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Você sofre de enxaqueca? Conheça os tipos, tratamentos e como se cuidar

Descubra tudo sobre enxaquecas: conheça os diferentes tipos, tratamentos eficazes e dicas de autocuidado para aliviar os sintomas

Beatriz Caroline Men
por Beatriz Caroline Men

Publicado em 29/10/2024, às 13h00

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Você sofre de enxaqueca? Conheça os tipos, tratamentos e como se cuidar - Foto: Ketut Subiyanto
Você sofre de enxaqueca? Conheça os tipos, tratamentos e como se cuidar - Foto: Ketut Subiyanto

A enxaqueca é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, causando não apenas dor intensa, mas também um impacto significativo na qualidade de vida.

Caracterizada por episódios recorrentes de dor de cabeça, muitas vezes acompanhados de náuseas, sensibilidade à luz e ao som, essa condição pode ser debilitante. Apesar de sua prevalência, a enxaqueca ainda é cercada de mitos e desinformação, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento adequados.

Por isso, AnaMaria conversou com o médico Lucas D’Andréa Pereira Sousa, que nos conta sobre os diferentes tipos de enxaqueca, as opções de tratamento disponíveis e estratégias de autocuidado que podem ajudar aqueles que sofrem com essa condição a encontrar alívio e viver de forma mais plena.

O que é a enxaqueca? 

A dor de cabeça, ou cefaleia, é um sintoma comum que pode surgir em diversas situações, variando de problemas simples a condições mais sérias. Em contraste, a enxaqueca é uma condição neurológica específica, resultante de uma disfunção nas vias cerebrais que regulam a dor, sendo a cefaleia seu principal sintoma.

As cefaleias podem estar ligadas a uma variedade de problemas de saúde, desde distúrbios temporários até doenças mais graves. Por isso, é fundamental que um primeiro episódio de dor de cabeça seja avaliado por um profissional de saúde qualificado, garantindo um diagnóstico correto e prevenindo complicações.

A cefaleia mais comum é a chamada "Cefaleia do tipo Tensão" ou "Cefaleia Tensional". Ela é geralmente descrita como uma dor leve a moderada, com uma sensação de aperto ou peso na cabeça, como se uma faixa estivesse comprimindo-a. Apesar do desconforto, a maioria das pessoas consegue continuar suas atividades diárias, raramente faltando ao trabalho por causa dessa dor. Sua duração pode variar de 30 minutos a 7 dias.

Por outro lado, a enxaqueca, também conhecida como migrânea, é caracterizada por episódios recorrentes de dor intensa, frequentemente unilateral e pulsátil. Além da dor, os pacientes podem apresentar sensibilidade à luz (fotofobia), ao barulho (fonofobia), náuseas e, em alguns casos, vômitos.

Cada crise pode durar entre 4 e 72 horas e é frequentemente debilitante, forçando o paciente a buscar um ambiente escuro e silencioso. Devido à gravidade dos sintomas, é comum que pessoas com enxaqueca percam dias de trabalho e tenham suas atividades diárias comprometidas durante as crises.

"Em resumo, enquanto a cefaleia tensional causa um desconforto leve e esporádico, a enxaqueca é
uma doença mais incapacitante, com forte impacto na qualidade de vida. O reconhecimento dessas
diferenças é fundamental para o manejo adequado e para a melhora da funcionalidade dos
pacientes", explica o especialista. 

Dor de cabeça ou enxaqueca? Saiba como diferenciá-las

Existem diferentes tipos de enxaqueca e eles se definem por duas variáveis fundamentais: A presença de aura e a frequência de crises.
Foto: Freepik

Tipos de enxaqueca

Segundo Lucas, existem diferentes tipos de enxaqueca, que podem ser definidos por duas variáveis principais: a presença de aura e a frequência das crises.

Começando pela presença de aura, esse é um sintoma neurológico transitório que geralmente aparece antes do início da crise de dor. A aura pode durar de 5 a 60 minutos e, em muitos casos, termina antes da dor começar ou pode se estender até depois. Os sintomas mais comuns incluem alterações visuais, como brilhos ou borramento na visão, formigamentos pelo corpo e dificuldades na fala, como encontrar palavras.

Outros sintomas menos frequentes podem incluir perda de força em um dos lados do corpo, tonturas rotatórias, incoordenação motora e alterações visuais mais intensas. Aproximadamente 30% das pessoas com enxaqueca experimentam aura, enquanto cerca de 70% não a apresentam.

Além disso, a enxaqueca também pode ser classificada conforme a frequência das crises. Temos a enxaqueca episódica infrequente, que ocorre em menos de 8 dias por mês; a episódica frequente, com 8 a 14 dias de dor mensal; e a enxaqueca crônica, caracterizada por mais de 15 dias de cefaleia no mês por um período superior a 3 meses, sendo que pelo menos 8 desses episódios precisam ter características típicas de enxaqueca ou melhorar com o uso de medicamentos específicos da classe dos triptanos.

