“Inclusão não é favor. Inclusão não é que a escola está sendo legal. É um direito. Então, pais e mães de crianças especiais, assim como eu, não esqueçam isso, certo?”
Foi com essas palavras contundentes que Marcos Mion defendeu a inclusão no Criança Esperança. O recado dado pelo apresentador, pai de Romeo, de 16 anos, que faz parte do espectro autista, chegou em um momento de ampla discussão sobre a educação inclusiva.
A importância da inclusão não está apenas no discurso, mas também em atitudes e compreensão. Por isso, além de Mion, a publicitária Cris Viana e a roteirista Lais Pimentel também contam suas experiências e reforçam a relevância de um ambiente acolhedor e inclusivo. Confira!
TRABALHO CONJUNTO
Mãe de Luiza, 12 anos, a publicitária Cris Viana tenta analisar racionalmente sobre a questão: “Quando alguém fala algo que não seja positivo sobre nossos filhos, a tendência é a gente esbravejar. Quando o assunto envolve um tema sensível como a inclusão, a indignação cresce”, comenta.
E ela sabe do que está falando. Sua filha estuda em uma escola inclusiva desde bem pequena. Hoje, lê muito bem e tem vários amigos na turma. “É preciso que as escolas tenham uma atenção grande em relação a como inserir um indivíduo que tem uma velocidade de aprendizado, teoricamente, menor, para que a troca com a turma seja melhor para ambos os lados. O trabalho de inclusão tem que ser feito em conjunto. O olhar e o apoio da família são fundamentais”, afirma.
Profissionais de educação também veem a inclusão como fonte de benefícios para o desenvolvimento e educação de todos os envolvidos, tanto alunos com demandas especiais quanto aqueles que não têm nenhum tipo de transtorno ou síndrome. Para a pedagoga com pós-graduação em Psicopedagogia, Lena Magalhães, a educação é uma troca. “É a construção em cima do que eu tenho e do que você tem. Descentralizamos o saber da mão do professor, e o saber é construído a partir de todos. Então, ninguém atrapalha essa construção e troca. Educação é isso. É trabalhar com o outro, para o outro, a partir do outro”, fala.
AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA
Outro exemplo disso é Francisco, filho da roteirista Lais Pimentel. Já formado no ensino médio, o jovem de 20 anos foi a primeira pessoa com down a completar o curso na Escola Parque, no Rio de Janeiro.
Além disso, fez estágio no Ministério Público Estadual, como parte do projeto MP Inclusivo. “Ter deficiência é uma das características da diversidade humana. Assim como ser negro, não ter pai ou mãe, morar numa comunidade ou ter a língua presa. Não deveria ser uma questão, não deveria ter debate. O Francisco é detentor dos mesmíssimos direitos de uma pessoa que não tem questão alguma”, afirma Lais.
No ano passado, Francisco passou a estudar na FIRJAN SESI, no curso de Assistente Administrativo, custeado pela Subsea 7, uma empresa multinacional de óleo e gás. E ele tem metas: guardar o dinheiro para viajar para Nova York. Além disso, o rapaz já faz questão de contribuir com os custos da casa: “Ele tem bancado o supermercado com seu auxílio alimentação/refeição. O orgulho dele na hora de tirar seus cartões do banco da carteira é enorme. Isso se chama ser ativo, autônomo e independente”, conta a mãe.
Por fim, Marcos Mion reforça a importância da educação de qualidade para todos, independente da circunstância. “Ser pai é realmente um desafio, mas é o que dá sentido na nossa vida. Eu, como pai de uma criança especial que faz parte do espectro autista, meu anjo Romeu, reforço que o lugar de toda criança é na escola”, finaliza.