No cenário atual de condições climáticas extremas, horário de verão em 2024 pode ajudar a reduzir a demanda de energia elétrica ao final da tarde
Com a aproximação do verão e a crescente demanda por aparelhos de ar-condicionado, que subiu 83% no Brasil, o debate sobre a reinstauração do horário de verão em 2024 voltou a ganhar força.
A medida, extinta em 2019 no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi suspensa com o argumento de que não gerava economia significativa de energia elétrica no horário de pico.
No Ministério de Minas e Energia (MME), há dois fatores impulsionando a discussão sobre o retorno do horário de verão em 2024. O primeiro é o ajuste nos relógios, visto como uma possível estratégia para otimizar o uso dos recursos do sistema elétrico.
Conta de luz mais cara: entenda o que é bandeira vermelha e por que ela voltou após 3 anos
Essa medida poderia ajudar a equilibrar a demanda energética durante o final da tarde, período em que a geração por fontes intermitentes, como eólica e solar, diminui. Apesar disso, estudos técnicos indicam que o impacto do horário de verão sobre o consumo de energia é limitado.
O uso de ar-condicionado, por exemplo, não seria afetado de forma significativa, nem o de lâmpadas modernas, que são mais eficientes. Mesmo assim, em situações de crise energética, a medida não é descartada como um recurso adicional.
O setor de turismo, junto a bares e restaurantes, também pressiona pelo retorno do horário de verão em 2024, que pode aumentar o consumo nesses estabelecimentos.
A decisão sobre o retorno do horário de verão não será apenas do MME, mas também do Palácio do Planalto. No ano anterior, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou a reinstauração, mas as condições favoráveis dos reservatórios hídricos e a maior disponibilidade de energia renovável no país levaram à sua rejeição.
A ideia do horário de verão nasceu no século 18, quando Benjamin Franklin sugeriu que acordar mais cedo poderia aproveitar melhor a luz natural e economizar velas. Sua implementação oficial aconteceu na Alemanha e na Áustria-Hungria em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, para economizar carvão.
Hoje, cerca de 70 países, em sua maioria no Hemisfério Norte, adotam essa política. No Brasil, o horário de verão foi implementado pela primeira vez em 1931, durante o governo Getúlio Vargas, e passou por períodos de interrupção e retomada até ser abolido definitivamente em 2019.
Chuva preta? Entenda o que aconteceu no RS; causa é mesma do "sol laranja"
A evolução das tecnologias e o comportamento do consumo energético ao longo dos anos reduziram os benefícios que a medida inicialmente oferecia. Atualmente, o debate reflete as mudanças nas condições energéticas globais e locais.
Na Europa, o Parlamento aprovou uma proposta em 2019 para abolir o horário de verão no bloco, mas sua implementação ainda não ocorreu. Nos Estados Unidos, a aplicação da medida depende da decisão de cada estado.
No Brasil, a decisão sobre a reinstauração do horário de verão em 2024 está sob avaliação, levando em conta aspectos técnicos, econômicos e os possíveis impactos sociais da medida.
Leia também:
Dia da Amazônia: 3 curiosidades sobre o bioma que você não conhecia
Queimadas no Brasil: saiba como se proteger da fumaça no tempo seco