Essa classificação é fundamental para o diagnóstico e o tratamento adequados, pois diferentes tipos de enxaqueca podem exigir abordagens terapêuticas distintas e impactar significativamente a vida dos pacientes.

Diagnóstico de enxaqueca 

O diagnóstico de enxaqueca é predominantemente clínico e deve ser realizado por um profissional de saúde qualificado e experiente em cefaleias. Isso se deve ao fato de que as cefaleias podem estar associadas a uma ampla gama de problemas de saúde, que vão desde transtornos temporários até condições mais graves, como sangramentos intracranianos ou tumores cerebrais.

Dessa forma, os exames complementares são utilizados principalmente para excluir causas “secundárias” de dor de cabeça. Esses exames podem incluir ressonância magnética do encéfalo ou tomografia de crânio, que ajudam a identificar anomalias estruturais. Além disso, a avaliação do fundo de olho pode ser importante para detectar alterações que indiquem pressão intracraniana elevada ou outras condições oculares.

Exames de sangue gerais também são realizados, incluindo sorologias para infecções sexualmente transmissíveis, como HIV e sífilis, que podem estar associadas a sintomas neurológicos. Em alguns casos, a coleta de líquido cefalorraquidiano (o líquido que envolve a medula espinhal) pode ser necessária para investigar infecções ou outras condições inflamatórias. O eletroencefalograma (EEG) pode ser solicitado para descartar distúrbios elétricos no cérebro.

Esse processo cuidadoso de avaliação é crucial, pois um diagnóstico preciso permite que o tratamento adequado seja implementado, ajudando a aliviar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Reconhecer as características da enxaqueca e diferenciá-la de outras causas de cefaleia é essencial para um manejo eficaz.

"Há uma predisposição genética para enxaqueca, com estudos estimando cerca de 40 a 70% de
hereditariedade na migrânea, sendo mais frequente quando há a presença de aura. Além disso, há
diversos genes associados a subtipos raros de enxaquecas familiares específicos", explica Lucas. 

A identificação correta do tipo de enxaqueca é essencial para um tratamento eficaz e pode fazer toda a diferença na vida do paciente.

Tratamentos

Para o tratamento das crises agudas, existem diversos medicamentos disponíveis. Os anti-inflamatórios não esteroides e analgésicos simples, como dipirona e paracetamol, são frequentemente utilizados para alívio imediato. No entanto, para crises moderadas a graves, os triptanos se destacam como a primeira linha de tratamento. Esses medicamentos específicos atuam nas vias de dor do cérebro e são eficazes na redução da intensidade da dor. Nos últimos anos, novas opções de tratamento também chegaram ao Brasil, incluindo os Gepants e o Lasmiditan, que oferecem alternativas promissoras para o manejo das crises.

Por outro lado, o tratamento preventivo é essencial para pacientes que sofrem de enxaquecas frequentes. Vários medicamentos têm sido validados com boa evidência na redução dos dias de cefaleia por mês. Entre eles, destacam-se os betabloqueadores, como propanolol e metoprolol; anticonvulsivantes, como ácido valpróico e topiramato; antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina; e bloqueadores do canal de cálcio, como verapamil. Além disso, anti-hipertensivos como a candesartana também podem ser eficazes.

Uma opção adicional é a aplicação de toxina botulínica, que tem mostrado resultados positivos como tratamento preventivo. Mais recentemente, os anticorpos monoclonais, como galcanezumabe, fremanezumabe e erenumabe, emergiram como uma alternativa altamente eficaz. Esses tratamentos são injetáveis e podem ser administrados mensal ou trimestralmente, oferecendo aos pacientes uma maneira conveniente de reduzir a frequência e a gravidade das crises.

Essas abordagens, tanto agudas quanto preventivas, são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com enxaqueca, permitindo que gerenciem melhor sua condição e reduzam o impacto das crises no dia a dia.

Além das terapias farmacológicas, as abordagens não farmacológicas são muito importantes para o
controle da enxaqueca e o neuro sugere algumas dicas: 

  • Dormir bem e com boa higiene do sono;
  • Realizar atividade física regular de 30 a 60 minutos de duração pelo menos 3 vezes por semana;
  • Comer alimentos balanceados, mantendo-se bem hidratado e evitando o uso excessivo de cafeína (1 a 2 xícaras de café no dia);
  • Evitar uma rotina muito estressante, podendo-se utilizar de mindfulness, meditação, biofeedback e
    terapia cognitivo-comportamental;
  • Realizar um diário das suas dores de cabeça, anotando os dias de dor, a intensidade, a duração, os gatilhos, de modo a se conhecer melhor e a otimizar as medidas preventivas não farmacológicas.

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