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Brasil-sil-sil: a história do efeito sonoro que embala vitórias brasileiras na TV

Do tricampeonato mundial, em 1970, às Olimpíadas de Paris: o Brasil-sil-sil atravessa gerações

Guilherme Giagio
por Guilherme Giagio

Publicado em 10/08/2024, às 14h30

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Ronaldo Fenômeno e Ayrton Senna foram dois grandes responsáveis pela vinheta; mais recentemente, Rebeca Andrade. - Foto: Reprodução
Ronaldo Fenômeno e Ayrton Senna foram dois grandes responsáveis pela vinheta; mais recentemente, Rebeca Andrade. - Foto: Reprodução

Pode até soar estranho quando escrito, mas a repetição em eco da sílaba final do nome do país certamente é familiar em sua versão de áudio. Você muito provavelmente já ouviu o famoso "Brasil-sil-sil", efeito sonoro que embala as vitórias brasileiras nos esportes, em sua TV.

O som se popularizou nas transmissões de futebol, sobretudo em época de Copa do Mundo. Nas últimas semanas, voltou a ganhar destaque por conta das Olimpíadas de Paris. Das quatro medalhas de Rebeca Andrade às manobras de Gabriel Medina e pontos no vôlei de praia e quadra: o Brasil-sil-sil tomou conta das transmissões esportivas nos jogos da capital francesa.

Mas, afinal, como surgiu o grito que virou tradição na TV?

brasil-sil-sil efeito sonoro que embala vitórias brasileiras na tv
Medalhas e outros momentos de destaque são embalados pelo Brasil-sil-sil. Caption

A frase icônica foi criada por Edmo Zarife (1940-1999), locutor da Rádio Globo, em 1968. Em entrevista, ele detalhou a criação, que começou com o pedido da emissora. O processo durou cerca de duas horas, e contou com ajuda do sonoplasta José Cláudio Barbedo, o Formiga.

Inclusive, foi Barbedo quem acrescentou o efeito, que se assemelha com um eco, na pronúncia de Brasil. A primeira vez que foi ao ar foi durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970. A competição marcou o tri-campeonato mundial do Brasil — será que deu sorte?

Em 1998, próprio Zarife detalhou como foi a estreia: “Foi numa transmissão do nosso querido e saudoso Waldir Amaral", iniciou. "Nós soltamos a vinheta, e ele levou um susto. Eu só lembro que ele falou assim: 'Parabéns, Zarife, é essa aí! Vai ficar pra sempre!’”. E não é que a previsão estava correta?

Edmo Zarife trabalhou durante 32 anos no Sistema Globo de Rádio. O profissional morreu em 1999, aos 59 anos, vítima de problemas cardíacos. No ano anterior, ele recebeu uma compensação financeira pela criação do Brasil-sil-sil.

Como é usado?

Em 2018, quando a criação da vinheta completou 50 anos, o g1 explicou como ela vai ao ar: "A vinheta é inserida numa pequena sala na TV Globo, na emissora, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio". Para isso, há um controle, chamado switch, para os efeitos de sonoplastia.

O sonoplasta Márcio Gonçalves, na época com oito anos de TV Globo, contou sobre sua função. Segundo o profissional, o Brasil-sil-sil costuma ser disparado cerca 15 vezes nas transmissões de futebol: “Não tem regra. Mas no final do hino nacional e em momentos emocionantes sempre tem”, destacou o sonoplasta.

Inclusive, a ação dos profissionais de sonoplastia caiu nas graças dos internautas. Nas redes sociais, há diversos elogios:

Briga judicial

Por fim, vale destacar que os direitos do uso do Brasil-sil-sil pertencem ao Grupo Globo. Ou seja, apenas a emissora e seus canais afiliados podem usar o efeito sonoro em transmissões. No entanto, há quem discorde dessa decisão. É o caso de José Cláudio Barbedo.

Em 2019, o ex-sonoplasta da Rádio Globo entrou em uma disputa judicial contra a emissora. No processo, ele afirma ser o criador, enquanto a Globo alega que pertence ao canal e ao locutor Edmo Zarife. Na época, Formiga falou com o 'Na Telinha' sobre o caso.

"A vinheta é uma criação minha. O que você tem na vinheta é um sinal eletrônico misturado com a voz do locutor da época, chamado Edmo Zarife. Quem criou o sinal eletrônico, quem dirigiu o Zarife na locução, quem fez todo o processo da vinheta fui eu". Barbedo afirmou que, ao entrar com um processo contra a Globo, ainda em 2011, descobriu que o grupo havia registrado a vinheta como sua propriedade.

Três anos depois, o ex-sonoplasta voltou a falar com o portal, e lamentou a demora em torno do processo judicial. Ele afirmou que estavam o esperando morrer. Por isso, afirmou que, se morrer antes da resolução do caso eu seu favor, os direitos vão para a Suipa (Sociedade União Internacional Protetora dos Animais).

"Se for pra Suipa também está bom, se eu estiver morto eu fico muito contente, os cachorrinhos merecem", finalizou Formiga sobre o Brasil-sil-sil.