AnaMaria
Busca
Facebook AnaMariaTwitter AnaMariaInstagram AnaMariaYoutube AnaMariaTiktok AnaMariaSpotify AnaMaria
Maternidade / CONFIRA!

Alienação parental: saiba como ela afeta a saúde mental dos adolescentes

Aconteceu com seu filho? Alienação parental pode afetar o desenvolvimento e o bem-estar psicológico dos adolescentes — saiba identificar os sinais!

Jéssica Batista
por Jéssica Batista

Publicado em 28/09/2024, às 17h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Alienação parental: saiba como ela afeta a saúde mental dos adolescentes - Imagem │Unsplash
Alienação parental: saiba como ela afeta a saúde mental dos adolescentes - Imagem │Unsplash

A adolescência é uma fase de transição delicada, marcada por mudanças físicas, emocionais e psicológicas. Nesse cenário, a alienação parental pode atuar como um elemento destrutivo, afetando profundamente o bem-estar mental dos jovens. O termo “alienação parental” refere-se a uma prática em que um dos pais, de maneira intencional ou não, manipula o filho para afastá-lo do outro genitor, criando uma imagem negativa dele. Essa situação se agrava quando os adolescentes, ainda em formação de sua identidade, são expostos a essa dinâmica tóxica.

Em entrevista à AnaMaria, as advogadas especialistas em Direito das Famílias, Barbara Heliodora e Letícia Peres, alertam que a alienação parental é uma forma de abuso emocional que gera consequências devastadoras na saúde mental dos adolescentes. A manipulação, muitas vezes, resulta em sentimentos de culpa, ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades de relacionamento. “A alienação parental é abuso e violência infantil. As crianças e adolescentes passam a rejeitar um dos pais sem motivo aparente, muitas vezes por falsas memórias e falsas denúncias de crimes graves”, destaca Barbara.

Como identificar a alienação parental?

Os sinais de alienação parental podem se manifestar de várias maneiras. Segundo as especialistas, é importante que os pais estejam atentos. Um dos principais sinais é a mudança repentina de comportamento, onde o adolescente pode passar a demonstrar hostilidade ou desinteresse pelo genitor alienado. 

Além disso, a rejeição sem explicação plausível é um indício de que algo está errado. Letícia alerta que, em muitos casos, os adolescentes se recusam a manter contato com o genitor alienado, criando justificativas fantasiosas para evitar a convivência.

Outro sintoma comum é a dependência emocional exacerbada de um dos pais. O adolescente pode se sentir culpado por gostar do genitor alienado, o que o leva a buscar constantemente a aprovação do alienador. Relatos distorcidos de eventos também são frequentes, onde o jovem adota um discurso influenciado.

Os danos emocionais a longo prazo

Os impactos da alienação parental na saúde mental dos adolescentes podem perdurar por toda a vida, afetando a capacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis no futuro. Os danos emocionais vão além da simples dificuldade de relacionamento com o genitor alienado. “A alienação parental pode desencadear uma série de problemas emocionais, como depressão, ansiedade, baixa autoestima, dificuldades de relacionamento e transtornos de identidade”, explica Letícia.

Adolescentes que passam por esse tipo de abuso tendem a desenvolver um senso distorcido de afeto e autoridade. Eles podem crescer com dificuldades em confiar nos outros, levando essa desconfiança para suas relações interpessoais. Essa ruptura de confiança pode prejudicar não só seus relacionamentos amorosos futuros, mas também suas relações com amigos e familiares.

Alienação parental: entenda como ela afeta a saúde mental dos adolescentes
Unsplash│Alienação parental: saiba como ela afeta a saúde mental dos adolescentes

Entre os principais impactos na saúde mental dos adolescentes, destacam-se:

Depressão: o afastamento do genitor alienado pode resultar em tristeza profunda e sentimentos de desamparo, levando o adolescente a perder o interesse por atividades que antes lhe davam prazer.

Ansiedade: a instabilidade emocional causada pela alienação pode desencadear transtornos de ansiedade, gerando preocupações constantes sobre o futuro e o relacionamento com os pais.

