Mônica Martelli refletiu sobre a idade que alcançou seus objetivos pessoais e profissionais, mas existe tempo certo? AnaMaria te explica, confira!
Publicado em 22/04/2024, às 15h53
“Eu inventei uma vida para mim fora do padrão que me foi colocado como correto”, conta a atriz, roteirista e escritora Mônica Martelli ao refletir sobre a idade que alcançou suas realizações pessoais e profissionais. Mas, existe tempo certo, ou melhor, idade certa para alcançar os objetivos?
A atriz dividiu suas impressões sobre o tema, que impacta principalmente as mulheres, em recente palestra que fez. Para ela, crescer ouvindo que existia um único caminho correto para alcançar os objetivos a exigiu muito autoconhecimento e sabedoria.
Isso porque, de acordo com Martelli, socialmente tem-se a idealização de que o correto, por exemplo, é se formar aos 23 anos, trabalhar e, com 28 anos, casar. Então, ter o primeiro filho aos 30 e com 35 anos estar “bem de vida”, com um marido ótimo, morando em uma casa maravilhosa.
Por meio das suas próprias vivências a atriz aprendeu que não é bem assim e está tudo bem. “Eu só tive meu reconhecimento profissional aos 38 anos, tive minha única filha aos 41 anos e eu me apaixonei novamente aos 50 anos. Sim, eu inventei uma vida para mim fora do padrão que me foi colocado como correto”, declarou.
Veja o relato na íntegra:
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Afinal, existe tempo certo para as realizações? Segundo a doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília e Psicóloga Organizacional da LA-BORA! gov, Marília Mesquita Resende, não. Porém, estatisticamente, existem algumas probabilidades de mais sucesso a depender do contexto e da pessoa, por exemplo.
Quando se trata de carreira, alcançar os objetivos em determinados períodos é ainda mais esperado, mas, conforme pesquisadores da área, a realização profissional é um processo dinâmico e subjetivo, e não estático.
Por isso, a especialista destaca que esse fator deriva da avaliação de cada uma sobre a carreira, podendo ser alterada a depender dos eventos da vida. “Os valores e metas das pessoas são dinâmicos, e, consequentemente, a forma como elas perseguem esses objetivos e o significado de realização profissional também mudam ao longo do tempo”, afirma.
De acordo com Resende, como a realização profissional pode ser definida como a percepção de ter alcançado as metas de carreira mais importantes, ou a avaliação positiva de que se está no caminho certo para alcançar tais objetivos, ela se torna uma combinação de parâmetros concretos e a sensação subjetiva de progresso e satisfação na trajetória profissional.
Portanto, não existe idade certa, mas essa relação entre tempo e a consolidação do objetivo varia conforme o espaço que o trabalho ocupa na sua vida, assim como o conteúdo da meta, fatores que podem variar com o passar do tempo.
O relógio para as realizações desperta mais alto para as mulheres. As pressões sociais enfrentadas por elas são resultado de uma interação complexa entre fatores culturais, históricos, econômicos e psicológicos, de acordo com a especialista.
Assim, outros marcos que muitas vezes são datados para as mulheres é o casamento e a chegada dos filhos. Mônica Martelli exemplificou isso, mas, segundo as estatísticas, nesses casos, algumas idades são “ideais”.
Resende explica que o divórcio, por exemplo, é 50% menos provável para alguém que se casa aos 25 anos, em comparação com os 20 anos. “Um estudo revela que casar após os 30 anos é, na verdade, mais arriscado do que casar no final dos 20 anos. A melhor idade para se casar parece estar entre 28 e 32 anos, de acordo com pesquisas”, declara citando a pesquisa "The Best (and Worst) Ages for Couples to Get Married", ou, em tradução livre, "As melhores (e piores) idades para os casais se casarem", da Psychology Today de 2016.
No caso das que planejam ter filhos, há também os fatores biológicos, visto que, o melhor momento para uma mulher engravidar é entre os 18 e 30 anos, pois, após esta faixa de idade, a capacidade reprodutiva começa lentamente a declinar, devido ao envelhecimento e à perda da reserva de óvulos.
Mesmo tendo boas condições de engravidar naturalmente até os 37 anos, alternativas, como o congelamento dos óvulos, estão cada vez mais presentes no planejamento de vida das mulheres.
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Para a doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, a ideia de tempo certo começa a ser desenhada desde cedo. “As meninas muitas vezes são ensinadas a serem gentis, compassivas e preocupadas com a aparência física, enquanto os meninos são encorajados a serem assertivos, competitivos e focados em alcançar o sucesso profissional. Essas normas de gênero podem criar expectativas distintas para homens e mulheres, levando as mulheres a sentir uma pressão maior para se conformar a padrões específicos de comportamento e aparência”, identifica.
Outra questão é a desigualdade de gênero, que ainda persiste na sociedade. “As mulheres frequentemente têm acesso limitado a recursos e oportunidades em comparação com os homens. Isso pode criar pressões adicionais para as mulheres, que podem sentir a necessidade de trabalhar mais arduamente para alcançar o sucesso profissional ou enfrentar barreiras adicionais ao avanço na carreira”, afirma.
Além disso, as múltiplas jornadas impostas a elas cria o desafio de conciliar papéis como a de profissional, esposa, mãe e cuidadora. Isso se reforça com o estresse de cumprir tais tarefas de forma eficiente enquanto enfrentam as expectativas sociais sobre o que significa ser uma "boa" esposa, mãe e profissional.
Para lidar com as pressões sociais para as realizações, Resende lista algumas dicas, confira a seguir:
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