Distinguir a inflamação de um desconforto passageiro é essencial para o tratamento adequado; a seguir, AnaMaria te explica o que é gastrite
Redação Publicado em 20/08/2024, às 19h30
Aquela dor de estômago persistente, acompanhada de desconforto que não melhora com medicamentos comuns para azia e má digestão, pode ser um sinal de gastrite. Contudo, essa condição também pode ser uma reação do organismo a alimentos, bebidas alcoólicas ou medicamentos. Afinal, você sabe o que é gastrite? Trata-se de uma inflamação na mucosa do estômago que pode causar desconforto e dor, mas muitas vezes é confundida com outras condições menos graves, como uma simples dor de estômago.
Diferenciar a gastrite de um desconforto passageiro é essencial para o tratamento adequado, pois a gastrite pode levar a complicações mais sérias, como úlceras, se não for tratada corretamente. Pensando nisso, AnaMaria aborda a seguir o que é gastrite, quais são seus sintomas, suas causas e seus tipos e como distinguir essa condição de uma dor de estômago comum, garantindo que você possa procurar a ajuda médica necessária.
Muitas pessoas perguntam "o que é gastrite?", e AnaMaria te explica em detalhes agora. A gastrite é uma inflamação da mucosa do estômago, que é o revestimento interno do órgão responsável por protegê-lo contra ácidos digestivos. Essa condição pode ser aguda, surgindo de forma repentina e intensa, ou crônica, desenvolvendo-se lentamente ao longo do tempo.
Existem várias causas para a gastrite, como o uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), infecções bacterianas, especialmente pela bactéria Helicobacter pylori, consumo excessivo de álcool, tabagismo, estresse crônico e até algumas doenças autoimunes.
A inflamação associada à gastrite pode levar a sintomas como dor ou queimação no estômago, náusea, vômito, sensação de estômago cheio, e, em casos graves, sangramento gastrointestinal. No entanto, nem todas as pessoas com gastrite apresentam sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico sem exames específicos.
Segundo o gastroenterologista Eric Pereira, membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) e da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN), muitos pacientes chegam frequentemente ao consultório com a frase "Dr., tenho gastrite", referindo-se à dor ou desconforto abdominal. Eles costumam estar com uma (ou várias) endoscopia(s) em mãos e ansiosos, pois já fizeram todo tipo de tratamento, sem melhora.
Porém, o especialista explica que às vezes não é gastrite, mas, sim, refluxo, intolerância alimentar, parasitose ou outras condições que se manifestam de forma semelhante. Sobre alguns quadros que envolvem esse tipo de queixa, o Eric aponta a seguinte relação entre causas e sintomas:
“A gastrite é um termo usado de forma muito equivocada pela maioria das pessoas ao se referirem à dor na parte central do abdome superior, conhecido como epigastro”, explica o médico. Por outro lado, após o resultado de uma endoscopia ou biópsia que indica, de fato, um quadro de gastrite, muitos pacientes ficam confusos por não saberem o que originou a condição.
Agora que você já sabe o que é gastrite, saber distingui-la de uma simples dor de estômago é fundamental, pois o tratamento e as possíveis complicações são diferentes. Enquanto uma dor de estômago pode ser causada por uma ampla gama de fatores, a gastrite implica diretamente em uma inflamação da mucosa gástrica, exigindo cuidados médicos específicos para evitar complicações, como úlceras ou, em casos raros, câncer gástrico.
De acordo com o médico, ascausas da gastrite são inúmeras, como:
Você já sabe o que é gastrite, mas conhece os sinais da doença? Os sintomas da gastrite podem variar em intensidade e duração, mas os mais comuns incluem:
Dor ou queimação na região superior do abdômen: muitas pessoas com gastrite relatam uma dor constante ou intermitente no estômago, que pode piorar ou melhorar após comer;
Náusea e vômito: é comum sentir enjoo, que pode ou não ser acompanhado de vômitos;
Sensação de estômago cheio ou inchaço: mesmo após uma refeição leve, a pessoa pode sentir-se inchada ou com o estômago cheio;
Perda de apetite: o desconforto e a dor podem reduzir o desejo de comer;
Arroto frequente ou gases: a inflamação do estômago pode causar uma sensação de inchaço que leva ao arroto ou à formação de gases;
Indigestão: a sensação de indigestão ou má digestão também é um sintoma comum, muitas vezes confundida com a gastrite.
Esses sintomas podem se manifestar de forma aguda ou crônica, e, em alguns casos, a gastrite pode ser assintomática. É importante que qualquer desconforto estomacal persistente seja avaliado por um profissional de saúde para o diagnóstico correto e tratamento adequado.
A seguir, confira as principais informações acerca de cada tipo de gastrite existente:
A gastrite aguda é temporária e geralmente dura poucos dias. Comumente causada pelo consumo excessivo de álcool, aspirina e anti-inflamatórios, também pode ocorrer após cirurgias extensas, grandes queimaduras e septicemia. O tratamento inclui medicamentos, embora possa ser confundida com dispepsia.
Mais frequente que a aguda, a gastrite crônica pode levar anos para se desenvolver e nem sempre apresenta sintomas clínicos. A endoscopia é necessária para seu diagnóstico. As causas principais são a presença da bactéria *Helicobacter pylori* e a gastrite autoimune. A *H. pylori* é adquirida na infância e pode causar uma inflamação crônica sem sintomas relevantes. A gastrite autoimune afeta geralmente mulheres com problemas de tireoide.
Causada pelo uso de medicamentos tóxicos ao estômago, como anti-inflamatórios, essa forma pode evoluir com sangramento perigoso. A suspensão do medicamento causador da inflamação e o uso de medicações específicas podem tratar a condição.
Rara e provocada por fatores imunoalérgicos, corresponde a apenas 1% dos casos de gastrite. O diagnóstico é feito por biópsia do estômago.
Também rara e sem causa estabelecida conhecida, necessita de biópsia para diagnóstico. O acompanhamento é feito com base nos sintomas apresentados.
Embora o termo "gastrite nervosa" seja amplamente utilizado no dia a dia, ele não possui um respaldo médico formal. Em vez disso, trata-se de uma expressão popular que relaciona sintomas gástricos, como dor e queimação no estômago, a situações de estresse emocional. Na realidade, o estresse pode exacerbar os sintomas de uma gastrite existente ou causar desconforto gástrico em indivíduos com um estômago mais sensível. Porém, isso não significa que o estresse cause uma inflamação real da mucosa gástrica, como ocorre na gastrite verdadeira.
Esses sintomas induzidos pelo estresse, muitas vezes, são confundidos com gastrite devido à semelhança nas sensações, mas o mecanismo subjacente é diferente. O estresse pode afetar o sistema digestivo, aumentando a produção de ácido estomacal e reduzindo a capacidade do estômago de se proteger contra esses ácidos, o que pode resultar em desconforto, mas sem a presença de uma inflamação ou lesão como a encontrada na gastrite diagnosticada clinicamente.
Portanto, é essencial distinguir entre os sintomas relacionados ao estresse e uma gastrite real, pois o tratamento e as abordagens médicas são distintos para cada situação.
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