Baixa autoestima: o adolescente pode passar a acreditar que não é digno do amor de um dos pais, impactando diretamente sua autoconfiança.

Dificuldades nos relacionamento: o processo de alienação ensina ao adolescente que o amor e a confiança são condicionais, o que pode resultar em relações interpessoais disfuncionais.

Como proteger a saúde mental dos adolescentes?

Diante dos danos emocionais que a alienação parental pode causar, é fundamental que os pais, ao se separarem, busquem preservar o bem-estar emocional dos filhos. Barbara enfatiza a importância da intervenção profissional em casos de alienação parental. “A terapia familiar é uma ferramenta essencial para restaurar a comunicação entre pais e filhos, ajudando os adolescentes a lidarem com suas emoções de maneira saudável”, afirma. Além disso, a colaboração entre os genitores é crucial. Superar os conflitos pessoais e priorizar o bem-estar do adolescente deve ser sempre o foco.

Nos casos em que a alienação parental é mais severa, Peres sugere que medidas jurídicas sejam tomadas para proteger os adolescentes da manipulação emocional. “Em situações extremas, é necessária a intervenção judicial imediata para cessar os danos causados aos filhos”, explica a advogada. Vale destacar que a Lei da Alienação Parental (Lei n.º 12.318/2010) oferece amparo legal para essas situações, permitindo que o genitor alienado busque a intervenção do Judiciário para restabelecer os vínculos afetivos com o filho.

“As medidas legais incluem o ajuizamento de uma ação de regulamentação ou modificação de guarda, com pedido de reconhecimento da prática de alienação parental”, descreve Barbara. Embora o sistema jurídico brasileiro tenha avançado na identificação e tratamento da alienação parental, ainda existe a complexidade inerente a esses processos, já que cada caso exige uma análise profunda e multidisciplinar. 

Alienação parental: entenda como ela afeta a saúde mental dos adolescentes
Unsplash│Alienação parental: saiba como ela afeta a saúde mental dos adolescentes

Superando os efeitos da alienação parental

Superar os efeitos da alienação parental não é uma tarefa fácil, mas é possível. A reconexão entre o adolescente e o genitor alienado exige paciência, compreensão e, muitas vezes, o auxílio de profissionais capacitados, como psicólogos especializados em dinâmica familiar. Letícia ressalta que, em muitos casos, o adolescente alienado está emocionalmente programado para rejeitar o genitor alienado, tornando a reaproximação um processo delicado.

É fundamental que o adolescente seja encorajado a formar suas próprias opiniões, baseadas em suas próprias experiências e não nas influências externas. “O terapeuta precisa reforçar que a criança ou adolescente não deve dar crédito às alegações do genitor alienador, e sim focar na realidade das suas próprias vivências”, explica Letícia. Esse processo de “desprogramação” é essencial para que o jovem consiga retomar o contato saudável com ambos os pais.

A alienação parental é uma forma de abuso emocional que impacta profundamente a saúde mental dos adolescentes. Os danos causados por essa prática podem perdurar por toda a vida, afetando a capacidade do jovem de se relacionar com os outros e de confiar em figuras de autoridade. 

Quando comprovada essa forma de abuso, o Judiciário pode adotar uma série de medidas para proteger a criança. Barbara detalha que entre as possíveis sanções estão a advertência ao genitor alienador, a alteração do regime de convivência ou até mesmo a inversão da guarda. Além disso, o genitor alienador pode ser responsabilizado por danos morais em razão do prejuízo causado à criança. 

Para proteger os adolescentes desses efeitos devastadores, é crucial que os pais, ao se separarem, busquem sempre preservar o bem-estar emocional dos filhos, evitando manipulações e comportamentos tóxicos. Além disso, a intervenção de profissionais e, em casos mais graves, do Judiciário, pode ser necessária para garantir que o adolescente cresça em um ambiente emocionalmente saudável.

Leia também: 

Desenvolvimento pessoal na maternidade: (re)encontrando interesses e paixões

Mães, se cobrem menos! Especialista mostra caminhos para viver uma maternidade mais leve

Mãe solo: 4 perguntas e 3 histórias para entendê-la