O uso incorreto e irrestrito pode comprometer para sempre a saúde de crianças e jovens. É preciso cuidado!
Durante a pandemia, várias famílias se viram aflitas por não poderem dividir a atenção com seus filhos em razão das atividades do trabalho e afazeres domésticos. Esse desafio, muitas vezes, foi vencido com a autorização dos pais para a utilização de equipamentos eletrônicos, como videogames, tablets e celulares.
A grande questão é que, para utilização dessas tecnologias, a maioria dos jovens adotou os fones de ouvido como principal aliado para não interromper reuniões dos pais ou mesmo para “entrar” em um ambiente sem barulhos ou incômodos.
Ainda há a questão das aulas remotas, em que crianças e adolescentes foram submetidos ao uso do equipamento por várias horas. Atualmente, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma em cada quatro pessoas viverá com algum grau de perda auditiva até 2050.
A estimativa é de que esse risco atinja 50% da população entre 12 e 35 anos de idade, com perda de audição cumulativa provocada pelos novos hábitos. Ao contrário do que muita gente pensa, a lesão irreversível provocada por altos volumes e quantidade acima da média da utilização pode ser imediata e não necessariamente depois de muito tempo de exposição.
E as consequências para esse distúrbio são gravíssimas, como o impacto imediato na linguagem, na comunicação, no desenvolvimento acadêmico, bem como no trabalho e manutenção de relacionamentos saudáveis. Também está associada à aceleração da perda cognitiva.
“Por conta disso, é importante perceber alguns sinais que possam demonstrar esse distúrbio em crianças e jovens. Dentre eles, destaco a dificuldade de compreender palavras, especialmente na presença de ruídos, baixo desempenho escolar, audição com zumbidos sem razão aparente e dificuldade de concentração.”, afirma Fernando Balsalobre, otorrinolaringologista especialista nas doenças do ouvido, que reitera a importância da prevenção como a principal forma de evitar esse tipo de lesão.
Do ponto de vista clínico, os headphones (em formato de concha) são mais indicados do que os intra-auriculares (ear-buds), uma vez que o som chega um pouco mais distante da membrana do tímpano.
Além disso, é importante não compartilhar nenhum tipo de fone de ouvido com ninguém, uma vez que se trata de dispositivo individual. Faça a limpeza com um pano macio ou papel higiênico e um pouco de álcool, assim você removerá a sujeira visível e invisível acumulada.
“Dessa forma, podemos evitar contaminação e eventuais infecções que o compartilhamento desses dispositivos possam causar”, ressalta o especialista.
“Caso seu ouvido esteja dolorido, interrompa o uso do fone e procure ajuda com um otorrinolaringologista. Pequenas lesões causadas principalmente pelos fones de inserção acabam funcionando como porta de entrada para bactérias, causando infecções dos ouvidos”.
Uma das coisas importantes a serem consideradas ao usar fones de ouvido é que eles são ajustados para um volume máximo de 105 a 110 decibéis. Para referência, a exposição a níveis de som acima de 85 decibéis (igual a um cortador de grama, por exemplo) pode causar possíveis danos aos ouvidos por mais de duas horas seguidas.
Já a exposição a sons de 105 a 110 decibéis pode causar danos em apenas cinco minutos. Para entender essa numeração de forma mais prática é simples: se a pessoa ao seu lado escutar o som do seu fone de ouvido, seu volume está muito alto. Se alguém te chamar com a voz natural e você não ouvir, o volume também está alto demais.
“Se o volume está acima dos 60% do máximo da potência do equipamento, o som está provavelmente muito alto (vários aparelhos permitem que você ajuste as configurações para que haja um limite no volume máximo). Além disso, use os fones de ouvido por, no máximo, quatro horas por dia, fazendo intervalos regulares. Por exemplo, a cada hora, faça pelo menos 15 minutos de descanso sem eles.
E não menos importante, garanta a ventilação dos canais auditivos, durante esse tempo. Sim, eles também precisam respirar, já que a umidade provocada pelo abafamento pode levar a infecções e otites”, finaliza o especialista.