A Black Friday é uma das datas comerciais mais esperadas do ano. E a fama é justa: uma sexta-feira que tinha tudo para ser comum movimenta bilhões na economia global. Em 2023, por exemplo, o faturamento no e-commerce brasileiro atingiu R$ 5,23 bilhões, segundo levantamento da Neotrust e ClearSale.
Em 2024, a expectativa é que a data movimente R$ 9,3 bilhões no país — neste caso, não só no e-commerce, mas em todos os pontos. É um aumento de 9,1% em comparação ao ano anterior. Contudo, o período também tem seus problemas, como os golpes.
Outra preocupação é saber como equilibrar o entusiasmo pelas promoções com práticas de consumo consciente. Do contrário, a alegria para a Black Friday pode dar lugar a problemas, como endividamentos e outros prejuízos financeiros.
Black Friday e consumo consciente: é possível?
A pressão de aproveitar ofertas aparentemente imperdíveis pode levar à compra de itens desnecessários, acumulando gastos e bens pouco úteis. E esses produtos estão cada vez mais próximos — e não só fisicamente. Além das promoções em lojas, há as diversas bugigangas separadas por poucos cliques em lojas virtuais.
Porém, com algumas práticas simples, é possível fazer escolhas mais racionais. É o famoso consumo consciente. Marley Marques, psicóloga e psicopedagoga no Centro Universitário Newton Paiva Wyden, reconhece que pode ser difícil colocá-lo em prática em meio às tentações.
“O excesso de estímulos, como anúncios, notificações e descontos aparentemente imperdíveis, pode ofuscar decisões bem pensadas”, explica a especialista. Porém, ela ressalta que é possível driblar essas propostas tão atraentes.
Como ter um consumo consciente na Black Friday?
1. Planeje suas compras com antecedência
Antes que as ofertas de Black Friday sejam anunciadas, faça uma lista dos itens que realmente precisa. Esse planejamento ajuda a evitar compras impulsivas e a cair em falsas promoções, em que preços são inflacionados antes da data. Pesquisar valores com antecedência também é uma forma de garantir que os descontos sejam, de fato, vantajosos. Além disso, defina um orçamento máximo e siga-o rigorosamente.
2. Priorize qualidade, não quantidade
Ofertas com preços muito baixos podem ser atraentes, mas nem sempre representam um bom custo-benefício. Produtos de baixa qualidade têm vida útil menor, o que gera maior descarte e a necessidade de reposição frequente. Dê preferência a itens mais duráveis e que atendam suas necessidades por mais tempo.
3. Questione suas reais necessidades
“Eu realmente preciso disso?” ou “Esse item se encaixa no meu orçamento e?” são perguntas que devem ser feitas para si mesmo antes de finalizar qualquer compra. Essas reflexões ajudam a evitar aquisições feitas por impulso, motivadas pela sensação de urgência gerada pelas promoções. “Reflexões rápidas podem evitar compras impulsivas”, reforça Marley.
4. Apoie marcas comprometidas com a sustentabilidade
Consumidores conscientes buscam bons preços, mas também avaliam os valores das marcas. Empresas que utilizam materiais recicláveis, reduzem emissões de carbono ou promovem práticas éticas de trabalho merecem destaque durante a Black Friday. Muitas empresas ainda oferecem programas de reciclagem ou troca de itens antigos, o que facilita o descarte responsável.
5. Evite dívidas e parcelamentos excessivos
O parcelamento pode ser bem atrativo e facilitar compras que estariam distantes sem ele. Mas, em algumas oportunidades, pode ser o pontapé inicial para um descontrole financeiro. Antes de optar pelo crédito, analise seu orçamento mensal e assegure-se de que as parcelas não comprometam outras prioridades. Se possível, dê preferência para pagar à vista.
“Com planejamento e consciência, é possível transformar a data em uma oportunidade para consumir de forma mais responsável e significativa”, finaliza Marley.