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Deborah Secco revela que sempre procurou um "pai" em seus relacionamentos; entenda esse padrão

O que leva alguém a buscar, repetidamente, figuras semelhantes em seus relacionamentos? Entenda como esse comportamento está ligado à infância

Marina Borges
por Marina Borges
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Publicado em 03/11/2024, às 15h00

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Deborah Secco revela como traumas de infância impactaram seus relacionamentos - Reprodução/GNT
Deborah Secco revela como traumas de infância impactaram seus relacionamentos - Reprodução/GNT

A atriz Deborah Secco recentemente compartilhou um aspecto profundo de sua vida pessoal no programa 'Saia Justa', da GNT: ela revelou que, por muito tempo, buscava um “pai” em seus relacionamentos. Esse padrão comportamental, segundo a artista, foi uma resposta a feridas emocionais deixadas por sua infância, que ela só conseguiu identificar e romper após anos de autoconhecimento. Para ela, essa conscientização trouxe um novo olhar para a importância do autocuidado e da cura emocional para manter relações mais saudáveis e autênticas.

Mas o que leva alguém a buscar, repetidamente, figuras semelhantes em seus relacionamentos? Segundo especialistas, essa tendência pode estar ligada ao conceito de “criança interior” — uma parte do nosso emocional moldada durante os primeiros anos de vida e que, frequentemente, influencia nossas decisões e interações no presente. Essa busca inconsciente por conforto no familiar, mesmo que insalubre, é mais comum do que se imagina e requer um mergulho profundo na autocompreensão para que esses ciclos possam ser transformados.

Infância e a sua influência nos relacionamentos adultos

De acordo com o psicólogo Alexander Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami, nossa infância é um período em que aprendemos as primeiras referências de afeto, segurança e cuidado, ou a falta deles. Esse período, segundo ele, pode gerar “padrões de repetição sentimental” que se manifestam principalmente em relacionamentos. "O passado foi feito para ser ultrapassado, superado”, afirma o especialista, trazendo uma importante reflexão de Freud para esse contexto.

Bez explica que, ao longo da infância, muitas pessoas internalizam padrões emocionais que levam a buscar certas atitudes e personalidades em seus parceiros. “Emoções que remontam a experiências não resolvidas de segurança emocional, medo de abandono e busca por figuras paternas podem trazer à tona repetições que limitam o crescimento emocional e dificultam a construção de relações saudáveis”, diz. Para romper esse ciclo, é essencial compreender as raízes dessas carências emocionais e como elas afetam nossas escolhas.

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A busca inconsciente por conforto no familiar é comum nos relacionamentos - Foto: Freepik

A busca inconsciente pelo familiar

A especialista em autoconhecimento Renata Fornari destaca que o relato de Deborah Secco é um exemplo de como o autoconhecimento pode transformar a maneira como enxergamos nossas próprias emoções. “É comum reproduzirmos, inconscientemente, o ambiente emocional da infância. A ‘criança interior’ busca aquilo que lhe é familiar, mesmo que isso signifique repetir dores e sofrimentos passados”, afirma. Em sua explicação, ela destaca que essa repetição ocorre porque o cérebro interpreta o familiar como seguro, mesmo que esse cenário envolva experiências dolorosas.

Segundo Fornari, é apenas ao desenvolver consciência sobre esses padrões que uma pessoa consegue alterar seu comportamento. Muitas vezes, esse processo exige que a pessoa se questione sobre o papel que cada novo parceiro tem em sua vida, buscando entender se está tentando preencher uma ausência emocional deixada pela infância. A “cura” desse ciclo, ela enfatiza, não reside em encontrar alguém que supra essa carência, mas em fortalecer o amor próprio e cultivar uma nova relação consigo mesma.

Curando a criança interior e rompendo ciclos

Uma das práticas relatadas por Deborah para lidar com esse ciclo foi o trabalho de cura da “criança interior”. Esse conceito se refere à parte de nós que carrega as memórias emocionais da infância e que, muitas vezes, é a responsável por ditar nossos desejos e carências nos relacionamentos adultos. Como destaca Fornari, “o primeiro passo para uma mudança verdadeira é o reconhecimento desses ciclos, compreendendo que estamos recriando nossas primeiras referências de afeto”.

Por meio da terapia e da autorreflexão, Deborah afirma ter identificado essa necessidade de busca por figuras paternas como uma tentativa de compensar feridas emocionais. Ela compartilhou que, ao se conscientizar desse padrão, conseguiu romper o ciclo e, ao invés de buscar externamente o que lhe faltava, passou a focar no desenvolvimento de seu amor próprio. “Ao se libertar do passado e perdoar os envolvidos, que agiram de acordo com seu nível de consciência, é possível se curar”, aponta Fornari.

O papel da terapia e do autoconhecimento

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A terapia é um espaço seguro que ajuda a romper com padrões de comportamento - Foto: Freepik

Para Bez, o processo terapêutico é fundamental para que esses ciclos emocionais sejam compreendidos e, eventualmente, transformados. “Essas sensações de abandono ou de carência são difíceis de serem eliminadas sozinhas. A psicoterapia oferece um espaço seguro para que o indivíduo possa explorar essas memórias e sentimentos, entendendo como a infância moldou suas tendências atuais”, afirma o psicólogo.

Além disso, Fornari reforça que, embora o processo de cura não seja rápido, ele é fundamental para o desenvolvimento emocional. “Muitas vezes, sofremos por conta de padrões que nem sequer percebemos, e isso torna impossível romper com o ciclo. Ao nos conhecermos melhor, conseguimos criar escolhas mais conscientes e estabelecemos relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios”, conclui.

A revelação de Deborah Secco sobre seu padrão nos relacionamentos serve como uma inspiração para aqueles que também sentem que carregam repetições e padrões emocionais de suas histórias de vida. A jornada para romper com esses padrões pode ser longa e desafiadora, mas, como demonstram os relatos dos especialistas, é um processo que pode libertar e transformar.

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