A chamada para o consumo está em toda parte: nas ruas, nas redes sociais e nos incessantes anúncios capazes de nos seguir por todos os lugares.
Nesse cenário em que até os adultos sofrem para conter impulsos de compra, como blindar as crianças e evitar que se tornem adultos consumistas?
AnaMaria conversou com Cássia D’Aquino, consultora financeira e autora do livro Como Falar de Dinheiro com Seu Filho (Editora Saraiva, R$ 25). Ela nos deu nove dicas para evitar filhos loucos por gastar e criar pessoas inteligentes financeiramente.
O EXEMPLO DOS PAIS É FORTE
A criança sempre terá no exemplo de casa a referência mais forte. Mas em um país onde 45% das pessoas declaram não ter controle sobre o próprio orçamento, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a tarefa de educar por meio do modelo parece difícil. Mas não é impossível. Alguns hábitos saudáveis e pontuais podem ser usados como exemplos para os pequenos. Por exemplo? Doar objetos que não usa mais mostra às crianças que há coisas mais importantes do que bens materiais.
MESADA
Dar um determinado valor por mês ao pequeno já foi visto como algo nocivo e que incentivaria o consumismo. Não é bem assim. “A mesada é bem-vinda, mas a criança precisa de orientações para utilizá-la”, orienta a consultora. Atenção: a ideia não é que a criança não gaste nunca, mas que ela aprenda a gastar com consciência.
AUSÊNCIAS X PRODUTOS
Pais que tendem a compensar a falta de presença com compras criam filhos consumistas e que tendem a consumir por impulso. Dinheiro nenhum substitui a ausência de pai e mãe. Então, crie momentos para estar com os pequenos, mesmo que fora dos horários tradicionais. Para a criança, o contato importa mais do que bens materiais.
GRANA SEM TABUS
Com cerca de 2 anos e meio, a criança já começa a pedir itens que deseja. Esse é o momento ideal para falar de dinheiro. “Você pode dar uma moedinha e explicar o quanto precisará juntar para obter o que deseja. Como ela ainda não tem noção de tempo, crie um calendário divertido e pendure na geladeira, marcando os dias que receberá outra moedinha”, ensina.
CRIANÇA AO MERCADO, SIM!
Muitos especialistas orientam ir ao mercado sem filhos para evitar o consumo. Mas para educar crianças inteligentes financeiramente, eles devem ter contato com o mercado. A partir dos 2 anos e meio, você pode pedir ajuda a elas com a lista de compras. “Dê uma missão ao pequeno. Primeiro, peça para verificar o armário do banheiro, por exemplo, em busca de sabonete. Caso não tenha mais, peça para ajudá-la a adicionar o item à lista. Faça isso com diversos outros produtos. Aí, no mercado, quando ela pedir a você algo fora da lista, lembre-a da missão que têm juntas”, orienta.
TODO MUNDO PODE AJUDAR
A criança precisa participar das tarefas domésticas. E, principalmente as menores, adoram colaborar. Não ofereça pagamento em troca de ajuda. “Fazer isso passa a mensagem de que na vida o dinheiro vale mais do que qualquer coisa”, explica Cássia.
EXPERIÊNCIAS VALEM MAIS…
… do que bens materiais. Os momentos juntos são mais importantes do que qualquer objeto. Isso não significa aposentar o presente de Natal para a criança, mas que você precisa explicar toda a simbologia por trás de cada experiência.
PROTEÇÃO SEM EXAGERO
Muitos pais querem suprir todas as necessidades da criança, principalmente as que eles não tiveram na própria infância. Mas, segundo Cássia, muita proteção e muitos bens podem confundir os pequenos. Nem sempre eles necessitam de presentes caros e festas de aniversário para milhares de convidados. Muitas vezes, apenas um bolinho com pais e avós basta.
A FORÇA DA TRISTEZA
A criança precisa aprender a lidar com os próprios sentimentos. A tristeza é importante e ensina um bocado também, como a lidar com frustrações. Instrua o filho a esperar, seja firme – pense que isso, a longo prazo, o tornará um adulto mais seguro e menos consumista. “É preciso entender os limites da realidade, inclusive do dinheiro”, finaliza Cássia.