Madrinha da causa pela segunda vez, Geovana Clea ressalta a importância do movimento em meio à crise climática mundial: "é preciso resgatar a vida"
O assunto do momento é a crise climática. A cada dia, somos bombardeados de notícias sobre a devastação da natureza por parte do homem e, voltar às origens parece mais do que necessário. Em meio a esse quadro preocupante existe uma voz que ressoa em nome da mãe terra afinal, quem mais poderia nos ensinar sobre preservação que os indígenas? Meio que como um grito de alerta e claro, dando continuidade a uma tradição local, acontece agora no Brasil a 9ª edição dos Jogos Olímpicos Indígenas, realizados pelo grupo Koiupanká, que em 2024 tem a cobra como mascote do evento.
Geovana Clea, artista plástica madrinha do evento pela segunda vez, ressalta a importância da reunião. “A cada dois anos é escolhido um animal da natureza que faz parte da mitologia de seu povo. Das 17 modalidades, em todas há um animal sagrado que representa um esporte. Tacape é a modalidade e a cobra representa renovação de um ciclo. Uma vida que nos faz repensar sobre nossas lutas e conquistas, caminhada em meio à nossa Mãe Terra”, ressalta.
A artista alagoana é originária de Inhapi, sertão de Alagoas, e volta ao país com a missão de difundir os Jogos, seus ensinamentos e a importância que eles têm para a comunidade local. Geovanna cria suas obras inspiradas na geologia e tem em comum com os indígenas o grande amor pela natureza. “Esse elo entre nós confirma pra mim a pureza do sentimento. Sei bem que onde alguém ocupar um espaço entre eles, nesse alguém eles têm que ter visto amor verdadeiro e este é o meu sentimento. Honrada! Gostaria do fundo do coração que Brasil conhecesse o que eles têm de lindo para mostrar, e não somente para nós, mas para todo o mundo. Os jogos são uma ocasião única para fazer parte dessa incrível realidade e experiência”.
Respeito e harmonia
O tema desse ano fala de frutos, colheita e seus descendentes, e nesses jogos o povo Koiupanká, junto aos povos indígenas presentes e todos aqueles que os apoiam, celebram a árvore do sagrado Deus, seus frutos e seus filhos. “Teremos uma grande festa com todos os presentes, para partilhar o respeito, harmonia entre os povos e agradecer ao Criador pela grande conquista, construção de um prédio escolar que desde 2006 só se tinha promessa. Mesmo sem ter nosso território demarcado, adquirimos a ferramenta do saber, educação escolar indígena e seguiremos em frente lutando por nossos direitos”, pontua.
Quanto à cobra como mascote, a artista lembra que sua força e habilidades nos levam a pensar sobre os caminhos e fronteiras que devemos percorrer. “Sem medo da escuridão ou fronteiras, deixando rastros aos nossos descentes, para eles trilharem com a certeza de que a vida em comunhão com os bichos, plantas e homens pode nos levar à armênia no planeta”.
Com sua obra, a artista tem trabalhado para apresentar ao mundo a Comunidade Koiunpanka e tem falado sobre eles em entrevistas para Rússia, Itália, Estados Unidos e outros países.
Embora seja de Inhapi, onde está situada a aldeia, a amizade entre ela e os indígenas Koiunpanka iniciou-se durante a visita da artista à aldeia durante os Jogos de Olímpicos de 2016, momento em que a artista ficou completamente fascinada pela cultura deles. “O mundo precisa celebrar os povos indígenas. Os jogos há muito tempo precisavam de um momento como esse, e 2024 vai ficar marcado no solo sagrado de nosso Towê e na história, com os rastros da ‘cobra grande’ e o caminho percorrido pelo nosso povo”, finaliza.
Renata Rode é escritora nata, desde os 11 anos (idade em que escreveu seu primeiro livro). Repórter, jornalista formada e curiosa, é também autora de livros sobre comportamento e ghost writer. Já foi repórter de celebridades na Record TV, colunista especial do UOL e aqui, na Revista AnaMaria vai falar sobre assuntos pertinentes ao Universo Feminino, sempre com um toque de irreverência. Instagram: @renata.escritora