Segundo pesquisas é preciso estar alerta a situações que podem prejudicar sua vida e empresário conta como deu a volta por cima após momento difícil
Segundo dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout, uma doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo.
De acordo com estudos da Gallup, nomeado de “State of The Global Workplace”, os brasileiros estão em quarto lugar na América Latina em sentimentos de raiva e tristeza, e em sétimo quando se trata de estresse. Muito vem sendo discutido a respeito do assunto, no entanto, há uma informação super importante que não vem sendo tratada de forma ampla: antes da divulgação da CID-11 pela OMS, cuidar da prevenção do burnout era função do empregado. No entanto, chegou-se à conclusão que há seis fatores no ambiente de trabalho que são abrangentes demais para serem solucionados individualmente por qualquer funcionário e que, portanto, é responsabilidade das organizações gerenciá-los para prevenir o Burnout e cuidar, de fato, da saúde mental dos funcionários.
Dando a volta por cima
Para não fazer parte das estatísticas, Alex Romanosk, CEO da Ottima Tecnologia em Saúde, precisou priorizar seu corpo. O executivo que é formado em Marketing e atualmente investe na área de saúde por ter enfrentado pessoalmente um problema que quase custou sua vida aprendeu pela dor que é preciso sempre olhar pra si e hoje, trabalha melhorando a vida das pessoas. “Aprendi pela dor que era preciso ver o mundo com outros olhos. Fiquei hospitalizado por semanas com suspeita de esclerose múltipla. Muito fraco, pensei que minha vida iria mudar drasticamente. Posso dizer que essa experiência me fez olhar a vida com outros olhos e ver o tempo que perdi não focando no que realmente importava. Voltei a viver normalmente e grato por esta segunda chance. Hoje, quero e faço diferença com meu trabalho, ajudando outras pessoas através do uso da tecnologia durante procedimentos cirúrgicos diversos”. Com exclusividade à nossa reportagem, o CEO comentou que até hoje faz uso de atividades físicas como musculação e luta, além da prática musical nas horas livres para manter-se em equilíbrio, até porque trabalhar com hospitais não é o cenário assim mais leve. "Implementei rotinas e regras à minha vida das quais não abro mão, mesmo gerenciando uma empresa responsável por cuidados cirúrgicos de emergência, inclusive. É preciso entender que precisamos estar bem para dar o nosso melhor, sempre", comenta.
Que as mulheres se sentem mais sobrecarregadas que os homens, não é novidade. Mas como saber equilibrar os pratos sem prejudicar nenhuma área da vida? Para Débora Fernandes, Diretora Executiva do INER - Instituto Nacional de Estudos do Repouso - e Pró-Espuma essa não é uma tarefa que pode ser realizada da noite para o dia. "Em anos à frente de grandes corporações em minha carreira vivenciei o perigo que a falta de consenso entre vida pessoal e profissional podem ocasionar e parei para ressignificar a forma com que eu me relacionava com o trabalho. Em minha opinião, a pandemia foi um grande propulsor que fortaleceu pessoas como um grande divisor de águas que resultou em resiliência. No meu caso particularmente tive que ter o contato com a consciência para redescobrir o que de fato é essencial e fundamental para mim", desabafa.
É claro que nem todos tem a mesma vivência de Débora ou o empenho de Alex, já que as experiências de autoconhecimento e vida são únicos. Além disso, programas de saúde e qualidade de vida são sempre bem-vindos, mas é preciso entender de uma vez por todas que não terão o resultado desejado se esses pontos não forem corretamente equacionados pelas organizações. Esta informação está no livro “Eneagrama e Burnout”, de Marco Meda e Marcela Rezende, lançado pela Editora Leader. "Todos queremos ser felizes e sabemos as coisas que nos deixam felizes. Mas não fazemos essas coisas por quê? É simples: estamos ocupados demais tentando ser felizes”, revela a autora, que também é consultora de desenvolvimento de liderança. Ela ressalta que é preciso estar atento ou atenta aos sinais para a prevenção ao Burnout.
Rezende explica que o Burnout se caracteriza por três dimensões: sentimento de esgotamento ou exaustão de energia; aumento da distância mental do trabalho, sentimento de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho; além de uma sensação de ineficácia e falta de realização.
Quer saber quais fatores podem fazer com que sua produtividade no trabalho tenha um declínio? Confira!
1 - Sobrecarga de trabalho
Rezende aponta que se as empresas precisam rever os quadros. “Não dá pra fazer com 5 pessoas a produção de 7 colaboradores, por exemplo. O modelo da empresa e de negócio da empresa precisa ser sustentável”, pontua.
2 - Recompensa insuficiente
As pessoas precisam ser devidamente recompensadas pelo trabalho e precisam se sentir valorizadas pelo que fazem, dentro do limite e do modelo de negócio da organização.
3 - Perda do senso de comunidade
Marcela explica que as pessoas perdem a sensação de fazer parte de algo maior e o porquê delas estarem ali. “As pessoas passam muito tempo da vida delas trabalhando, imagina quando elas perdem esse senso de comunidade, ela passa a não querer mais trabalhar”, esclarece.
4 - Ausência do senso de equidade
Marcela adverte que as pessoas precisam ter certeza de que existe equidade dentro do mundo corporativo. “Por que eu faço um trabalho igual ao seu e o outro ganha três vezes mais do que eu? É preciso tratar os iguais como iguais”.
5 - Seus valores precisam ser convergentes com os valores da empresa
Na hora de escolher onde vai trabalhar, é preciso saber se os valores da pessoa convergem com os valores da empresa. “Por exemplo, têm pessoas que vão trabalhar num banco e não concordam com questões de renda, então, devem trabalhar em um local que seus valores sejam compatíveis”, pontua.
6 - Falta de controle
A consultora de liderança lembra que esse fator tem mais a ver com falta de autonomia. “Trata-se da confiança em saber que a pessoa vai executar aquilo que lhe foi delegado. Tem a questão do líder centralizador, que sempre acha que ela vai realizar um trabalho pela metade”, finaliza.
Renata Rode é escritora nata, desde os 11 anos (idade em que escreveu seu primeiro livro). Repórter, jornalista formada e curiosa, é também autora de livros sobre comportamento e ghost writer. Já foi repórter de celebridades na Record TV, colunista especial do UOL e aqui, na Revista AnaMaria vai falar sobre assuntos pertinentes ao Universo Feminino, sempre com um toque de irreverência. Instagram: @renata.escritora