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Ozempic pode ser eficaz no tratamento de vício em álcool e drogas; entenda

Além de sua função no controle da glicemia, o Ozempic tem demonstrado reduzir desejos por substâncias além de alimentos, como álcool e drogas

Marina Borges
por Marina Borges
[email protected]

Publicado em 21/10/2024, às 16h00

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Novo estudo aponta potencial de Ozempic no tratamento de vícios - Divulgação
Novo estudo aponta potencial de Ozempic no tratamento de vícios - Divulgação

Um novo estudo sugere que o Ozempic, medicamento originalmente desenvolvido para tratar diabetes tipo 2 e auxiliar na perda de peso, pode ter um impacto significativo no tratamento de vícios em álcool e drogas. Os pesquisadores descobriram que pessoas com transtornos de uso de álcool que tomavam Ozempic ou medicamentos similares apresentaram uma redução de 50% nos episódios de consumo excessivo, em comparação com aquelas que não utilizavam esses remédios. Além disso, indivíduos com transtorno de uso de opioides que faziam uso desses medicamentos tiveram uma redução de 40% nas taxas de overdose.

Esses achados foram surpreendentes, de acordo com Fares Qeadan, professor associado de bioestatística da Loyola University Chicago e autor principal do estudo. Ele explicou que, embora a equipe esperasse que os medicamentos pudessem influenciar os desejos e o comportamento de busca por recompensas, a diminuição observada em resultados graves para pessoas com transtornos de uso de substâncias sugere um efeito protetor mais amplo do que o inicialmente previsto.

AnaMaria aborda tudo sobre o estudo a seguir, confira.

O que é o Ozempic e como ele funciona?

O Ozempic contém semaglutida, um composto que imita hormônios naturais do corpo responsáveis por regular os níveis de açúcar no sangue e proporcionar sensação de saciedade após as refeições. Ele tem sido amplamente utilizado para tratar diabetes tipo 2 e, mais recentemente, se popularizou como um medicamento para perda de peso.

Além de sua função no controle da glicemia, o Ozempic tem demonstrado reduzir desejos por substâncias além de alimentos, como álcool e drogas. Este novo estudo, que analisou registros de saúde de mais de 1,3 milhão de pessoas com transtornos de uso de substâncias ao longo de oito anos, reforça essas observações.

Estudos preliminares e o potencial de uso do Ozempic no tratamento de vícios

Ao longo da última década, diversos estudos pré-clínicos realizados em ratos e camundongos indicaram que medicamentos como o Ozempic podem reduzir o consumo de álcool e outros comportamentos aditivos. O professor Christian Hendershot, diretor de pesquisa clínica do Instituto de Ciência do Vício da Universidade do Sul da Califórnia, afirmou que há uma crescente quantidade de evidências promissoras de que esses tratamentos podem ser eficazes contra o transtorno de uso de substâncias.

Hendershot acrescenta que os cientistas já sabem há muito tempo que o mecanismo cerebral que regula o comportamento de busca por alimentos está intimamente ligado ao desenvolvimento de vícios em algumas pessoas. Esse mecanismo pode ser responsável pelo efeito do Ozempic e medicamentos similares em reduzir comportamentos aditivos.

Além disso, o médico Lorenzo Leggio, diretor clínico do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA, explicou que, embora ainda não se saiba exatamente como esses medicamentos funcionam no cérebro, há indícios de que eles atuam de forma semelhante no controle de desejos tanto por alimentos quanto por substâncias viciantes.

Ozempic
Estudos indicam que o Ozempic pode auxiliar no tratamento de vícios em álcool e drogas - Foto: Freepik

A saciedade e a redução de comportamentos aditivos

Os medicamentos como o Ozempic são altamente eficazes em induzir a sensação de saciedade, o que explica seu sucesso no tratamento da obesidade. Essa sensação de saciedade pode também estar relacionada à diminuição do uso de substâncias viciantes, conforme sugerido por estudos observacionais. Além disso, é possível que esses medicamentos reduzam o valor de recompensa ou o valor hedônico de alimentos altamente palatáveis e de drogas, conforme sugerido por Christian Hendershot.

Apesar dos resultados promissores, Hendershot alerta que é cedo demais para recomendar o uso do Ozempic como tratamento para vícios. O estudo recente foi baseado em dados observacionais, o que significa que ele não pode provar uma relação de causa e efeito. Para que o uso desses medicamentos seja validado no tratamento de vícios, são necessários mais estudos rigorosos e ensaios clínicos randomizados.

Fares Qeadan, autor do estudo, afirmou que as descobertas fornecem uma direção empolgante para futuras pesquisas sobre como o Ozempic e medicamentos similares podem um dia ser utilizados no tratamento de transtornos de uso de substâncias. Já há ensaios clínicos em andamento que avaliam os efeitos desses medicamentos em pessoas com hábitos de consumo de álcool e outras substâncias. Acredita-se que os resultados futuros trarão mais clareza sobre o papel do remédio no combate ao vício.

Embora o Ozempic tenha sido originalmente desenvolvido para tratar diabetes tipo 2 e ajudar na perda de peso, as novas evidências sugerem que ele pode ter um papel importante no tratamento de vícios em álcool e drogas. No entanto, é importante destacar que, embora os resultados iniciais sejam promissores, ainda é necessário mais pesquisa para validar seu uso como uma opção terapêutica para transtornos de uso de substâncias.

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