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"É possível ser feliz e trabalhar aos 72" diz Paulo Kopenhagen Goldfinger

Mestre chocolateiro mostra que estar ativo promove benefícios que vão além da saúde individual e elenca dicas para que vida e negócio prosperem

por Renata Rode
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Publicado em 25/08/2024, às 15h57

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"Comecei a trabalhar aos 15 e nunca mais parei. A relação com as pessoas e o fato de ser útil alimenta a saúde e a alma" - Divulgação
"Comecei a trabalhar aos 15 e nunca mais parei. A relação com as pessoas e o fato de ser útil alimenta a saúde e a alma" - Divulgação

Uma nova pesquisa divulgada pelo Pew Research Center mostra que os profissionais 70+ são a parcela que mais cresce no mercado de trabalho americano. Sim, dadas as realidades, seja por necessidade - já que em alguns casos a aposentadoria não garante tranquilidade - ou pelo aumento da expectativa de vida essa é uma realidade mundial. Mesmo com a pressão das novas gerações, a experiência de vida e profissional da melhor idade tem e sempre terá seu espaço e alguns empresários brasileiros viram notícia principalmente quando se sobressaem e se mostram resilientes. Esse é o caso de Paulo Kopenhagen Goldfinger, que aos 72 anos, se diz feliz e ativo e declara: "Aposentadoria é uma palavra que não existe em meu vocabulário". 

A trajetória é lendária, já que a herança rica em história e paixão pelo chocolate desde 1925, quando os avós de Paulo migraram da Letônia para o Brasil e fundaram uma das mais tradicionais marcas de chocolate do país permanece. “São mais de 50 anos de expertise na criação de receitas e eu sempre amei o que faço. Tenho orgulho em afirmar que cresci acompanhando a mudança da sociedade e me dediquei a descobrir novos formatos para adaptar sabores que agradem todos os tipos de público. Quem diria que pudesse ser capaz, depois de dois anos de estudos, de produzir um chocolate saudável, gostoso e sem açúcar? Como eu poderia cruzar os braços e não fazer parte disso? Nunca”, conta o especialista que esteve à frente da Kopenhagen até a venda da companhia em 1996 e, depois de um tempo afastado, retomou o trabalho com força total há alguns anos, mesmo sem necessitar de ganho monetário ou por cobranças. "A criação de chocolates é uma arte que está no DNA da minha família há gerações. Posso dizer que o amor foi mais forte e exercer minha função na empresa, levando a tradição adiante, inovando e oferecendo produtos que atendam às necessidades do consumidor moderno virou hoje meu novo propósito", declara.

Em uma entrevista exclusiva à Ana Maria Digital, ele afirmou que sempre sofreu muito mais cobrança por ser parte da família no trabalho do que qualquer outro colaborador. “Comecei a trabalhar aos 15 anos de idade, o que possibilitou que eu transitasse sempre em todos os setores e áreas da empresa, inclusive manutenção e demais. Nunca tive nenhum tipo de favorecimento por fazer parte da família; ao contrário, era muito mais cobrado. Minhas atividades eram sempre mais voltadas à produção, tanto que não tinha escritório, pois passava o dia todo dentro da fabrica”, lembra.

Essa convivência próxima aos colaboradores, deu a Paulo muito mais do que uma lição profissional. “Esta relação tão próxima com os colaboradores foi decisiva em minha vida, porque, como eu passava o dia todos com eles, comecei a me interessar pelo trabalho de cada um, querendo aprender o que eles faziam, porque eles faziam e como eles faziam. Neste processo, me interessei pela alquimia dos ingredientes e mais do que isso, entendi que tinha que estudar, me dedicar, estudar e estudar cada vez mais, para que pudesse atingir o máximo da qualidade no que a empresa se propõe a fazer. No ambiente da fábrica entendi o valor das pessoas, a importância da dedicação a se fazer o que ama e como isso reverbera no resultado de qualquer negócio”, resume.

"É preciso ter propósito e praticar autoamor exercendo seu legado, sempre com humildade, dedicação e resiliência" Foto: Divulgação

O segredo para estar bem e feliz nos 70+

Para o mestre chocolatier e empresário, é preciso entender o que significa trabalhar feliz independente da idade, em primeiro lugar. “É necessário amar o que faz; quando você ama o que faz, o trabalho se converte em prazer. Ter um propósito que engloba trabalhar sempre visando um bem maior, e impactar positivamente o maior numero de pessoas, começando pelos colaboradores diretos e indiretos, fornecedores, clientes, etc, e suas famílias, espalhando bem estar, felicidade e educação”, completa.

Sobre etarismo, o empresário é enfático: “As pessoas mais velhas devem continuar estudando, pesquisando, e, principalmente se atualizando, não só a nível de conhecimento, mas, principalmente a nível de relacionamento pessoal, se interessando pelo que os mais jovens se interessam, agindo no meio de pessoas mais jovens, de forma mais leve, atual, e não ficando presas a um passado que já não existe, e principalmente evitar comparações entre o passado e o presente. Por outro lado, os jovens também precisam ter uma cabeça aberta e entender que os mais velhos também tem algo a contribuir, que é a vivencia e a experiência, coisas que só chegam com a idade”, exemplifica.

Para Paulo, uma palavra quando verdadeiramente aplicada como ação, pode mudar uma vida e é humildade. “Essa é a chave que abre todas as portas. De empresário para empresário eu sempre digo: é vital pensar de maneira coletiva, com a participação de toda equipe, transmitir uma mensagem positiva em relação a tudo, deixando um legado, algo que transcende o ser humano. Quando entendermos que um negócio é muito mais que um negócio, a mágica acontece e o sucesso é apenas reflexo do seu engajamento, da sua dedicação, de seu amor empregado”, ensina.

Aos 72, feliz e repleto de planos, ao fim dessa entrevista tão enriquecedora, ele deixa ainda mais lições quando o questiono sobre quando vai se aposentar. “Sinto que minha missão ainda não está concluída, e talvez nunca esteja; quero construir com toda a equipe, algo muito maior, que traga benefícios para um número cada vez maior de pessoas. É preciso entender que todos sempre tem algo a contribuir e a agregar nas organizações. Eu trabalho por longevidade na vida e no trabalho”.

Quer dicas para longevidade e prosperidade?

Inquieto, sábio, cirúrgico e “apaixonante” (com todo respeito), Paulo Kopenhagen Goldfinger ainda enumera dicas de como estar bem na melhor fase da vida:

-Ame o que faz (no trabalho e no lazer)

-Tenha um propósito em tudo o que faz

-Deixe algo maior que você

-Coletivo sobre o individual, sempre

-Enxergue a vida pelos olhos de uma criança, seja simples

-Pratique a humildade

-Entenda que a idade é só um numero, e que o verdadeiro estado de espirito está na cabeça

-Exercite o amor próprio

-Pratique exercicios físicos

-Mantenha a alegria; acorde feliz; busque ser feliz sempre, e não espere que algo aconteça e te faça feliz, porque isto não irá acontecer

-Tenha foco e confiança em tudo o que fizer: confie e entregue a Deus, sobre todas as coisas

-Mantenha saúde nas relações inter pessoais, elas são a base de tudo: de amigos a colaboradores, enfim, todos os que cruzarem seu caminho.