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Seguir a mesma carreira dos familiares ajuda ou atrapalha?

Escolha profissional: seguir a carreira de nossos familiares pode ser um caminho natural, mas isso facilita ou dificulta o caminho?

Vanessa Goulartt, colunista de AnaMaria Digital
por Vanessa Goulartt, colunista de AnaMaria Digital

Publicado em 06/07/2024, às 10h54

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Família Bruno Goulart: Uma família de artistas
Família Bruno Goulart: Uma família de artistas

Desde que me conheço por gente ouço essa pergunta. Para quem está me conhecendo agora, em primeiro lugar, muito prazer! Em segundo lugar, um panorama da minha árvore genealógica, que também pode ser chamada de elenco: Sou filha da atriz e diretora Bárbara Bruno, sobrinha dos atores Paulo Goulart Filho e Beth Goulart, neta dos atores Paulo Goulart e Nicette Bruno e bisneta da atriz Eleonor Bruno.  Pelo fato de ter nascido em uma família de artistas amados e reconhecidos sempre respondo a essa pergunta: Ser atriz e ser de uma família de artistas, ajuda ou atrapalha?

Respondo que essa é uma pergunta complexa porque não possui uma resposta unilateral. Seguir a carreira artística vinda de um berço tão conhecido ajuda e atrapalha.

Ajuda, pois me reconheço entre almas tão afins, com propósitos semelhantes e apesar de características bem distintas e particulares, com um olhar artístico e sensível para a vida.

Esse primeiro tópico traz uma visão poética para a questão, partindo para a parte prática, ajuda porque nascemos no meio, temos acesso a profissionais da área e estamos em um ambiente propício.

Um fato que também ajuda é conhecer a realidade da profissão, sem ilusões ou falsas expectativas. Sabemos muito bem, por exemplo, como é ficar por longos períodos de tempo sem trabalho, o que acontece frequentemente na carreira dos atores por se tratar de uma profissão instável.

Bárbara Bruno e sua filha Vanessa Goulartt

Agora vamos refletir sobre o que atrapalha. Pelo fato da pessoa em questão ter nascido em uma família de profissionais consagrados na mesma área em que decidiu atuar, existe a tendência a acharem que você já nasceu com a vida ganha, eu até brincava em uma peça que escrevi, batizada de “Comédia Desabafo: Ócio do Ofício”, onde dizia que as pessoas achavam que a gente já nascia com contrato assinado. Vitalício.

Além de nos pedirem ajuda constantemente para um filho, um sobrinho ou uma sobrinha que decide ingressar na carreira artística e que a resposta eu dava no texto da minha comédia desabafo: “Se eu pudesse ajudar alguém, eu ME ajudava”.

Muito se fala sobre o peso, a responsabilidade de seguir a mesma carreira que seus familiares trilharam com sucesso. O fato de existir uma sombra sobre sua trajetória. Sinceramente, nunca senti esse peso, pois quando estou vivenciando o propósito profissional que escolhi, ou seja, quando estou em cena, a força do amor pelo ofício é tão maior e plena que neutraliza qualquer peso contrário.

Como disse no início do texto, é muito difícil responder a essa pergunta com uma resposta direta e simples, pois realmente seguir a mesma carreira dos familiares, no meu caso, na área artística, ajuda e atrapalha. Acredito que em outras áreas essa resposta também seja complexa. Gostaria muito de ter a visão de profissionais de outras áreas que também seguiram a carreira de seus familiares.

Fato é que nossas escolhas nos definem,  quando escolhemos nosso caminho profissional iniciamos uma trajetória única e particular e usando uma metáfora teatral, quando abre o pano e o foco de luz te abraça a performance é sua e de ninguém mais.