Britney Spears pode ter enfrentado consequências físicas e psicológicas do aborto; entenda
Britney Spears chocou o mundo ao revelar que foi induzida a fazer um aborto, após engravidar de Justin Timberlake há 20 anos. O assunto veio à tona após um trecho da biografia ‘The Woman in Me’ ter vazado na última terça-feira (17). Mas, afinal, quais são os riscos de recorrer ao aborto para interromper uma gravidez?
AnaMaria Digital conversou com as especialistas de duas frentes, saúde física e saúde mental, para entender os impactos enfrentados pela mulher. Vale mencionar que o aborto só é legalizado no Brasil em casos de estupro e risco à vida da mãe. No entanto, dados governamentais apontam que, mesmo com a proibição, uma a cada 7 mulheres brasileiras já recorreram ao aborto – daí a importância da discussão.
Seja por causas naturais ou de maneira forçada, como aconteceu com Britney Spears, é importante estar ciente das possíveis complicações do aborto. O médico Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), alerta para as chances de infecção.
“O problema do aborto ilegal é quando é mal feito, pois pode levar a infecções, como endometrite (inflamação do útero) e salpingite (inflamação das trompas), afetar os ovários e produzir abscessos pélvicos, o que podem levar à infertilidade e até mesmo à morte”, destaca.
Para Caldeira, o cenário ideal seria buscar as condições médicas seguras para evitar essas infecções. “O aborto tem que ser feito em condições ideais de higiene, em ambiente hospitalar e com médicos para evitar essas complicações graves”, diz.
O psicológico da mulher também costuma ser bastante afetado quando ela recorre ao aborto – especialmente quando não tem o apoio do parceiro à gestação. “Estudos de universidade de diversos países mostram que as consequências são sempre ruins, incluindo os riscos de depressão, transtorno de ansiedade e estresse pós-traumático”, explica o psiquiatra Luiz Scocca, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
No caso de Britney Spears, ela contou que foi muito difícil encarar a decisão. “Justin definitivamente não estava feliz com a gravidez. Ele disse que não estávamos prontos para ter um bebê em nossas vidas, que éramos muito jovens", declarou a cantora em trecho vazado.
Um conselho do psiquiatra é lembrar que o parceiro (nem ninguém!) pode te obrigar a realizar um aborto. “É uma condição muito difícil, principalmente para a mulher que deseja ter um filho. Se está na dúvida, ela fica em uma angústia muito maior porque encontra conflitos conforme sua cultura, religião e crenças pessoais”, pontua.
Em seguida, Luiz Scocca destaca: “É extremamente importante você saber que ninguém pode te obrigar a fazer aborto. Isso está bem claro e não se deve ceder a essas pressões. Admito, porém, que é uma situação muito frustrante”.
Todas as condições que envolvem o aborto exigem a presença firme de uma rede de apoio – como defende o profissional de saúde mental. Família, amigos e até mesmo grupos especializados são fundamentais para o bem-estar da mulher.
Além disso, ele destaca que é sempre válido buscar o auxílio de um psicólogo ou psiquiatra. “É claro que a pessoa vai passar antes no obstetra, no ginecologista, para saber as condições e fazer as primeiras avaliações do pré-natal. A hora de procurar o psicólogo ou psiquiatra, contudo, é a qualquer momento, decida ela fazer o aborto ou dar continuidade ao processo de gestação”, destaca.
O psiquiatra forneceu à AnaMaria Digital uma lista de instituições dedicadas à proteção de gestantes no Brasil. Seguem:
• Unicamp – Grupo de gestantes
https://www.cecom.unicamp.br/grupo-de-gestantes/
• Rede Mãe Paulistana (SUS)
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/programas/index.php?p=5657
• Casa Moara
https://casamoara.com.br/
• Instituto Maternidade Consciente:
https://www.instagram.com/institutomaternidadeconsciente/
Por fim, Luiz Scocca indica outro caminho para as mulheres que engravidam sem o desejo de terem filhos – tendo em vista a proibição do aborto e todos os ricos físicos e psicológicos citados anteriormente.
“Em 18 de janeiro de 2023, o Conselho Nacional de Justiça estabeleceu a resolução 485, que dá uma importante diretriz às gestantes que manifestam o desejo de entregar o filho à adoção. Esse procedimento é conhecido como entrega voluntária”, explica.
Ele completa: “É uma entrega consciente a grupos de proteção. Então, a pessoa dá à luz tem a oportunidade de proteger a vida deste bebê. São meios de facilitação e existem institutos para isso, você pode procurar Vara de Proteção da família. Todo o processo é feito em sigilo”.