Atriz foi agredida por formar par romântico com Marcos Paulo no folhetim
Zezé Motta resolveu abrir o coração e falar sobre as ofensas racistas que sofreu ao longo da carreira, sobretudo durante a novela 'Corpo a Corpo', de 1985. Ao participar do 'Encontro', nesta quinta-feira (17), a atriz contou que nunca se esqueceu da forma como foi ofendida na época por formar par romântico com Marcos Paulo (1921-2012).
"Foi uma loucura, uma surpresa super desagradável para todos nós. Para o autor, para mim, para o Marquinhos. O Marcos Paulo chegava em casa e tinha recados na secretária eletrônica dele. Era aquela época da secretária eletrônica, né? Recados desaforados, revoltados e agressivos dizendo: "Eu não acredito nesse casal, você beijando aquela mulher horrorosa", contou.
Entretanto, teve um caso que marcou a atriz. "Ele [o agressor] falou: 'Ah, se a Globo me obrigasse a beijar essa negra horrível, eu lavaria a boca quando chegasse em casa com água sanitária'", lembrou.
Zezé contou ainda que a novela 'A Próxima Vítima', exibida em 1995, teve papel fundamental para mostrar a valorização das mulheres negras. "Teve uma época em que os atores negros não tinham família. Não tinham pais, não tinham mães, não tinham filhos. Sempre eram serviçais de uma família branca e tal. E, de repente, eu era uma dona de casa, trabalhava fora, tinha marido e dois filhos. Antonio Pitanga era meu marido, Camila [Pitanga] era minha filha... Foi muito incrível. A realização de um sonho. Me senti vencedora de uma luta. Que é essa, a luta que continua: por espaço", destacou.
Em diversos outros papeis que trouxeram as pautas raciais à tona, a artista se emocionou. "Em várias cenas, eu pensava: 'Meu Deus, que pena que não é ficção. Isso acontece no Brasil, a discriminação'", afirmou. sso [as novelas e minisséries] gera uma discussão entre amigos, entre a família. E eu acho que muita gente muda assistindo", defendeu a atriz.