Desde que se inscreveu em um aplicativo de namoro, ficou difícil ver Leda Mancini (Grace Gianoukas), de ‘Família é Tudo‘, sem o celular na mão. A diretora da gravadora não se desgrudou mais do aparelho desde então, mas isso acabou trazendo graves consequências para ela.
Nos últimos capítulos da novela da TV Globo, a mãe de Júpiter (Thiago Martins) ficou chocada ao saber que tem um tipo de dependência digital – mas, afinal, você sabe o que é nomofobia? É mais do que um vício e Leda teve que passar um “detox” pesado para aprender a usar o celular de forma consciente.
A Leda mudou de ideia rapidinho depois de ver o motorista, né? 🗣️ #FamíliaÉTudo pic.twitter.com/xAuxT6Y0QM
— TV Globo 📺 (@tvglobo) June 26, 2024
O psiquiatra e pesquisador do Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH) e do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Francis Moreira da Silveira, e Leninha Wagner, doutora em psicologia, explicam à AnaMaria o que é nomofobia, como o trantorno é diagnosticado e quais são as opções de tratamento disponíveis.
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O que é nomofobia?
A nomofobia é o medo irracional de ficar sem acesso ao telefone celular. Do inglês no-mobile-phone phobia (fobia de ficar sem telefone celular, em português), o termo é descrito, clinicamente, como uma condição caracterizada por ansiedade e angústia significativas associadas à falta do aparelho móvel.
Embora não esteja listada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), pode ser considerada dentro do espectro dos transtornos de ansiedade. “É caracterizado pela dependência excessiva da tecnologia móvel, causando desconforto ou prejuízo na vida social, ocupacional e outras áreas importantes de funcionamento”, explica o psiquiatra.
Segundo ambos os especialistas, os principais sintomas da nomofobia incluem:
- Ansiedade intensa ao pensar em ficar sem o celular;
- Preocupação excessiva com a bateria, sinal ou acesso à internet;
- Verificação constante do telefone, mesmo sem notificações;
- Sentimento de pânico ou desconforto quando o celular não está acessível;
- Dificuldade em focar em tarefas devido à preocupação com o celular;
- Uso compulsivo do celular em contextos inadequados, como reuniões ou conversas;
- Fuga de situações nas quais o uso do celular é limitado;
- Sintomas físicos como taquicardia, sudorese e tremores quando sem acesso ao celular.
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Como é feito o diagnóstico da nomofobia?
Por não ser um transtorno reconhecido pelo DSM-5, o diagnóstico da nomofobia não é feito de maneira formal, mas pode ser realizado por meio de uma avaliação clínica detalhada. “Psicólogos e psiquiatras utilizam entrevistas estruturadas e questionários para identificar padrões de uso do celular e sintomas de ansiedade relacionados à ausência do dispositivo”, conta Leninha.
Essa avaliação é feita a partir do histórico do uso de dispositivos móveis, comportamentos associados a eles, e da utilização do Questionário de Nomofobia (NMP-Q) para avaliar a intensidade de seu impacto funcional.
“Embora não esteja listada no DSM-5-TR, os sintomas da nomofobia podem ser considerados sob o escopo de transtornos de ansiedade, especialmente se atenderem aos critérios para Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Transtorno de Pânico”, adiciona Francis.
Além de ficar em alerta a esses quesitos, os dois profissionais destacam outros fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver nomofobia, que incluem:
- Jovens adultos e adolescentes, que são mais propensos ao uso intenso de tecnologia;
- Problemas de autoestima ou de relacionamento social, levando à busca de validação através das redes sociais;
- Pessoas com antecedentes de ansiedade ou outros transtornos psiquiátricos
- Ambiente social ou profissional que exige constante conectividade;
- Altos níveis de dependência e uso intensivo de smartphones e redes sociais.
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Tem tratamento para nomofobia?
Os tratamentos para a nomofobia abrangem técnicas psicoterapêuticas e, em alguns casos, o uso de medicação. A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais utilizada, focando em modificar padrões de pensamento e comportamento relacionados ao uso excessivo do celular.
“A abordagem ajuda os indivíduos a identificar e desafiar pensamentos irracionais sobre a necessidade constante de estar conectado, promovendo comportamentos mais saudáveis e adaptativos” esclarece o psiquiatra.
Junto com a psicóloga, ele também destaca a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), que foca na aceitação dos sentimentos negativos associados à ausência do celular: “Ela incentiva o compromisso com ações que estejam alinhadas aos valores pessoais, independentemente da ansiedade sentida.”
Já em casos mais graves, nos quais a nomofobia está associada a sintomas significativos de ansiedade e depressão, a medicação pode ser utilizada como parte do tratamento. Os antidepressivos são a escolha mais comum para tratar e, por consequência, ajudar a reduzir a dependência emocional do celular.
“A combinação de medicação e psicoterapia pode proporcionar um alívio mais abrangente dos sintomas, permitindo que os indivíduos desenvolvam estratégias a longo prazo para gerenciar sua ansiedade e uso do celular de maneira saudável”, afirma Francis.
E, claro, ao tratar um transtorno, algumas mudanças precisam partir de nós mesmos. Aqui vão algumas orientações de Francis e Leninha para um estilo de vida menos dependente do celular:
- Definir horários específicos para o uso do celular e evitar seu uso antes de dormir;
- Desligar as notificações para reduzir a tentação de verificar o dispositivo constantemente;
- Planejar períodos regulares de “detox digital” ou offline, assim como Leda;
- Praticar atividades sem o celular, como exercícios físicos, hobbies e interações face a face.
- Utilize técnicas de relaxamento, como respiração profunda, yoga, ou mindfulness para gerenciar o estresse diário;
- Mantenha contato regular com amigos e familiares;
- Estabeleça metas de curto e longo prazo e celebre suas conquistas, por menores que sejam;
- Procure ajuda de um terapeuta ou psicólogo para orientação e apoio contínuo.
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