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Síndrome do bebê sacudido: conheça o perigo invisível e as consequências devastadoras

Desvende a síndrome do bebê sacudido, uma ameaça silenciosa que tem efeitos profundos e que podem mudar a vida do seu bebê

Beatriz Caroline Men
por Beatriz Caroline Men

Publicado em 13/08/2024, às 12h00

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Síndrome do bebê sacudido: conheça o perigo invisível e as consequências devastadoras - Freepik
Síndrome do bebê sacudido: conheça o perigo invisível e as consequências devastadoras - Freepik

A síndrome do bebê sacudido é uma ameaça oculta que pode ter repercussões devastadoras na vida de uma criança. Este transtorno ocorre quando um bebê é sacudido com força, frequentemente impulsionado por frustração ou exaustão por parte de um cuidador. Apesar de muitas vezes ser um ato não intencional, o impacto dessa ação pode causar lesões cerebrais graves e irreversíveis.

AnaMaria conversou com o neurocirurgião pediátrico Alexandre Casagrande Canheu, que conta mais sobre a síndrome do bebê sacudido e os riscos e danos que ela pode trazer para seu filho. 

A síndrome do bebê sacudido pode causar danos irreversíveis na vida das crianças
A síndrome do bebê sacudido pode causar danos irreversíveis na vida das crianças - Freepik

Entenda a síndrome do bebê sacudido

A síndrome do bebê sacudido é uma condição crítica que representa um grave risco à saúde neurológica das crianças. Quando um bebê é sacudido com força, o resultado pode ser devastador, causando uma tríade clássica de lesões:

  • Encefalopatia aguda: a encefalopatia aguda é o resultado do impacto repetido e da movimentação brusca do cérebro dentro do crânio, que causa lesões neuronais e uma resposta inflamatória no tecido cerebral;
  • Hematoma cerebral: quando um bebê é sacudido com força, a aceleração e desaceleração bruscas podem romper vasos sanguíneos no cérebro, levando ao acúmulo de sangue e formação de um hematoma;
  • Hemorragia retiniana: no caso da síndrome do bebê sacudido, a força do sacudimento pode fazer com que a retina se descole ou sofra rupturas nos vasos sanguíneos, resultando em hemorragia.

"Os riscos incluem lesões cerebrais agudas graves, com sequelas e comprometimento cognitivo e motor para o resto da vida ou até mesmo o óbito. A lesão retiniana pode levar a cegueira, hematoma cerebral, pode precisar de cirurgia e causar crises convulsivas e todas as sequelas de uma lesão cerebral grave" afirma Alexandre. 

O problema surge porque os bebês têm a cabeça desproporcionalmente grande em relação ao corpo e um controle cervical ainda em desenvolvimento.

Quando são sacudidos para frente e para trás, essa movimentação exagerada faz com que o cérebro, que está relativamente solto dentro do crânio, colida contra as paredes do osso craniano. Esse deslocamento pode causar hematomas cerebrais e hemorragias retinianas, gerando uma série de complicações neurológicas severas.

Riscos desconhecidos

Embora muitas pessoas possam ver o ato de jogar uma criança para cima ou sacudi-la como uma forma inofensiva de diversão, essas ações podem ter consequências graves para a saúde de um bebê, especialmente para aqueles com menos de um ano.

A compreensão dos riscos associados a esses comportamentos é crucial para garantir a segurança dos mais jovens e evitar lesões potencialmente devastadoras.

"É difícil falar sintomas mais comuns, não é algo que passa despercebido, está relacionado a alguma situação em que a criança foi chacoalhada. Uma movimentação exagerada causa uma hemorragia cerebral ou em casos em que a criança é constantemente abusada", aponta ele. 

Sacudir um bebê, mesmo que aparentemente de forma gentil, pode causar sérios danos. 

Essas lesões são o resultado de forças de aceleração e desaceleração rápidas, que o cérebro imaturo do bebê não consegue suportar. Além disso, o sacudimento pode também afetar negativamente a coluna cervical e causar fraturas nas vértebras, aumentando ainda mais o risco de danos.

Quando um bebê está chorando, é natural que os pais e cuidadores se sintam ansiosos para acalmá-lo. No entanto, é vital adotar métodos seguros para lidar com essa situação.

Em vez de sacudir ou realizar movimentos bruscos, os cuidadores devem focar em técnicas mais suaves e seguras, como pegar a criança no colo com cuidado, balançar suavemente em um ambiente calmo ou usar um carrinho de bebê para acalmar o bebê.

A chave é evitar qualquer ação que possa causar aceleração ou desaceleração abrupta, pois isso pode resultar em lesões graves.

Não balance o seu bebê, mesmo que para o fazer parar de chorar
Não balance o seu bebê, mesmo que para o fazer parar de chorar - Freepik

Abordagem médica

Segundo Alexandre, quando se trata de identificar e tratar casos de abuso infantil, como a síndrome do bebê sacudido, a abordagem médica deve ser cuidadosamente coordenada e multidisciplinar.

A complexidade dos danos envolvidos requer a colaboração de diversos especialistas para garantir um diagnóstico preciso, um tratamento eficaz e a proteção adequada da criança.

O processo começa com uma avaliação médica minuciosa. Quando um médico suspeita de síndrome do bebê sacudido, ele solicita uma série de exames para confirmar a presença de lesões características.

Tomografias computadorizadas (TC) e ressonâncias magnéticas (RM) são realizadas para detectar hematomas cerebrais e outros danos internos. Essas imagens oferecem uma visão detalhada das lesões no cérebro, permitindo aos profissionais de saúde avaliar a gravidade do trauma.

Além disso, um oftalmologista é frequentemente chamado para realizar uma avaliação do fundo de olho da criança. A presença de hemorragia retiniana, um sinal comum de abuso físico, pode ser identificada durante esse exame.

A detecção precoce de lesões oculares é crucial, pois pode confirmar a suspeita de síndrome do bebê sacudido e fornecer informações adicionais sobre o tipo e a extensão do trauma.

Atenção para os cuidadores

O estresse é uma realidade comum na vida dos pais, especialmente em períodos de alta demanda e desafios contínuos na criação dos filhos.

No entanto, quando o estresse não é gerenciado adequadamente, pode afetar não apenas o bem-estar dos pais, mas também a saúde e o desenvolvimento das crianças.

Buscar ajuda profissional, seja de médicos ou terapeutas, é um passo crucial para manter a saúde mental dos pais e, consequentemente, proporcionar um ambiente familiar mais equilibrado e saudável.

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