Escritor e autor de novelas consagradas abre o coração em livro inédito e narra episódios de preconceito que sofreu por ser efeminado
Publicado em 30/07/2024, às 14h06
Autor de novelas consagradas no Brasil, como "Senhora do Destino" (2005), "Vale Tudo" (1988) e "Fera Ferida" (1993), Aguinaldo Silva abre o coração em uma autobiografia publicada recentemente pela Editora Todavia. Chamada de "Meu passado me perdoa: Memórias de uma vida novelesca", a obra traz relatos que, de acordo com o próprio autor, eram até então inéditos.
Como, por exemplo, uma insinuação - que fica nas entrelinhas - de um abuso sexual que sofreu quando tinha apenas treze anos de idade, além de uma infância e adolescência repleta de preconceitos e violência, que foram vividos quando o autor se descobria homossexual, em Recife.
As primeiras páginas são de cortar o coração: Aguinaldo relembra que era considerado "feio, pobre e efeminado", e discorre sobre surras que tomava de crianças maldosas do colégio. Também fala de uma traição que sofreu de um professor que ele admirava muito, quando o docente disse ao seu chefe de trabalho que Aguinaldo (com 14 anos) tinha tendência "sodomista" (pessoa que pratica sexo anal) e que, por isso, tinha que ser demitido. O chefe o demitiu e ele foi embora para casa...
É claro que, na casa dos oitenta anos, o autor - que criou personagens que vivem no imaginário popular, como Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) - pode olhar para tudo isso com superação, afinal, ele sobreviveu ao Brasil real e profundo e se tornou uma das grandes personalidades da TV brasileira e cultura popular brasileira.
Apesar disso, não há como romantizar: "Meu passado me perdoa" tem uma dose de dor que pertence particularmente à comunidade gay e, ao dividir conosco suas memórias, Aguinaldo vai novamente de encontro a esta comunidade, assim como fez quando começou a trabalhar no Cais, na Recife do século passado. Livro emocionante! Vale a pena conferir!
Livro: Meu passado me perdoa: memórias de uma vida novelesca
Editora: Todavia
Páginas: 400
Autor: Aguinaldo Silva