Susana Moscardini, hipnoterapeuta, explica como funciona o hipnoparto
Publicado em 16/11/2023, às 08h00 - Atualizado em 17/11/2023, às 15h47
A hora do parto é uma etapa que gera muitas expectativas para as gestantes. Recentemente, Michelle Loretousou suas redes sociais para relatar como foi esse momento para ela. Apresentadora do quadro 'Bem Estar', no 'Encontro', e mamãe de primeira viagem da Aurora, ela disse ter realizado seu desejo de ter o parto natural, mas o processo não foi assim tão fácil.
E isso não é uma sensação exclusiva de Michelle: o medo de sentir dor é um fato que afasta muitas grávidas dessa experiência. Uma abordagem possível para lidar com esse temor é o hipnoparto, que pode auxiliar nesse momento tão único.
A técnica visa ajudar a parturiente a reduzir o medo e a tensão, fatores que intensificam as dores comuns no parto. Ela também tem como intuito promover uma experiência mais tranquila. Na prática, é um método que combina técnicas de hipnose e relaxamento para auxiliar durante o trabalho de parto. Isso é alcançado por meio da prática do relaxamento profundo, visualização e sugestões positivas.
Assim, são habilitados para a aplicação da técnica: hipnoterapeutas que tenham familiaridade com gestantes e doulas que tenham feito um curso para a aplicação da hipnose para a gestação e para o parto, como orienta a doula Susana Moscardini, que é hipnoterapeuta, educadora perinatal e instrutora de yoga gestante.
Outros profissionais da assistência ao parto - como médicos obstetras, enfermeiras obstetras ou fisioterapeutas pélvicas, que tenham feito algum curso direcionado ao hipnoparto - também são indicados, conforme a especialista.
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Susana, que também é autora do livro “Doula – Mulheres que se ajudam no momento mais importante da gestação” e host do videocast “Parto Descomplicado”, orienta quais são os benefícios e as contraindicações para o uso da técnica.
A especialista explica como o hipnoparto contribui para diminuir a ansiedade e os medos durante a gestação: “A técnica promove a diminuição do medo da dor do parto através das técnicas de respiração, relaxamento e sugestões positivas, construindo uma gestação mais plena, calma e um parto mais suave e confiante”, afirma ela.
Isso porque, segundo Susana, o condicionamento de novos pensamentos, crenças e percepções na mente requer repetição e reforço. Dessa forma, recomenda-se que gestantes que queiram aplicar o método devam iniciar sua prática o quanto antes. “O ideal é que ela aprenda as técnicas de hipnose e relaxamento antes do parto, para fazer o exercício da repetição, da prática, diariamente”, orienta a especialista.
De modo geral, o método costuma ser seguro para todas as pessoas. Para pessoas com condições psiquiátricas específicas, porém, é recomendado evitar a prática, pois o transe hipnótico, ou seja, submeter a grávida a hipnose - momento de grande foco e concentração da mente - tem a aplicabilidade dificultada.
Procurada pela Revista AnaMaria, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) não tem um parecer técnico sobre o método ou qualquer indicação e contraindicação sobre o assunto. De qualquer forma, mesmo com os benefícios e ressalvas, o hipnoparto não dispensa o acompanhamento médico especializado, de ginecologistas e obstetras, nem as orientações médicas dadas em cada gestação e parto.
Também procurado pela reportagem, o Conselho Federal de Medicina (CFM), a respeito da técnica de hipnose, aprovou o parecer nº 19/2018, em que declara não competir à autarquia opinar sobre qual profissão da área de saúde pode praticar o procedimento, por não ser definido como ato médico exclusivo. O documento na íntegra pode ser acessado neste link.