Embora seja usado em investigações criminais e entrevistas de segurança, o detector de mentiras é questionável; entenda como a máquina funciona
Marina Borges Publicado em 08/11/2024, às 14h00
O detector de mentiras foi colocado à prova recentemente no programa 'Lady Night', apresentado por Tata Werneck, em um quadro divertido, mas cheio de tensão. A atriz Letícia Spiller participou do teste e, ao ser questionada sobre temas delicados como traição, acabou “reprovada” pelo polígrafo, gerando curiosidade sobre a veracidade dos resultados e o funcionamento dessa máquina.
O episódio levanta a pergunta: será que o detector de mentiras é realmente eficaz? Embora o polígrafo seja usado em investigações criminais e entrevistas de segurança, há quem questione sua precisão. Entenda como esse aparelho funciona e o que aconteceu no teste de Spiller.
O detector de mentiras, ou polígrafo, é um aparelho que mede mudanças fisiológicas no corpo, como frequência cardíaca, respiração, pressão arterial e resposta galvânica da pele (suor nas palmas das mãos), enquanto uma pessoa responde a perguntas. A ideia é que, ao mentir, o corpo apresente reações involuntárias devido ao nervosismo ou estresse, o que o polígrafo capta e registra.
No quadro 'Hector Bolígrafo' do programa de Tata Werneck, um especialista conduziu o polígrafo enquanto Letícia Spiller era questionada sobre temas pessoais. Ao ser perguntada se já havia traído, a atriz respondeu de forma evasiva: “Depende do que seja traição”. Mesmo após uma tentativa de definir traição de maneira filosófica, o especialista sinalizou que o detector de mentiras acusava sinais de falsidade, sugerindo que a resposta de Spiller não era totalmente verdadeira.
Embora o detector de mentiras seja usado em diversos contextos, há uma série de limitações em sua precisão. O polígrafo não detecta diretamente a mentira, mas sim reações físicas que podem ou não estar ligadas ao ato de mentir. Essas reações, no entanto, podem ser causadas por vários fatores, como ansiedade, medo ou até desconforto com o ambiente. Portanto, alguém nervoso ao responder uma pergunta pode ser interpretado como mentiroso, mesmo falando a verdade.
Estudos mostram que o polígrafo tem uma precisão aproximada de 70% a 90%, mas há discordância entre especialistas. Enquanto alguns acreditam que ele é uma ferramenta útil, outros apontam que as margens de erro são altas, o que pode levar a interpretações errôneas e até a falsas acusações.
No caso de Letícia Spiller, o detector de mentiras identificou alterações na resposta quando ela tentou explicar seu conceito de traição, afirmando que o ato está mais ligado ao caráter do que a algo físico. Essa declaração, segundo o especialista, indicava sinais de falsidade, ou pelo menos de evasão. Embora o resultado tenha sido encarado com humor, a situação gerou reflexões sobre a validade dos resultados do polígrafo e a dificuldade em “passar” por um teste que mede reações do corpo.
No entanto, é importante lembrar que a reação de Spiller poderia ter sido causada pela pressão de estar em um programa ao vivo e pelo tema delicado. Nem sempre o detector consegue separar o nervosismo natural da tensão de quem está mentindo, o que leva a interpretações que nem sempre são precisas.
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