Cientistas alertam para uma "fase perigosa" da saúde mental dos jovens, marcada pelo aumento significativo de transtornos mentais
Os jovens estão enfrentando uma crise silenciosa? Estudos recentes sugerem que sim. Apesar da melhoria na saúde física da faixa etária entre 12 e 25 anos, a saúde mental dos jovens vem se deteriorando rapidamente, especialmente desde 2010, conforme aponta um relatório da comissão de saúde mental da juventude da revista científica The Lancet Psychiatry. Cientistas alertam para uma "fase perigosa", marcada pelo aumento significativo de transtornos mentais.
Em busca de entender esse cenário preocupante e identificar formas de reversão, AnaMaria conversou com a médica Tâmara Marques Kenski, pós-graduada em Psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina de São Paulo (ISDM-SP), que aborda soluções para melhorar a saúde mental dos jovens.
A saúde mental dos jovens tem sido uma preocupação crescente devido a múltiplos fatores. Um dos principais motivos apontados por Tâmara é o impacto negativo das mídias sociais. O uso excessivo dessas plataformas leva a uma constante comparação com padrões idealizados e uma exposição contínua a informações que podem causar sobrecarga cognitiva.
De acordo com a médica, esse ambiente digital, onde os jovens são bombardeados com imagens e histórias de vidas aparentemente perfeitas, pode exacerbar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e frustração. Além disso, a pressão para se conformar a padrões sociais e a necessidade de estar sempre "conectado" contribuem para um aumento no estresse e na ansiedade.
Outro fator importante é o isolamento social que pode ser intensificado pelo uso de mídias digitais. Embora as redes sociais possam conectar pessoas virtualmente, elas frequentemente substituem interações sociais presenciais, levando a um sentimento de solidão e desconexão real. A falta de fronteiras claras entre o mundo online e offline pode intensificar esse problema, aumentando a sensação de isolamento.
Os jovens também enfrentam uma pressão significativa para atender a expectativas acadêmicas e sociais, o que pode levar a níveis elevados de estresse e ansiedade. A sobrecarga de responsabilidades, combinada com uma autoimagem frequentemente perturbada pelas comparações digitais, cria um ambiente que é mentalmente desgastante e potencialmente prejudicial.
Além desses fatores, Tâmara aponta que mudanças no padrão de sono e alimentação, irritabilidade e uma diminuição no desempenho escolar e nas atividades diárias são sinais claros de uma deterioração da saúde mental. A falta de sono adequado e uma dieta desequilibrada podem agravar os problemas, criando um ciclo vicioso de saúde mental comprometida.
Para melhorar a saúde mental dos jovens, é crucial que pais, educadores e responsáveis adotem uma abordagem proativa e compreensiva. Primeiro, é importante estar atento aos sinais de que um jovem pode estar precisando de ajuda. Sintomas como aumento do estresse, picos de ansiedade, alterações no padrão de sono, irritabilidade, mudanças na alimentação e isolamento social são indicadores importantes de que a saúde mental pode estar em risco.
Tâmara Marques Kenski destaca que uma avaliação médica especializada é essencial para determinar a gravidade dos sintomas e oferecer um diagnóstico preciso. A partir do diagnóstico, o tratamento pode ser adaptado às necessidades individuais do jovem. As opções de tratamento podem incluir psicoterapia, que ajuda a explorar e lidar com as questões emocionais subjacentes, atividades físicas que promovem o bem-estar geral e mudanças no estilo de vida, como a redução do tempo de tela e a promoção de uma rotina de sono saudável.
Em alguns casos, a medicação pode ser necessária, especialmente se houver um diagnóstico de condições como ansiedade ou depressão. O tratamento medicamentoso deve ser cuidadosamente monitorado por um profissional de saúde para garantir que seja eficaz e que os efeitos colaterais sejam gerenciados adequadamente.
Além das intervenções profissionais, é fundamental criar um ambiente de apoio emocional em casa e na escola. Incentivar os jovens a se engajar em atividades que eles gostem, promover um diálogo aberto sobre suas preocupações e oferecer suporte emocional são passos importantes para ajudar a reduzir a pressão e a carga emocional. Manter uma comunicação saudável e encorajar a busca de ajuda quando necessário pode fazer uma diferença significativa na melhoria da saúde mental dos jovens.
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