Com o Setembro Amarelo próximo ao fim, período dedicado à conscientização sobre a saúde mental e prevenção ao suicídio, muitas conversas giraram em torno da importância de cuidarmos de nossa mente, especialmente em tempos tão digitais. As redes sociais, que conectam e divertem, também podem ser um terreno fértil para o aumento da ansiedade, da comparação e até da depressão. O excesso de exposição e a pressão por “likes” e validação podem afetar significativamente a saúde emocional.
As redes sociais conectam clientes e profissionais e não há como negar que o Instagram se tornou uma poderosa rede de negócios. Se por um lado quem precisa vender seu peixe tem a oportunidade de conquistar novos clientes, por outro, depender profissionalmente das redes sociais pode causar ansiedade. Isso porque, além de se dedicarem à especialização, os profissionais também precisam compreender as ferramentas digitais e conhecer profundamente o algoritmo das redes. Para o profissional autônomo, estar presente no ambiente digital é essencial.
Mas é possível equilibrar a relação com essas mídias e manter nossa saúde mental em dia sem abrir mão da conexão com o mundo online? Para explorar o tema, AnaMaria conversou com Rafael Terra, especialista em tendências digitais e autor do livro Bem-Estar Digital, e Marilia Scabora, psicóloga e fundadora da Comunidade Tribo Mãe. Confira a seguir!
Redes sociais e saúde mental: como encontrar o equilíbrio
Segundo Marilia Scabora, muitas vezes, a ansiedade surge da pressão que sentimos para performar nas redes sociais, principalmente para quem usa essas plataformas como ferramenta de trabalho. “Profissionais que dependem das redes para marketing pessoal, além de exercerem suas especializações, enfrentam a necessidade de estarem sempre visíveis e relevantes”, explica.
O resultado? Comparações, busca incessante por validação e uma sensação constante de não ser o suficiente. Isso gera um ciclo de ansiedade nas redes sociais, onde a frequência e relevância dos posts se tornam quase uma obsessão, prejudicando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A psicóloga também sugere que a gestão da imagem pública é um dos grandes desafios de quem usa as redes. A qualquer momento, um pequeno deslize pode impactar a reputação ou a carreira de alguém. Esse medo constante do julgamento e a pressão para seguir as tendências do algoritmo contribuem para o aumento dos níveis de estresse e ansiedade.
Práticas para controlar a ansiedade nas redes sociais
Para aqueles que sofrem com a ansiedade causada pelas redes, Marilia Scabora recomenda algumas práticas que podem ser aplicadas no dia a dia:
Definir horários específicos para uso das redes: Manter uma rotina controlada ajuda a evitar a sensação de estar sempre “ligado”. “Estabelecer momentos específicos para postar ou interagir permite que você se desconecte sem culpa”, afirma.
Autolimitar o consumo de conteúdo: Evite comparar sua vida com as versões editadas e idealizadas que vemos online. Consumir conteúdos que inspiram é importante, mas não se prenda às métricas de sucesso digital.
Mindfulness digital: Praticar a consciência plena enquanto você navega nas redes ajuda a perceber como está se sentindo. Se surgir ansiedade, faça uma pausa, respire fundo e saia do aplicativo.
Ter um objetivo claro: Se você utiliza as redes para trabalho, tenha isso como seu foco principal, evitando distrações com conteúdos irrelevantes.
Buscar apoio profissional: Em casos mais graves, onde a ansiedade nas redes sociais afeta sua qualidade de vida, o acompanhamento psicológico pode ajudar a equilibrar a relação com o ambiente digital.
O impacto da hiperconexão na saúde mental
Para Rafael Terra, o uso excessivo das redes sociais pode ser tão prejudicial quanto qualquer outro vício. Ele ressalta que estamos cada vez mais dependentes da “dopamina digital”, ou seja, aquele prazer imediato proporcionado por curtidas, comentários e o consumo incessante de conteúdo. Isso gera ansiedade e desordem emocional, especialmente para aqueles que se veem presos a um ciclo interminável de rolagens infinitas e distrações.
Entre as sugestões de Terra para reduzir esse impacto, está o monitoramento do tempo que passamos conectados. “Se você sente que está apenas existindo online, em vez de viver de fato, pode ser hora de reavaliar sua relação com as redes”, sugere. Ele reforça que usar ferramentas como aplicativos de controle de tempo de tela é uma ótima forma de perceber o quanto esse comportamento digital afeta a saúde mental.
Outro ponto importante trazido por Terra é a importância de sermos intencionais com nossa presença online. Em vez de postar ou interagir sem propósito, ele sugere que a autenticidade digital esteja sempre em primeiro lugar. “Cada post deve refletir quem você realmente é e o que importa para você. Pergunte-se se está sendo lembrado por algo que faz sentido, ou se apenas preenche o espaço digital sem intenção”, afirma.
Em busca do bem-estar digital
Para conquistar o equilíbrio, é fundamental praticar a resiliência digital. Isso significa aprender a lidar com críticas, negatividade e pressão sem deixar que isso afete profundamente o bem-estar. Criar limites claros entre o mundo online e o offline também é uma estratégia essencial para manter a saúde mental em equilíbrio.
Definir momentos de desconexão planejada, onde você se permite desligar das telas e se reconectar com a vida fora das redes, pode trazer um alívio imenso”, recomenda Rafael. Seja através de uma caminhada, leitura ou até uma conversa presencial com amigos, esses momentos são cruciais para manter a harmonia entre o mundo digital e o real.
Em tempos de Setembro Amarelo, onde falamos tanto sobre saúde mental e prevenção ao suicídio, ter um cuidado especial com o impacto das redes sociais em nossas vidas é mais importante do que nunca. Estarmos atentos ao tempo que passamos conectados e ao que isso causa em nossas emoções é um passo fundamental para garantir nosso bem-estar e qualidade de vida.
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