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Falcão sobre importância de falar de depressão na 3ª idade: ''Se sente desalentado''

Em entrevista à AnaMaria Digital, o cantor do brega fala da campanha do Setembro Amarelo, contra o suicídio e de prevenção à saúde mental

Ives Ferro Publicado em 22/09/2021, às 08h00 - Atualizado em 23/09/2021, às 13h50

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O cantor brega Falcão - Divulgação/Instagram
O cantor brega Falcão - Divulgação/Instagram

Quem nunca conheceu alguém que teve problemas pessoais? É a partir deste questionamento que o cantor Marcondes Falcão Maia, conhecido como Falcão, de 64 anos, comenta sobre a importância de oferecer uma palavra amiga às pessoas próximas, principalmente durante a terceira idade. Apesar de os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicarem aumento no número de depressão entre jovens, não dá para esquecer das pessoas de idade mais avançada.

Ele mesmo conta que, durante o período de quarentena para a prevenção de novos casos da covid-19, teve a ajuda da esposa, Lilian Huertas, e de suas cunhadas, para não “pirar” com as mudanças repentinas. Falcão confessa que chegou a ter um período de tristeza, mas passageiro: “No meu caso não foi tão grave, porque eu já tenho a natureza de ser sempre muito alegre e firme no pensamento positivo”, conta ele à AnaMaria Digital.

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Em um bate-papo alto astral e com muito bom humor, o artista explica o motivo de ter se juntado à campanha do Setembro Amarelo, ao lado da Emotion Tech Polen, para omês de prevenção ao suicídio e cuidados com a saúde mental.

“Naturalmente, o indivíduo mais velho se sente mais desalentado, triste por não ter aquela força física e psicológica para reagir a determinadas coisas. Pode se sentir triste porque perdeu amigos, familiares ou alguma coisa na vida, e temos que dar toda essa força. Estar sempre junto, para ver o que está se passando, já que a maioria é introspectivo e não conversa sobre o que está passando”, alerta ele.

“Mas também tem o outro lado da moeda: se você é jovem e está passando por um período assim, converse com os mais velhos, que aí vem o conselho a partir da experiência de vida. Pode ser uma ajuda importante para você também. A palavra é ajuda mútua”, ressalta.

Para ele, a campanha é essencial para a ajuda de cidadão para cidadão, sem precisar esperar manifestações governamentais serem feitas. Falcão lembra que a depressão é uma das coisas menos acreditadas do ponto de vista do doente. 

“Quem está com problemas ou tristeza, geralmente as pessoas não acreditam. ‘Ah, é mimimi’, ‘basta tomar uma cana, uma cerveja’, mas não é assim”, brinca ele, que completa: “Através do Setembro Amarelo, as pessoas vão se conscientizar que precisam ajudar. Seja com uma palavra amiga, um conforto, e auxiliar na procura da ajuda”.

REDES SOCIAIS
O cantor é ativo na internet e tem diversos perfis nas mais variadas plataformas: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter… Ele garante que faz questão de interagir pessoalmente com os fãs, apesar de contar com a ajuda de uma equipe de assessoria. Ele revela ainda que foi o segundo artista brasileiro a ter um site pessoal, “perdendo” apenas para Gilberto Gil.

“Todas as redes, assim que apareceram, eu sempre fui uma das primeiras pessoas a me inscrever, desde a época do falecido Orkut (risos). Gosto de aparecer, dar palpite e interagir com meus fãs, independentemente do trabalho que a assessoria faz. É o nosso futuro. O artista que pensa que não depende da internet, está errado. Não existe mais uma plataforma física para você vender música, é tudo através da internet”, opina.

INSPIRAÇÃO NATURAL
Embalado por sucessos na música brega como ‘A Volta dos Que Não Foram’, ‘Ô Povo Fêi!’ e ‘Vida de Corno’, Falcão encontrou na comicidade a fórmula perfeita para suas letras. Desde o início da carreira, ele faz questão de acrescentar críticas sociais e políticas nas composições. Segundo o cantor, é importante transmitir seus pensamentos de uma forma didática e engraçada, para chamar atenção do público.

“O artista tem essa função de ensinar para o povo as questões políticas, éticas e sociais. E agora nesse momento nebuloso que a gente vive, é aí que precisa da nossa diretriz. O que eu estou sentindo e pensando, preciso passar através das minhas músicas. E essas que estou escrevendo agora, principalmente na pandemia, são brincadeiras. Qualquer regime e coisa super ruim que está no poder e o povo possa derrubar com a risada é importante. Temos que rir do que está errado, para cair no ridículo. Minha inspiração é muito natural. Não só a literária, mas também musical”, revela.

“QUESTÃO GRAVE”
O cantor de 64 anos, que também está investindo na área da atuação, recentemente se envolveu em uma polêmica na internet. Tudo começou quando a ex-BBB Flaydeu sua opinião sobre as novas vozes nordestinas, evidenciando os talentos mais atuais, e “esqueceu” de milhares de outros artistas como Luiz Gonzaga, Fagner, Zé Ramalho, Alceu Valença, Caetano, Gil, Gal, Bethânia, Raul Seixas, entre outros nomes marcantes da MPB.

“Não acho que estejam esquecendo, mas a maioria não conhece. É uma questão grave do Brasil, a educação. Fiquei chateado porque ela falou como se não existisse aqueles grandes nomes que fizeram e fazem a música nordestina, que é grande parcela da música brasileira. Não sou muito de responder diretamente, mas naquele caso achei necessário”, explica.

“Existe um trabalho que foi feito arduamente por diversas pessoas. Não é saudosismo, dou valor às coisas novas também, se forem boas. Não tenho nada contra a Flay, até porque não conheço nada sobre o trabalho dela. Estou defendendo que no Brasil falta muita educação, principalmente a artística”, conclui Falcão.