O lipedema vai além do acúmulo de gordura: hormônios como estrogênio e cortisol influenciam seus sintomas e progressão
O lipedema é uma condição crônica que afeta predominantemente mulheres, caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura subcutânea, especialmente nas pernas e, ocasionalmente, nos braços. Essa gordura é diferente da obesidade comum, pois não responde a dietas e exercícios tradicionais. As causas do lipedema estão intimamente ligadas a alterações hormonais, como as que ocorrem durante a puberdade, gravidez e menopausa, fases em que o corpo feminino passa por variações importantes nos níveis hormonais.
O estrogênio, hormônio essencial para o desenvolvimento das características femininas, tem papel central no aparecimento e progressão do lipedema. Ele influencia o armazenamento de gordura, especialmente em áreas como quadris e coxas, e nas fases de maior variação hormonal, muitas mulheres percebem o início ou o agravamento dos sintomas. Isso ocorre porque o aumento da sensibilidade dos tecidos ao estrogênio favorece o acúmulo de gordura de forma desproporcional, contribuindo para a dor, sensibilidade e edema típicos dessa condição.
Além do estrogênio, outros hormônios, como a insulina e o cortisol, também são fundamentais para o desenvolvimento do lipedema. A insulina, que regula a glicose no sangue, pode agravar a deposição de gordura e a inflamação nos tecidos subcutâneos. Já o cortisol, o "hormônio do estresse", intensifica a inflamação e a retenção de líquidos, o que piora os sintomas. Mulheres que enfrentam altos níveis de estresse ou têm resistência à insulina podem observar uma piora significativa no quadro.
Nos estágios mais avançados, o lipedema pode ser acompanhado por fibrose tecidual – um endurecimento do tecido adiposo – que torna o tratamento ainda mais desafiador. Esse quadro também é influenciado por desequilíbrios hormonais e reforça a necessidade de abordagens terapêuticas específicas, uma vez que o tecido gorduroso doloroso típico do lipedema é resistente às intervenções convencionais.
O manejo do lipedema deve ser multidisciplinar, abrangendo desde terapias físicas, como drenagem linfática, até intervenções médicas para o controle hormonal. Embora a condição não tenha cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem controlar os sintomas e retardar sua progressão.
Reconhecer a conexão entre o lipedema e as alterações hormonais é essencial para que as pacientes possam buscar um tratamento personalizado, com acompanhamento especializado, a fim de equilibrar os fatores hormonais envolvidos e melhorar a qualidade de vida.