Incluir as crianças na organização da casa auxilia na autoconfiança, autonomia e responsabilidade desde a infância; veja a lista de tarefas domésticas por idade
Publicado em 12/09/2024, às 18h00
Manter a casa organizada pode parecer uma missão impossível e para quem tem crianças, o desafio é ainda maior. Brinquedos espalhados, livros abertos pelo chão e lençóis revirados na cama: esses sinais indicam um pequeno morador em pleno desenvolvimento e fazem parte da rotina de muitos pais, que acabam se acostumando com o cenário. A boa notícia é que existe uma forma de mudar essa situação: que tal incluir as crianças na organização da casa? Existem atividades domésticas para cada idade do desenvolvimento infantil.
A partir dos dois a três anos, os filhos já conseguem entender que os brinquedos precisam ser organizados e guardados. “Envolver as crianças nas atividades domésticas desde cedo é uma excelente forma de desenvolver responsabilidades, habilidades práticas e senso de pertencimento dentro do ambiente familiar”, explica a psicóloga obstétrica Marília Scabora, fundadora da Comunidade Tribo Mãe, em entrevista à AnaMaria.
De acordo com a psicóloga, quando permitimos que as crianças ajudem, respeitando as atividades adequadas para cada faixa etária, estimulamos o amadurecimento da autoconfiança dos pequenos. Além disso, ensinamos a importância do trabalho em equipe.
Mais do que uma casa arrumada e um ambiente menos caótico, envolver as crianças nas tarefas também estimula a coordenação motora, o senso de organização e, acima de tudo, a consciência de que todos têm um papel fundamental no lar. “A criança se sente valorizada por contribuir e percebe que suas ações têm um impacto positivo no ambiente familiar, o que reforça o desenvolvimento das habilidades emocionais”, detalha Marília.
Cada momento da vida da criança tem suas próprias particularidades. Por isso, devemos adequar as atividades domésticas por idade. A seguir, Marília recomenda quais tarefas podem ser direcionadas conforme a faixa etária dos pequenos: confira!
2 a 4 anos: nessa faixa etária, as crianças estão em fase de grande curiosidade e gostam de imitar os adultos. Pequenas tarefas como guardar os brinquedos, colocar as roupas sujas no cesto ou ajudar a alimentar o animal de estimação da família, com supervisão, são boas opções. Atividades simples como essas começam a desenvolver o senso de responsabilidade e organização.
5 a 7 anos: nessa idade, as crianças já conseguem realizar tarefas com um pouco mais de independência. Elas podem arrumar a própria cama, ajudar a pôr e retirar a mesa, regar plantas e organizar livros ou brinquedos. Nessa fase, é importante que as atividades sejam vistas como algo divertido e que faça parte de uma rotina leve, para não sobrecarregá-las.
8 a 10 anos: crianças dessa faixa etária já têm mais habilidades motoras e cognitivas, o que permite que assumam tarefas mais complexas, como ajudar em etapas mais simples da preparação de refeições, misturando ingredientes, por exemplo. Elas também podem dobrar roupas, varrer ou aspirar o chão e cuidar de seus próprios materiais escolares. Envolver as crianças no planejamento de suas atividades diárias, como criar listas de tarefas, também é uma ótima maneira de incentivar a autonomia.
A partir dos 10 anos, quando os filhos já são considerados pré-adolescentes, é recomendado que as atividades sejam semelhantes às dos adultos da casa, porém, com supervisão. Eles podem lavar a louça, colocar roupas na máquina de lavar e estendê-las depois, preparar lanches simples e ajudar com a lista de compras de supermercado.
Incorporar as atividades domésticas adequadas para cada faixa etária na rotina das crianças deve ser um processo gradual e positivo. Os pais podem criar um cronograma leve e divertido, utilizando quadros de tarefas ou sistemas de recompensas que não envolvam dinheiro, mas sim elogios e reconhecimento.
A especialista salienta que é fundamental que os pais façam com que essas atividades sejam colaborativas: “A criança deve sentir que está participando de algo importante para o bem-estar da família. Uma dica é integrar as tarefas às brincadeiras e permitir que a criança escolha, em alguns momentos, quais atividades gostaria de realizar. Isso dá a ela senso de controle e promove a iniciativa”.
Marília destaca que oferecer mesada em troca de atividades domésticas pode transmitir a mensagem errada. “Isso pode fazer com que os filhos associem a contribuição familiar a uma transação financeira, ao invés de uma responsabilidade compartilhada por todos os moradores da casa”, esclarece, antes de completar: “O ideal é que as crianças compreendam que fazer parte das tarefas de casa é um dever de todos, e não algo que será recompensado com dinheiro”.
A mesada pode ser introduzida como uma forma de ensinar responsabilidade com as finanças. Contudo, é interessante que ela seja desvinculada das obrigações domésticas. Assim, os pais podem incluir a educação financeira na rotina, enquanto as atividades domésticas são vistas como parte natural da vida em família.
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