A anunciada transição planetária está a exigir de nós um grande esforço como cristãos
Publicado em 10/05/2024, às 08h00
Estamos vivendo momentos difíceis. A anunciada transição planetária está a exigir de nós um grande esforço no sentido de não apenas cuidar do nosso próprio progresso, mas, sobretudo, contribuir, como cristãos e espíritas, para uma sociedade mais fraterna.
E não há como falar em fraternidade enquanto estivermos assistindo a tantas demonstrações de preconceito envolvendo as múltiplas manifestações da criatura humana nessa grande viagem rumo à evolução.
O preconceito deve ser combatido com muita firmeza, tanto pela ótica da moral, como da ciência, pois é, sem dúvida, um sentimento anti-científico, uma vez que cria um conceito antecipado - daí a expressão pré-conceito- de algo que você não conhece.
A ciência pressupõe estudo, verificação, experimento. Como você pode ter um conceito de algo desconhecido e, a partir daí, ter reações negativas em função de uma ideia decorrente de valores e referências não raramente vezes equivocadas?
O antropólogo canadense Ervin Goffman, no livro Estigma, trata do assunto com muita propriedade, começando por essa palavra, estigma, que é uma criação dos gregos antigos para denominar aquelas criaturas que recebiam uma marca, uma cicatriz a ferro, para que não saísse nunca mais da pele aquela nódoa que identificava a pessoa como ladrão, escravo ou seja lá o que for.
Antes de saber quem era, o que pensava, qual a história daquele indivíduo, vinha o estigma e, a partir daí, o preconceito e todas as reações decorrentes de um julgamento equivocado, até porque, todo julgamento é equivocado.
Daí a importância da expressão clássica do evangelho: não julgueis!
O Cristo disse: nenhuma ovelha se perderá do meu rebanho, logo, todos somos irmãos a caminho da luz, a caminho do processo evolutivo, e assim será.
Cada um do seu jeito, cada um no seu tempo, merecendo a compreensão, a tolerância, o respeito e, acima de tudo, a ajuda, porque o fato de nós pregarmos o respeito e a tolerância, o fato de nós defendermos o livre arbítrio e não julgarmos o comportamento alheio, não quer dizer que não haja comportamentos equivocados.
E qual é o comportamento correto? É aquele compatível com a lei de Deus.
E onde está escrita a lei de Deus? Como claramente exposto no livro dos espíritos: na nossa consciência.
A moral até pode mudar no tempo e no espaço, de modo que o que é objeto de aplauso hoje, pode ter sido criticado ontem, e o que é criticado hoje poderá ser aplaudido amanhã, mas nem sempre o que a sociedade aplaude é o mais apropriado para o espírito, que tem por objetivo a libertação dos apelos e das dificuldades da experiência material.
Estamos vivendo momentos em que o consumismo, o imediatismo e o erotismo estão ditando o ritmo da sociedade.
Assistimos a “influenciadores digitais” divulgando as maiores frivolidades e baixarias possíveis, conquistando milhares de criaturas, em especial jovens.
Assistimos em setores das artes e da cultura o esgarçamento do tecido social e da família como conhecemos e valorizamos, e que fique bem claro que não se trata apenas da família convencional formada a partir de um casal heterossexual, mais uma família formada a partir do amor, do respeito, da relação monogâmica e equilibrada, com filhos naturais, adotados, ou até sem filhos, mas com valores e, acima de tudo, muito exemplo.
O momento é grave e exige de nós muita cautela e empenho na tarefa de transformar a Terra em um lugar de paz e fraternidade, a partir do nosso próprio progresso.
É a luta mais difícil, pois o inimigo somos nós mesmos e nossas más inclinações, como descrito no Evangelho.
O caminho é longo, logo, iniciemos o mais cedo possível