O caso de Luciano D’Adamo, homem que acreditava ainda viver em 1980 após ser atropelado, virou notícia na mídia da Itália e Inglaterra
Publicado em 26/10/2024, às 08h00
O italiano Luciano D'Adama, de 68 anos, foi atropelado em 2019. O acidente foi grave e ele precisou ficar em coma. Ao acordar, sua vida era outra: o veterano havia perdido quase 40 anos de memória, e já não reconhecia sua esposa e seu filho, de 35 anos.
O caso veio à tona após veículos da Itália noticiarem a história de D'Adama. Nas entrevistas, ele citou algumas das dificuldades que segue enfrentando durante a recuperação. A principal delas era aceitar ter um filho mais velho do que ele lembrava de si mesmo em suas próprias memórias.
A última coisa que o italiano se lembra foram os acontecimentos do dia 20 de março de 1980, quando teve um dia comum de trabalho. Porém, quase quatro décadas depois, ele foi atropelado no bairro de Monte Mario, em Roma. Para ele, ambos os acontecimentos foram no mesmo dia.
“Uma estranha entrou na sala”, recordou-se D'Adama, sobre o dia em que acordou do coma no hospital. Na verdade, aquela mulher era sua esposa, ainda que ele não se lembrasse dela. A dúvida também tomou conta ao se deparar com um rapaz de 35 anos dizendo ser seu filho.
Luciano acreditava ainda estar na casa dos 20 anos. Como poderia ter um herdeiro de 35? A realidade veio à tona ao se olhar no espelho e se deparar com o senhor que já era. Outros choques vieram com acontecimentos históricos e marcantes dos últimos anos.
Ele não fazia ideia do que tinha acontecido em 11 de setembro, por exemplo. Viagem de avião com a esposa para Paris? Não se recorda. Sendo um fanático torcedor da Roma, Luciano não fazia ideia de quem era Francesco Totti, maior ídolo da história do clube, que se aposentou em 2017.
Entender as tecnologias mais recentes também não foi fácil: "Ainda me lembro do espanto de viajar em um carro que me mostrou em uma tela um mapa de Roma, enquanto uma voz dizia: ‘Em 100 metros, vire à direita'”, relembrou, em entrevista ao jornal italiano Il Messaggero.
Os últimos cinco anos de Luciano D’Adamo são totalmente focados em sua recuperação, que é um trabalho lento. Junto aos médicos, psicólogos e a família, ele trabalha para recuperar algumas de suas memórias dos últimos 40 anos, com sucesso em algumas lembranças.
A paciência da companheira também é fundamental. Ela o ajudou no caminho de reconstrução da relação dos dois e da identidade do marido. A recuperação dele também está diretamente associada ao seu trabalho de manutenção de uma escola.
O motorista que atropelou Luciano D’Adamo fugiu após o acidente e nunca foi encontrado. Ele também não recebeu nenhuma compensação financeira pelo acidente ocorrido em 2019.
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