Primeiro transplante de útero entre pessoas vivas é realizado no Brasil - o que isso representa? - Reprodução/Freepik
ENTENDA!

Primeiro transplante de útero entre pessoas vivas é realizado no Brasil - o que isso representa?

O primeiro transplante de útero realizado na América Latinano foi feito no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - entenda com AnaMaria

da Redação Publicado em 07/10/2024, às 14h50

O sonho de engravidar é uma realidade para muitas mulheres, mas pode ser frustrado por condições físicas, como a ausência do útero. Essa era a realidade de muitas pacientes até o último 17 de agosto, dia em que o Hospital das Clínicas, em São Paulo, foi responsável pelo primeiro transplante de útero entre pessoas vivas na América Latina.

Falando em pioneirismo: em 2017, o hospital já havia feito história ao realizar o primeiro transplante de útero de uma doadora falecida, que resultou no nascimento de um bebê saudável. A seguir, confira os detalhes do procedimento e o que ele representa com AnaMaria

O que aconteceu?

A receptora, que nasceu sem o órgão devido a uma má-formação congênita, recebeu o útero da irmã, que já havia dado à luz a dois filhos. A paciente é diagnosticada com síndrome de Rokitansky, condição caracterizada pela ausência de útero e parte da vagina. Ela, no entanto, possuía ovários normais.

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O professor Edmund Baracat, um dos responsáveis pela cirurgia, destacou que a paciente passou por uma avaliação pré-transplante rigorosa. O procedimento incluiu a coleta de óvulos, fertilização in vitro e congelamento dos embriões para uso futuro após o transplante de útero.

Outro responsável foi o doutor Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque. Ele relatou que o procedimento ocorreu sem imprevistos e que as pacientes estão em ótimo estado geral. A receptora já apresentou o ciclo menstrual pela primeira vez, um sinal positivo de recuperação.

A iniciativa é resultado de uma parceria com uma equipe médica sueca liderada por Mats Brännström, que é pioneiro na realização de transplantes uterinos e foi responsável pelo nascimento do primeiro bebê a partir de um útero transplantado em 2014.

O que o primeiro transplante de útero representa? - Reprodução/Freepik

 

A paciente que recebeu o útero continuará a ser acompanhada pela equipe de Ginecologia do hospital e poderá realizar a primeira fertilização in vitro (FIV) cerca de seis meses após o transplante de útero.

O transplante de útero é um procedimento inovador, complexo e, consequentemente, de alto custo. Para ser elegível, a mulher precisa ter boas condições clínicas e o casal deve conseguir gerar embriões saudáveis. Apenas na fase anterior ao transplante, foram realizadas a estimulação ovariana e a coleta de óvulos da paciente, além do sêmen do marido, para a fertilização in vitro.

O que o transplante de útero representa?

Embora a indicação para o procedimento seja restrita, o professor Baracat ressalta que o transplante é psicologicamente muito importante para mulheres que não possuem útero. Ambos os professores discutiram a importância emocional e social desse avanço.

A vontade de ser mãe e a capacidade de gestação são questões fundamentais para muitas mulheres. O transplante de útero representa uma nova esperança para aquelas que enfrentam problemas de infertilidade relacionados à ausência de um útero.

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Ao jornal da USP, o professor Carneiro compartilhou como essa experiência o sensibilizou e o ajudou a entender a realidade vivida por essas mulheres: "É muito bom ouvir isso e realmente as mulheres ficam muito, muito felizes com esse tipo de proposta de avanço tecnológico."

O impacto da inovação vai além da saúde física, atingindo o emocional e psicológico. A possibilidade de carregar um bebê e experimentar a maternidade é um desejo profundo que agora pode ser realizado por mulheres que antes se viam privadas dessa experiência.

"O transplante de útero passa a ser uma opção para as mulheres que têm um fator uterino absoluto que leva à infertilidade e é extremamente importante que nós possamos oferecer, em um futuro próximo, essa técnica como uma oportunidade para as mulheres que não conseguem engravidar", conclui o professor Baracat.

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