Comparação com Censo de 2010 evidencia mudança estrutural nos lares brasileiros. - Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
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Mulheres no comando da casa? Novo Censo do IBGE mostra cenário inédito no Brasil

Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (25) pelo IBGE, mostra aumento de mulheres no comando da casa e outros números sobre as moradias do Brasil

Guilherme Giagio Publicado em 25/10/2024, às 17h45

Os novos dados do Censo 2022 sobre composição familiar, divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam um cenário inédito no Brasil: pela primeira vez, há mais mulheres no comando da casa do que como esposa do responsável.

De acordo com a pesquisa, 34,1% das mulheres são as responsáveis pela casa, enquanto 25% foram declaradas como cônjuge ou companheira. No Censo de 2010, o cenário era outro: 22,9% comandavam a casa, e 29,7% eram cônjuges ou companheiras.

Além disso, o Censo 2022 mostra que mulheres chefiam quase metade dos lares brasileiros. A participação das mulheres saiu de 38,7% em 2010 para 49,1%. O número equivale a cerca de 35,6 milhões de lares. No mesmo período, os homens responsáveis saíram de 61,3% para 50,9%.

Márcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, analisou a mudança. Para ele, o crescimento de mulheres no comando da casa é gerado pelo aumento da independência econômica delas, além da maior presença no mercado de trabalho.

"Isso contribui para a questão de identificação [...] Culturalmente, quando tinha um casal, era quase imediata a identificação do homem como responsável, e essas coisas vão mudando de certa forma ao longo do tempo", afirmou o pesquisador do IBGE.

Números por região

Ao todo, dez estados apresentaram percentual de mulheres responsáveis pelos lares acima do 50% — ou seja, nesses locais, elas são maioria. Destes, oito são do Nordeste. Dos estados nordestinos, apenas o Rio Grande do Norte tem maioria dos lares comandados por homens. 

Os maiores percentuais estão nos seguintes estados:

  1. Pernambuco 53,9%
  2. Sergipe 53,1%
  3. Maranhão 53%
  4. Amapá 52,9%
  5. Ceará 52,6%
  6. Rio de Janeiro 52,3%
  7. Alagoas 51,7%
  8. Paraíba 51,7%
  9. Bahia 51,0%
  10. Piauí 50,4%

Os dois únicos de fora do Nordeste são Amapá (Norte) e Rio de Janeiro (Sudeste). Do outro lado, os menores percentuais de mulheres no comando da casa estão em Rondônia, com 44,3%, e Santa Catarina, com 44,6%.

Vale lembrar que o Brasil tem 72,5 milhões de unidades domésticas, como são chamados os domicílios particulares. O número também aumentou em comparação com o ano de 2010, quando eram 57 milhões de domicílios particulares.

Outros números do Censo 2022

Ainda segundo o Censo 2022, em cerca de 3 em cada 10 lares brasileiros, as mulheres são mãe solo. Isso porque, em 29% das casas onde as mulheres são responsáveis, há a presença do filho e a ausência do cônjuge. Em 2010, eram 36,9%. Entre os homens, apenas 4,4% estão na categoria.

"É um indicativo de monoparentalidade bem mais presente entre as mulheres. No caso de separação de um casal, em geral, o filho fica com a mãe. Ou mesmo no caso de mulheres com filhos sem ter tido um casamento ou uma relação conjugal com alguém", reflete Minamiguchi.

Em 2010, a média de moradores por domicílio era de 3,3 pessoas. Atualmente, caiu para 2,8 pessoas. Para o IBGE, a queda é gerada pela redução na fecundidade no Brasil, além do envelhecimento da população. Em 2000, a média era de 3,7. 

O número de moradores nas casas brasileiras:

  • Até 3 moradores - 72,4% dos lares
  • Com 4 moradores - 16,9% dos lares
  • Com 5 moradores - 6,7% dos lares
  • Com 6 moradores ou mais - 4% dos lares

As casas com apenas um morador também aumentaram: os lares unipessoais saíram de 12,2% em 2010 para 18,9% em 2022. O Rio de Janeiro lidera a estatística com (23,4%), seguido por Rio Grande do Sul (22,3%) e Espírito Santo (20,6%). Por outro lado, Amapá (12,0%), Amazonas (13,0%) e Pará (13,5%).

"O que os dados mostram tem a ver com envelhecimento da população. Além disso, pessoas mais velhas morando sozinhas. A gente pode ter um intervalo maior nos casamentos, casamentos mais tardios, pessoas que não se casam. São padrões comportamentais, de formação de família, que mudaram bastante desde 2010", finaliza Márcio Minamiguchi.

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