A doença pulmonar obstrutiva crônica pode afetar gravemente a respiração, conheça seus principais sintomas, diagnósticos e opções de tratamento
Publicado em 10/09/2024, às 10h00
Você já ouviu falar em Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC? Essa condição é mais comum do que imaginamos e pode afetar significativamente a qualidade de vida. Mas o que exatamente é a DPOC?
AnaMaria conversou com o médico Wandilson Júnior, que fala mais sobre a doença, seus sintomas e como cuidar de sua saúde para uma melhor qualidade de vida. Confira:
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória crônica caracterizada pela obstrução persistente das vias aéreas, o que dificulta a respiração. Esse bloqueio do fluxo de ar ocorre devido à inflamação e destruição das estruturas pulmonares, levando a sintomas como tosse, produção excessiva de muco e falta de ar. A DPOC é uma doença progressiva, o que significa que, se não for adequadamente gerida, os sintomas tendem a se intensificar com o tempo.
A principal causa da DPOC é o tabagismo. Fumar cigarro é responsável por uma grande parte dos casos, pois as substâncias químicas presentes no fumo danificam os tecidos pulmonares e promovem a inflamação crônica.
No entanto, outros fatores também desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. A exposição prolongada à poluição do ar, gases tóxicos e fumaça de fogão a lenha pode contribuir significativamente para o surgimento da DPOC. Essas substâncias irritantes causam danos semelhantes aos do fumo, acelerando o processo de obstrução das vias aéreas.
"Apesar se ser extremamente prevalente, sendo a quinta principal causa de óbitos no Brasil, a DPOC ainda é uma doença pouco conhecida", aponta Wandilson.
Muitas pessoas não reconhecem os sinais iniciais ou não procuram tratamento até que a doença esteja em um estágio mais avançado. O conhecimento sobre a DPOC e a conscientização sobre seus fatores de risco são cruciais para a prevenção e o tratamento eficaz da condição.
Os sintomas mais comuns da DPOC incluem dispneia (falta de ar), tosse crônica e produção excessiva de muco. Esses sinais são mais do que meros incômodos; eles podem transformar atividades cotidianas em desafios significativos.
A falta de ar, por exemplo, pode tornar tarefas simples, como tomar banho, vestir-se ou subir escadas, extremamente difíceis. A tosse crônica, muitas vezes acompanhada de expectoração abundante, pode ser constante e cansativa, interferindo no bem-estar geral do paciente.
Essa produção excessiva de muco, típica da DPOC, não só agrava a tosse, mas também pode causar desconforto e dificuldade para respirar. Esses sintomas combinados fazem com que a realização de atividades diárias seja extremamente desgastante, obrigando muitos pacientes a adaptar seu estilo de vida para evitar esforços que possam desencadear crises respiratórias.
"Isso não só limita a mobilidade do paciente, mas também pode afetar significativamente sua capacidade de manter um emprego, por exemplo, especialmente em trabalhos que exigem esforço físico. O impacto cumulativo dessas limitações pode levar ao isolamento social e à redução da qualidade de vida", afirma o especialista.
Esse esforço constante para respirar e o medo de uma falta de ar súbita podem fazer com que os pacientes evitem sair de casa ou participar de atividades sociais. Esse isolamento pode resultar em sentimentos de solidão e depressão, agravando ainda mais a sensação de incapacidade e baixa qualidade de vida.
O diagnóstico da DPOC é estabelecido por meio de uma avaliação clínica que considera os sintomas apresentados e o histórico de exposição a fatores de risco, como o tabagismo.
"O exame de espirometria é fundamental e obrigatório para confirmar o diagnóstico, pois mede a capacidade respiratória e o grau de obstrução das vias aéreas, ajudando a determinar a gravidade da doença e, por consequência, o tratamento mais indicado", afirma ele.
O tratamento dessa doença envolve geralmente o uso de broncodilatadores, que são medicamentos inalatórios projetados para dilatar os brônquios e facilitar a respiração.
Esses medicamentos ajudam a aliviar os sintomas e a melhorar a capacidade respiratória dos pacientes. Para casos mais graves da doença, é recomendada a terapia tripla, que combina três princípios ativos diferentes em um único dispositivo. Essa abordagem proporciona um controle mais eficaz dos sintomas, oferecendo uma solução mais abrangente para o manejo da DPOC.
Embora a DPOC não tenha cura, os tratamentos disponíveis têm o potencial de desacelerar a progressão da doença, controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco de crises agudas.
Além disso, as terapias de dupla broncodilatação, que combinam diferentes broncodilatadores em um único dispositivo, já estão disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Recentemente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) realizou uma Consulta Pública visando considerar a inclusão de novas opções de tratamento no SUS" conta Alexandre.
A expectativa é que as terapias triplas em dispositivo único sejam incorporadas ao SUS, o que ampliaria as opções terapêuticas disponíveis e facilitaria a adesão ao tratamento. Essa inclusão poderia oferecer uma abordagem mais integrada e conveniente para o manejo da DPOC, beneficiando ainda mais os pacientes com acesso a tratamentos avançados e eficazes.
Mudanças no estilo de vida desempenham um papel crucial no manejo da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Parar de fumar é a medida mais importante, uma vez que o tabagismo é o principal fator de risco para a doença, assim como é a exposição prolongada a poluentes ambientais, como a fumaça de fogão a lenha, gases tóxicos e poeiras ocupacionais
Além disso, a prática regular de atividades físicas e a adoção de uma dieta balanceada são essenciais para melhorar a capacidade pulmonar e a qualidade de vida dos pacientes. Essas abordagens não farmacológicas ajudam a fortalecer os pulmões, melhorar a resistência física e a reduzir os sintomas.
A promoção da conscientização sobre os riscos associados a esses agentes, bem como a adoção de hábitos saudáveis, são estratégias-chave na prevenção da DPOC.
Incentivar a adoção de um estilo de vida saudável, que inclui uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, não só ajuda a prevenir a DPOC, mas também a melhorar o manejo da condição em pessoas que já foram diagnosticadas. Essas medidas contribuem para a manutenção da saúde pulmonar e para uma vida mais ativa e de melhor qualidade.
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