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Comportamento / CONFIRA

Coringa 2 - Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme

Novo filme com Joaquin Phoenix e Lady Gaga, Coringa 2: Folie à Deux, retrata relação patológica entre duas pessoas; saiba mais

Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme de Joaquin Phoenix e Lady Gaga - Reprodução│Warner Bros. Pictures
Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme de Joaquin Phoenix e Lady Gaga - Reprodução│Warner Bros. Pictures

‘Coringa 2: Folie à Deux’ chega aos cinemas brasileiros em 3 de outubro deste ano. O longa-metragem é a sequência do filme lançado em 2019 pela Warner Bros. Pictures e revela os desdobramentos após o início da revolução contra a elite de Gotham City; movimento popular que teve o antagonista Coringa como seu maior representante. 

O filme do diretor Todd Phillips traz o retorno de Joaquin Phoenix como Coringa e Lady Gaga interpretando Arlequina. A Folie à Deux, síndrome que dá nome à película, trata-se de uma relação patológica entre pelo menos duas pessoas, geralmente familiares ou pessoas próximas. Confira o trailer: 

AnaMaria conversou com Kleber Paiva Duarte, neurocirurgião funcional, e com Suzani Marques Palma Duarte, psicóloga, que esclarecem quais são os aspectos patológicos da Folie à Deux. Leia a seguir!

O que é Folie à Deux? 

Na Folie à Deux, um dos envolvidos é portador de uma doença psiquiátrica (influenciador ou indutor) e influencia outra pessoa (seguidor) a acreditar e assumir como verdade as suas crenças distorcidas e fora da realidade. Segundo os especialistas, os relacionamentos geralmente seguem um padrão, que depende do contexto, da personalidade de cada indivíduo e circunstâncias. 

Os aspectos mais comuns da Folie à Deux incluem dependência emocional, conformidade passiva, isolamento social, dinâmica de poder e reforço mútuo. Kleber e Suzani explicam que o seguidor, geralmente, tem um relacionamento próximo ao indutor. Essa relação é caracterizada por uma forte ligação emocional, facilitando o processo de influência do indutor sobre o seguidor, que por sua vez, aceita passivamente e sem questionamentos as crenças e delírios do influenciador.  

Coringa 2 - Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme
Unsplash│Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme

Os portadores da síndrome de Folie à Deux tendem a se isolar socialmente, já que as crenças delirantes compartilhadas podem afastá-los de amigos e familiares. Embora ambos estejam acometidos pela síndrome de Folie à Deux, o influenciador é responsável por introduzir e manter as crenças compartilhadas. Os delírios são retroalimentados pelos envolvidos na dinâmica: o comportamento delirante do indutor é reforçado pelo seguidor, e vice-versa.

Fatores sociais e ambientais 

Alguns fatores sociais e ambientais desempenham papel significativo no desenvolvimento e persistência da síndrome de Folie à Deux. Relacionamentos próximos e íntimos, como entre membros da família ou parceiros românticos, podem facilitar a transmissão das crenças delirantes de um indivíduo para outro. Ambientes sociais que são isolados ou têm contato limitado com o mundo exterior podem amplificar a influência sobre o seguidor.

Eventos estressantes ou traumáticos na vida de um dos envolvidos também podem ser gatilhos ou agravar a síndrome de Folie à Deux. Kleber e Suzani salientam que, em algumas culturas ou comunidades, certas crenças delirantes podem ser mais aceitas ou até mesmo incentivadas, o que pode facilitar o desenvolvimento e a persistência da síndrome.

Além disso, um ambiente familiar disfuncional, com relações de poder desequilibradas, comunicação deficiente ou histórico de problemas psicológicos, pode criar um espaço propício para o desenvolvimento da síndrome de Folie à Deux.

Diagnóstico da Folie à Deux 

Os especialistas destacam a importância da avaliação cuidadosa e adaptada para cada caso. Muitos dos diagnósticos se baseiam em exames e na perspicácia de um bom profissional de saúde. É essencial analisar a história pessoal e familiar e conhecer profundamente a dinâmica relacional entre as pessoas envolvidas. 

Coringa 2 - Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme
Unsplash│Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme

Vale lembrar que a síndrome se manifesta quando há uma doença psiquiátrica. Sendo assim, diagnosticar e tratar a síndrome de Folie à Deux apresenta desafios específicos. Kleber e Suzani listam cada um deles:  

Identificação do seguidor: o diagnóstico, muitas vezes, depende da identificação do seguidor, que pode não apresentar sintomas psicóticos evidentes por conta própria.

Diferenciação de delírios compartilhados: nem todo compartilhamento de crenças delirantes entre duas pessoas é um caso de Folie à Deux. É importante distinguir os delírios compartilhados que surgem devido a influências externas, como a síndrome de Folie à Deux, dos que surgem de forma independente nos envolvidos.

Abordagem terapêutica: o tratamento pode ser desafiador devido à dinâmica do relacionamento entre o influenciador e o seguidor. Enquanto ambos podem precisar de intervenção psiquiátrica, o foco pode variar dependendo do grau de influência e da capacidade de cada indivíduo de funcionar de maneira independente.

Falta de conscientização: em alguns casos, o seguidor pode estar tão profundamente imerso nas crenças delirantes do influenciador que não reconhece a necessidade de ajuda ou apresentar resistência ao tratamento, o que dificulta ainda mais a intervenção.

Recaídas e recorrências: mesmo após um tratamento bem-sucedido, a síndrome de Folie à Deux pode apresentar recaídas, especialmente se o vínculo entre o influenciador e o seguidor não for quebrado ou se as condições que levaram ao desenvolvimento da síndrome persistirem.

Tratamento e inclusão

O tratamento da síndrome de Folie à Deux geralmente requer uma abordagem multifacetada, atendendo tanto o influenciador quanto o seguidor com psicoterapia individual. Através da terapia cognitivo-comportamental (TCC) é possível explorar e entender a relação entre o influenciador e o seguidor. 

Coringa 2 - Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme
Unsplash│Folie à Deux: entenda a síndrome que dá nome ao filme

A medicação também pode ser prescrita para tratar os sintomas psicóticos, a ansiedade ou a depressão associados à síndrome de Folie à Deux. Envolver os indivíduos em redes de apoio social, como grupos de apoio para familiares de pessoas com transtornos mentais, pode proporcionar suporte emocional e prático. Isso também pode ajudar a reduzir o isolamento social e promover a aceitação da condição. 

A atuação colaborativa entre profissionais de saúde mental, assistentes sociais, médicos de família e outros profissionais de saúde é essencial para garantir uma avaliação abrangente e um tratamento integrado para ambos os indivíduos envolvidos na síndrome de Folie à Deux. Para promover uma recuperação sustentável é fundamental estar amparado por profissionais que entendam do tema e busquem a utilização de estratégias para abordar a interdependência emocional e psicológica entre os indivíduos acometidos pela síndrome.

Entre as estratégias possíveis, os especialistas destacam a importância de estabelecer limites saudáveis na relação entre os dois indivíduos, incentivando a autoestima e a autonomia emocional, adoção de tratamentos psicoterapêuticos contínuos com monitoramento, suporte e avaliação periódica da condição de cada um dos indivíduos. 

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