A pesquisa mostra que as apostas esportivas e cassinos virtuais, como bets e tigrinho, representam um risco para o ensino superior
Publicado em 18/09/2024, às 16h45
Há não muito tempo, a entrada na universidade era um caminho natural após a saída da escola. Um diploma universitário era considerado fundamental para o sucesso profissional e financeiro. No entanto, isso parece estar muda,do: muito graças à concorrência das bets e tigrinho.
As famosas apostas esportivas e jogos de azar abrilhantaram os olhos de muitos jovens. A expectativa de ganhar quantias inimagináveis para um trabalhador comum - quiçá estudantes, que não são remunerados, é tentadora. E isso de maneria prática, com poucos cliques na tela do celular.
Só que a tendência está gerando um efeito contrário ao sucesso esperado. O prejuízo financeiro, causado pelo vício em bets e tigrinho, chega também à vida acadêmica. Isso porque os brasileiros estão trocando a faculdade pelas apostas.
A pesquisa da Educa Insights, encomendada por instituições financeiras, revela que 35% dos potenciais estudantes brasileiros, interessados em fazer uma graduação em 2024, não começaram o curso por terem comprometido a renda com cassinos virtuais, bets e tigrinho.
De acordo com o sócio-fundador da empresa, Daniel Infante, esse número representa cerca de 1,4 milhões de pessoas. "Os grupos educacionais agora têm as bets como um novo concorrente", avalia o responsável pela Educa Insights, que detalhou os números por classe:
Já a análise dividida mostra uma prevalência entre duas regiões:
Ainda segundo a pesquisa, 36% dos brasileiros acreditam que vão precisar interromper os gastos com apostas esportivas e cassinos virtuais, como bets e tigrinho, para conseguir realizar a graduação no início de 2015. O levantamento entrevistou 10,8 mil pessoas de todas as classes sociais e de todas as regiões do país que pretendem ingressar em alguma instituição particular de ensino superior.
Vale lembrar que, segundo pesquisa do IBGE, a média salarial dos trabalhadores sem nível superior é de R$ 2,4 mil. Já os graduados recebem R$ 7 mil, quase três vezes mais.
Ao O Globo, Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), avaliou: "Cursar o ensino superior não é uma aposta, é certeza. Educação e trabalho duro são os únicos caminhos para o sucesso. Esses apostadores estão muitas vezes alimentados pela ilusão e vício".