Técnica pode ser necessária, benéfica e com aspecto natural, desde que feita com bom senso
O susto ao olhar no espelho no dia seguinte à colocação de lentes de contato nos dentes é um clássico entre muitas pessoas que já se submeteram à técnica. As piadas e até bullying também são bastante comuns. Tudo isso acaba transformando o desejo por uma elevação na autoestima, ou até mesmo a correção de imperfeições nos dentes, em uma frustração que, geralmente, decorre da falta de habilidade do profissional responsável.
Na visão da cirurgiã-dentista Diana Fernandes, especialista em odontologia estética, a naturalidade deve ser o balizador do trabalho que o dentista vai desenvolver para cada caso específico que chegar ao seu consultório. Começando pelo tom de branco dos dentes: "Eles têm, no mínimo, três camadas de cores. Perto da raiz, há um tom mais amarelado; no meio, mais branco; e nas pontas, mais transparentes. Assim, em um projeto de lentes bem-feito, o resultado não precisa ser super branco", explica.
Segundo a especialista, o mais indicado é que, ao bater a luz no dente, seja possível ver a transição de cor, gerando naturalidade ao sorriso. "Isso é diferente de dentes em branco “chapado”, resultado de uma técnica que não preza por naturalidade", explica a especialista.
Diana Fernandes reforça a singularidade de cada projeto de lentes de contato e a delicadeza exigida durante todo o processo de escolha das lentes, espessura, entre outros. "As lentes precisam ser finas, transparentes nas pontas e com textura, porque isso deixa o dente com aspecto natural, respeitando também a cor dos dentes do paciente", comenta.
Apesar do apelo estético que promete melhoria imediata no sorriso, a técnica é útil principalmente para quem tem imperfeições que podem ser corrigidas com a porcelana, material ideal para lentes de contato dentais por ser mais refinado e de maior durabilidade.
"Os objetivos comuns são aumentar um dente pequeno, alcançar uma cor uniforme entre os dentes, deixar um sorriso mais harmônico, cobrir imperfeições do esmalte dentário ou devolver um dente fraturado, dentre outras finalidades", elenca a especialista.
Pessoas adultas que possuem dentes pequenos e acabam tendo um sorriso com aspecto infantil ou pessoas que tiveram cáries e têm restaurações com diferentes tonalidades podem ser muito beneficiadas com as lentes, aponta a dentista, que faz um alerta: "Quando o paciente não tiver cuidados com seus dentes naturais, ele não vai ter cuidado com as lentes".
Ou seja, para obter e manter os benefícios das lentes de porcelana, é mandatório que o paciente mantenha as visitas semestrais ao dentista e faça a higiene com fio dental junto com as escovações. E, claro, que não abra garrafas com a boca e que não tenha o hábito de roer as unhas.
Fora os cuidados, uma preocupação comumente levantada diz respeito ao processo de desgaste dos dentes naturais que faz parte do procedimento de aplicação das lentes. Uma vez desgastados os dentes naturais, eles ficarão assim para sempre, requerendo sempre que as lentes artificiais façam o acabamento - como uma casa sempre vai precisar de revestimento em cima do piso "cru".
A especialista, porém, informa que esse desgaste nem sempre é necessário. "Para o encaixe das lentes, é preciso fazer um preparo nos dentes e as técnicas mais recentes conhecidas, são minimamente invasivas, preservando muito a estrutura natural dos dentes", tranquiliza a especialista.
Após o material-base escolhido, é realizado um escaneamento intraoral, que fará o molde da boca do paciente. "A tecnologia mais atual do mercado é o escaneamento digital da boca/sorriso do paciente, com o escanner iTero + impressão o molde da boca do paciente em laboratório, a partir de uma impressora 3D", explica.
Após isso, o dentista estuda o sorriso do paciente, entendendo suas necessidades e desejos de correção para definir quantas unidades de lentes serão usadas, qual a coloração, as texturas e os detalhes que trarão naturalidade ao sorriso. Na sequência, o projeto segue para a confecção das lentes e subsequente aplicação.
Para dar uma noção a possíveis interessados nas lentes de contato dentais, Diana usa como exemplo uma situação comum em seu consultório: 10 unidades em cada arcada dentária (superior e inferior) em porcelana. "É realizada uma limpeza prévia, depois um preparo com cola específica em cada dente que receberá a lente e então a colocação das lentes individualmente. Por último, com as lentes já colocadas, aplicamos uma luz de Led para secar o cimento, que colará as lentes nos dentes originais. Esse processo, para esta quantidade, leva em média duas horas", resume a dentista.