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"Gabriela", de Jorge Amado, ganhou performance LGBT+ em "Renascer"

Apresentação da drag queen Bianca DellaFancy no casamento da Buba promoveu a diversidade e consolida TV Globo como pioneira em inclusão

por Renan Pereira, colunista de Ana Maria Digital

Publicado em 13/08/2024, às 17h32

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Bianca DellaFancy canta "Gabriela" - Divulgação
Bianca DellaFancy canta "Gabriela" - Divulgação

Nos últimos anos, a diversidade vem entrando com força total na teledramaturgia brasileira. Se há 20 anos, Taís Araújo abria espaço como a primeira atriz negra a protagonizar uma novela global, em “Da Cor do Pecado”, hoje, temos uma série de telenovelas com protagonistas negros. “Vai na Fé” e “Cara e Coragem” são algumas das mais recentes. Já no que diz respeito ao universo LGBTQIAPN+, também estamos testemunhando avanços. 

O mais recente é o núcleo da personagem Buba (Gabriela Medeiros), de “Renascer”, que se casou na última semana com José Augusto (Renan Monteiro). Nunca nas telenovelas uma personagem trans teve um núcleo com amigos ou amigas. Geralmente, essas personagens estão sozinhas, isso quando não são marginalizadas ou caricaturadas como alívio cômico.

"Ao apresentar à família brasileira um núcleo que incluiu uma mulher trans (a Maitê, de Gabriela Loran), uma travesti (a Natasha, de Galba Gogoia) e uma drag queen (o Jorge/Janaína, de Bianca DellaFancy), 'Renascer' faz algo inédito no universo das telenovelas: apresenta uma narrativa em que a personagem trans é amparada, tem uma rede de apoio e com amigas trans/queer que são bonitas e bem-sucedidas, sem contextos de dor ou de marginalização", afirmou o pesquisador e especialista em TV, Mário Camelo.

“Renascer” ainda trouxe para o destaque uma trama emocionante em que os pais de Buba (os ótimos Malu Galli e Guilherme Fontes) reconhecem os erros do passado ao terem rejeitado sua filha, pedem perdão e buscam reparar todo o dano causado pelos seus atos transfóbicos. A novela também apresenta o casamento da personagem Buba, uma mulher trans, com toda a pompa e circunstância que qualquer casamento folhetinesco mereceria.

A narrativa foi coroada com a apresentação de Bianca DellaFancy, como Janaína, nesta segunda (12), no casamento da Buba (Gabriela Medeiros). Bianca, uma drag queen negra, persona do multi artista paulistano Felippe Souza, surge montada como a icônica Gabriela de Jorge Amado, e entrega um lipsync que deixa todos hipnotizados nas cenas da festa de casamento, especialmente o Norberto (Matheus Nachtergaele). 

Será que, há 20 anos, poderíamos pensar numa cena de casamento de uma personagem trans em que uma drag queen negra faria uma performance? E que lá estariam os seus pais, as suas amigas, todos convivendo com muito respeito? A telenovela tem uma função primordial de promover entretenimento, mas também informa, educa e mostra que a diversidade é um caminho sem volta e que está presente permanentemente em nossa vidas.