A lógica por trás do modelo de apostas esportivas popularizado no Brasil deixa claro que a matemática explica as bets: e a casa sempre ganha
Guilherme Giagio Publicado em 02/10/2024, às 18h50
“A casa sempre ganha”: quem está por dentro do universo de apostas, jogos de azar, cassinos e até loteria certamente já ouviu essa frase. E isso não é apenas um ditado popular: a matemática explica as bets, modelo de negócio que virou febre no Brasil.
Isso porque a lógica das apostas deixa claro que o risco de perder dinheiro é consideravelmente maior do que de obter lucros. As casas de apostas traçam estratégias para garantir que a "banca" (ou seja, a própria casa de apostas) tenha uma vantagem significativa contra os apostadores.
E isso não significa que é impossível ganhar dinheiro com as bets. A chance de você ou algum conhecido já ter resgatado alguma quantia desses sites são altas. No entanto, a probabilidade das apostas gerarem um prejuízo grande no futuro são ainda maiores.
Para os especialistas, as bets são um jogo de probabilidade, em que a maioria dos jogadores sai perdendo no longo prazo. E isso não é por acaso: as empresas usam fórmulas matemáticas para calcular as probabilidades, conhecidas como odds, e ajustar o retorno dos prêmios oferecidos.
Como resultado, a margem de lucro para as empresas é garantida, mesmo que ocasionalmente alguns apostadores obtenham grandes ganhos. Para um jogador ganhar de um lado, outro tem que perder do outro. Apenas a casa sempre ganha, como diz o ditado. Ou seja, a matemática explica as bets.
No caso de apostas em eventos esportivos, as odds representam a probabilidade de um determinado resultado ocorrer durante a partida. Seja um determinado time sair campeão, um nadador conquistar a medalha de ouro ou um jogador de basquete marcar mais pontos.
Os números mostrados na tela são um multiplicador. Caso o palpite esteja correto, o apostador irá receber a quantia apostada multiplicada pelo valor. Por exemplo, considerando R$ 100 reais apostados:
No entanto, as odds são calculadas para sempre gerar uma margem de lucro para a casa de apostas, em um conceito conhecido como overround. Desta forma, a casa ganha independentemente do resultado do evento.
Em um cenário justo, uma partida com duas equipes com odds iguais de 2,0 para cada lado, significaria que ambos os times têm 50% de chance de vencer. Mas as odds não são calculadas dessa forma. As casas ajustam as probabilidades para algo como 1,90 para cada equipe.
A tática reduz o retorno do apostador e garante a independentemente do resultado final. À BBC Brasil, o matemático David Sumpter, professor de matemática na universidade de Uppsala, na Suécia, e autor do livro e 'Soccermatics: Aventuras matemáticas no jogo bonito', explica:
"Se você não tem fortes habilidades matemáticas e nunca parou para construir modelos matemáticos para vencer as casas de apostas, você não vai conseguir. Você não vai ganhar dinheiro a longo prazo a menos que trabalhe duro. E trabalhar não significa assistir a muitas partidas de futebol ou ter conhecimento do jogo. Trabalhar duro significa realmente entender as probabilidades".
O conceito de margem de lucro não é exclusivo das casas de apostas, sendo aplicado também em cassinos, loterias e outras formas de jogos de azar. Para cada aposta realizada, uma pequena parte do valor é retida pela casa. No caso das apostas esportivas, a retenção é disfarçada nas odds oferecidas.
Embora clichê, a expressão "a casa sempre ganha" pode parecer um clichê, mas é verdade. A lógica é simples: se as odds fossem calculadas de forma completamente justa, as casas de apostas estariam sujeitas a perdas constantes. E ninguém entraria em um mercado que movimenta bilhões para perder dinheiro, não é mesmo?
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