Especialista fala sobre a presença da mentira no trabalho; Confira!
Publicado em 02/04/2024, às 15h40
O primeiro dia do mês de abril é conhecido tradicionalmente como ‘Dia da Mentira’, no qual pessoas se divertem compartilhando histórias falsas para enganar as outras. Porém, essa atitude está presente em diversos ambientes e a mentira no trabalho não é exceção, mas são necessários cuidados.
Muitas vezes presentes já na entrevista de emprego, a mentira é vista como uma forma de escapar de situações do trabalho, desde perguntas inconvenientes até demandas. Nos processos de seleção, ela é tida como uma tentativa de "burlar" as avaliações, quando a pessoa tenta antecipar o que é exigido pelo avaliador.
O desafio é em dose dupla. Do outro lado, o selecionador também cria suas estratégias para evitar e driblar as situações em que a pessoa pode inflar o currículo, suas competências e adequar-se, de um jeito forçado, ao perfil da vaga.
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Para o coordenador do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Fabiano Fonseca, no trabalho, muitas vezes ocorre um jogo político, onde as pessoas manifestam parcialmente suas intenções, então a pessoa, como avaliada, procura atender ao menos parcialmente às exigências dos gestores ou responsáveis.
A mentira também se faz presente como estratégia de sobrevivência. “Pode ser uma maneira de se proteger, até de um ambiente tóxico, onde a negação pode ser uma estratégia para reduzir os impactos na organização, inclusive psicológicos”, explica o especialista.
E essa questão não é rara. O sentimento de cansaço ou esgotamento profissional é mais comum do que imagina e pode receber o nome de Burnout. Uma pesquisa recente identificou que 56% das pessoas priorizam um ambiente de trabalho saudável, enquanto apenas 4% tenderiam a ficar no emprego pelo bom salário.
De acordo com a Onlinecurriculo, plataforma de currículos online responsável pelo levantamento realizado com 500 brasileiros de todas as idades e regiões do país, a relação dos trabalhadores entre o espaço de trabalho e saúde mental está cada vez mais valorizada.
Isso se dá porque um ambiente de trabalho saudável é aquele que não apenas protege a saúde física e a segurança de seus funcionários, mas que apoia seu bem-estar mental e social.
Por fazer parte fortemente do cotidiano, as relações de trabalho não escapam das mentiras que podem ser intencionais e maldosas, para atingir um colega, ou, as mais frequentes como as omissões, pequenas ou grandes, boicotes, esquecimentos, que também se passam por mentiras.
Independentemente da estrutura, é preciso estar atenta. “[A mentira] pode estar na base das relações, mas nem em todas as organizações, onde você tem um ambiente com muita competitividade pode ser estimulado comportamentos e ações que ataquem os colaboradores de mesmo nível e até superiores”, orienta Fabiano.
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Mas se você é a responsável pela inverdade passada? O ditado popular diz que a mentira tem perna curta e ser pega mentindo pode ser bem desconfortável. Nessas situações, o especialista recomenda justamente o que era evitado: a verdade. “O melhor é desfazer o que foi dito, é a típica situação em que quanto mais alongar pior para todas as partes”, afirma ele.
Segundo o coordenador do curso de Psicologia da UPM, no cotidiano do trabalho a transparência total nem sempre é recomendada, por isso deve haver estratégia. “Algumas omissões, ou falta de informações muitas vezes são necessárias, principalmente para projetos novos, reorganizações e outras situações que têm impacto na atividade de trabalho”, explica Fabiano.