Acordo comercial entre Latam e Voepass, conhecido como codeshare, é prática comum na aviação
Publicado em 14/08/2024, às 13h25
O acordo comercial entre Latam e Voepass será mantido mesmo após o acidente aéreo em Vinhedo (SP). A tragédia vitimou as 62 pessoas presentes na aeronave, na última sexta-feira (9). Desde então, alguns usuários pressionaram pelo fim da prática.
No entanto, a parceria segue. De acordo com informações publicadas pelo g1, a Latam Airlines confirmou que mantém acordos de compartilhamento de aviões com empresas de todo o mundo. Este é o caso da VoePass, antiga Passaredo, com quem tem negócios desde 2014.
O acordo entre Latam e Voepass é uma prática comum na aviação civil, chamada de codeshare. Na tradução direta, significa código compartilhado. O modelo de negócio, regularizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), permite que uma companhia venda passagens de voos operados por outra empresa.
Desta forma, as cias podem ampliar a malha aérea, incorporando novos trechos às vendas mesmo sem operar voos até o destino final. Foi o que aconteceu entre Latam e Voepass, já que alguns clientes compraram os bilhetes pela primeira, mas embarcaram na aeronave da segunda.
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O codeshare pode ser fechado entre companhias nacionais ou mesmo com empresas estrangeiras. No caso do acordo entre Latam e Voepass, a facilitação ocorre porque uma tem presença maior em grandes capitais e voos internacionais, enquanto a outra tem presença regional e aeroportos menores.
Apesar da negociação feita por uma das empresas, a responsabilidade da operação do voo é da dona da aeronave. De acordo com a própria Latam, a gestão técnica e operacional, incluindo o atendimento aos passageiros nos aeroportos, o próprio voo e as suas eventuais contingências, eram da Voepass.
"Não se trata, portanto, de 'transferência' ou 'terceirização' de operações", explicou a companhia.
A Latam ressaltou que o cliente é informado sobre a companhia responsável pelo voo e qual o modelo de aeronave ainda antes da seleção no site da companhia: "Já no momento da busca pela passagem, antes mesmo do cliente decidir pela compra".
A prática está de acordo com o Art. 5, inciso V, da Resolução ANAC nº 400/2016, que obriga a companhia que negocia a venda dos bilhetes a informar aos passageiros quando um voo é operado em regime de codeshare.
Também é possível identificar pelo código do voo, geralmente formado por uma combinação entre letras e números. Cada companhia tem seu próprio código. A American Airlines, por exemplo, atende pelo início "AA", enquanto a British Airways fica com o "BA".
Latam informa passageiros sobre viagens com Voepass antes da compra de bilhetes
Ainda que as informações sejam disponibilizadas antes da compra, é comum encontrar passageiros que tiveram problemas com a parceria. É o caso de José Felipe, que se confundiu e achou que embarcaria em um avião da Latam, já que comprou a passagem no site da companhia.
Ao perceber a confusão, tentou embarcar na aeronave correta, da Voepass, mas não chegou a tempo. Depois, soube do acidente: "Eu já pesquisei logo para ver se era de Guarulhos, que era o mesmo avião que eu ia embarcar. Aí veio uma reação de alívio que eu senti”.
O mesmo aconteceu com Adriano Assis, de 44 anos, que foi impedido de embarcar por um funcionário. Mais tarde, a frustração de ter perdido o voo deu lugar ao alívio: “É uma sensação muito estranha. Eu perdi o voo, mas, graças a Deus, minha vida hoje está aqui”.
Impressionante o depoimento desse passageiro que não conseguiu embarcar no avião que caiu em vinhedo. #JHpic.twitter.com/MUuGyH6xnB
— Brenno (@brenno__moura) August 9, 2024
O acordo comercial entre Latam e Voepass não é o único. Até 2023, a Voepass também tinha parceria para compartilhamento de suas malhas aéreas com a Gol. Em maio, Gol e a Azul anunciaram o codeshare.