tom de uma educação de qualidade e o tom da equação da minha vida profissional e pessoal. E aqui vale ressaltar, por exemplo, que muitos prédios escolares Brasil afora têm mais de 50 anos e na sua construção não havia preocupação pera acessibilidade, seja de acessos, seja para atendimento em sala de aula. A outra frente que é que, de fato, devemos olhar e acompanhar a tecnologia. Na rede municipal de São Caetano e também na rede privada da nossa cidade e de outras, há uso frequente de ferramentas digitais. Mas isso ocorre com horários pré-estabelecidos, com plano pedagógico”, explica. Ele esclarece que as adaptações levam em consideração, inclusive, o formato da disposição das carteiras em sala de aula. “Seja em fileira, em formato de ‘U’ ou outro formato. Cada atividade requer um modelo. Esse olhar para a adaptação do ambiente de sala de aula na construção de saber é fundamental. Eu e meus colegas educadores temos de acompanhar a evolução dessa nova geração”.

Leitura tem grande importância na vida escolar e na formação do ser humano como um todo / Foto: Divulgação/Prefeitura de São Caetano do Sul

Como os pais podem ajudar os filhos?

Os especialistas dão dicas de como os pais podem auxiliar os filhos em meio a todo esse cenário:

- Ficar muito atento ao que os filhos estão fazendo no mundo virtual. Por mais que tenham informação, é preciso ter cautela, nem sempre sabem como lidar com realidades postas e podem precisar de ajuda;

- Não basta pedir para os filhos saírem do celular. É preciso sair junto! Ter mais vivências “desplugadas”. Conversas olho no olho, refeições. Coisas básicas que fazem toda a diferença. Pode ser difícil, por conta do trabalho, mas é tão saudável (e necessário) para os filhos quanto para os pais;

- Literatura, já! Leia com seus filhos. Ensinamos com o comportamento. Quantos livros as crianças já te viram ler? Modelizar comportamento é essencial. Além disso, paradas para leituras de forma conjunta pode ser uma boa ação para que tomem gosto pela leitura;

- Vivencie a escuta ativa. Ouça de verdade. Se importe. Filhos precisam de acolhimento. Para se sentirem mais confiantes, é preciso que saibam que há alguém que dá suporte a eles;

- Estejam próximos da escola. A rotina nem sempre permite a participação em tudo, mas é essencial a criança saber que os pais sabem o que acontece na escola e que ambas estão preocupadas com a aprendizagem e o desenvolvimento.