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Outubro Rosa: reconstrução mamária devolve a identidade sexual das vítimas do câncer

Nos últimos 10 anos, 110 mil brasileiras se submeteram à mastectomia por causa do câncer de mama; destas, 25 mil fizeram a reconstrução mamária

Ana Mota
por Ana Mota

Publicado em 25/10/2024, às 17h00

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Outubro Rosa: reconstrução mamária pode ajudar a devolver autoestima para mulheres vítimas do câncer de mama - FreePik
Outubro Rosa: reconstrução mamária pode ajudar a devolver autoestima para mulheres vítimas do câncer de mama - FreePik

A campanha Outubro Rosa é celebrada no Brasil e no exterior com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama. Quando diagnosticadas, muitas vezes, as pacientes são submetidas à mastectomia parcial ou total, procedimento cirúrgico que envolve a remoção da mama e dos linfonodos. Como forma de devolver a identidade sexual das vítimas da doença, surgiu a reconstrução mamária.

Campanha Outubro Rosa: é melhor prevenir do que remediar

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais incidente nas mulheres (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025. Estudos da Associação Americana de Câncer mostram que, se descoberto no início, o câncer de mama tem chances de cura de até 95%. Esse índice cai para até 50% se a neoplasia estiver em um estágio mais avançado.

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) afirma que a mastectomia (retirada parcial ou total da mama) é indicada em 70% dos casos de câncer de mama diagnosticados no país. Nos últimos 10 anos, 110 mil brasileiras passaram pela cirurgia. Destas, 25 mil fizeram a reconstrução mamária.

Outubro rosa: tudo o que você precisa saber sobre câncer de mama - de prevenção a tratamentos

O cirurgião plástico Luís Maatz, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e especialista em Reconstrução Mamária pelo Hospital Sírio-Libanês, explica que a reconstrução mamária é uma cirurgia plástica reparadora para mulheres que se submeteram à mastectomia.

“O objetivo desse procedimento é reconstruir a mama retirada, buscando um resultado que leve em consideração o volume, a forma, a simetria e a aparência das mamas, ajudando na recuperação da autoestima, confiança e qualidade de vida da paciente”, diz à AnaMaria.

Desde 1999, a lei federal assegura que a cirurgia de reconstrução mamária seja realizada pelo SUS após mastectomia total ou parcial. Além disso, os planos de saúde também são obrigados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a cobrirem esse procedimento.

Maatz lembra que foi sancionada a Lei 14.538, que garante à mulher o direito de troca do implante mamário devido ao tratamento de câncer, se houver complicações.

Por que fazer a reconstrução mamária?

Os seios são um símbolo de feminilidade, da identidade sexual e materna da mulher. Portanto, a mastectomia tende a afetar a autoestima das mulheres, justamente em um momento que já é desafiador. Além disso, as vítimas do câncer ainda lidam com disfunções sexuais, que podem ser de origem psicológica ou fisiológica.

Estas disfunções sexuais estão ligadas ao câncer de mama e ao tratamento. Ou seja, é possível que ocorra a queda da libido, perca parcial ou total da sensibilidade dos seios e o ressecamento vaginal, ocasionando dor durante a penetração e, consequentemente, a dificuldade em atingir o orgasmo.

Neste sentido, a reconstrução mamária é vista como aliada na recuperação da autoestima sexual da mulher. “Olhar no espelho e se ver novamente com seios traz de volta a segurança, a confiança em si e a autoafirmação como mulher. Aliás, muitas que superaram a doença acabaram se reinventando e melhorando o sexo com a parceria”, diz Claudia Petry, membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana).

Mastectomia afeta autoestima das mulheres vítimas do câncer de mama
Mastectomia afeta autoestima das mulheres vítimas do câncer de mama - FreePik

"A mama para a mulher tem um significado muito importante. Quando a paciente tem a sua mama mutilada, ela se sente incompleta. A oportunidade que a gente tem de reconstruir essa mama é uma oportunidade de reconstruir a autoestima dessa mulher. E, às vezes, as mulheres só conseguem voltar a viver, voltar a ter sentido na vida, com essa reconstrução", explica o cirurgião plástico Fernando Amato, idealizador do projeto Mama Minha.

O projeto Mama Minha visa atender pacientes que sofrem com deformidades mamárias e que, muitas vezes, esperam anos por um procedimento que restaure sua autoestima e qualidade de vida.

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As técnicas de reconstrução mamária

Segundo Luís Maatz, há vários tipos de reconstrução mamária, que vão utilizar diferentes técnicas. Veja quais são a seguir! 

Veja quais são as técnicas de reconstrução mamária
Veja quais são as técnicas de reconstrução mamária - FreePik

Reconstrução com prótese de silicone

Indicada principalmente para mamas pequenas e médias. “A vantagem deste método é que a recuperação é mais rápida. O tempo de internação hospitalar médio é 24 a 48 horas após a cirurgia, e o retorno às atividades ocorre em até 4 semanas”, diz.

Expansor de mama

Normalmente, é realizada como uma etapa intermediária em cirurgias em que houve retirada de pele durante a mastectomia. De acordo com o médico, o expansor funciona como uma prótese vazia, ou parcialmente cheia, que é progressivamente preenchida com solução salina pelo cirurgião.

“Após atingir o volume desejado, o expansor é substituído por uma prótese de silicone. Por isso, essa é uma opção vantajosa para mulheres que querem aumentar as mamas”. Na cirurgia inicial, o tempo médio de internação é de 24 a 48 horas, e o retorno às atividades acontece em até 4 semanas.

Retalho do músculo grande dorsal

O médico utiliza esse músculo das costas com uma porção de pele. Na maioria dos casos, é necessário associar uma prótese de silicone para dar volume à mama. Porém, pacientes com excesso de tecido nas costas podem não precisar da prótese. “Já a cicatriz é estrategicamente planejada para ficar nas costas, escondida pelo sutiã, top ou biquíni”.

Retalho do músculo reto abdominal (TRAM)

Maatz revela que essa é a técnica mais sofisticada, já que resulta em uma mama com aspecto mais natural e com maior consistência ao toque. “Ocorre ainda a ressecção do tecido abdominal excedente, principalmente após uma gestação, melhorando o contorno da barriga. Além disso, a cicatriz fica discretamente na região inferior do abdome”, afirma.

Enxerto de gordura

Um dos métodos mais populares, ele permite a reconstrução total de mamas pequenas, a melhora do aspecto da pele danificada pela radioterapia, a correção de defeitos após outros tipos de reconstrução, entre outras vantagens.

“Por estas e outras razões, o enxerto de gordura é comumente indicado em alguma etapa da reconstrução mamária, além de resultar em cicatrizes mínimas e no retorno rápido à vida normal”, explica Maatz.

“Vale lembrar que a mulher pode passar por um período de ajuste emocional após a cirurgia. Assim como é preciso se adaptar à perda de uma mama, também é necessário tempo para se acostumar com os seios reconstruídos. Em muitos casos, a terapia sexual ajuda a normalizar este novo cenário”, diz Claudia, que alerta ainda sobre a importância de a paciente alinhar suas expectativas com a equipe médica para garantir que a reconstrução mamária atenda aos seus anseios.

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