A coach relata inchaço constante nas bochechas e precisará passar por um tratamento para remover o material; entenda os riscos da aplicação de PMMA
Marina Borges Publicado em 12/11/2024, às 20h30
Recentemente, a influenciadora Maíra Cardi, de 41 anos, revelou que passou por um procedimento estético com PMMA (polimetilmetacrilato) no rosto e, sem conhecimento dos riscos, agora enfrenta sérios problemas de saúde. A coach relata inchaço constante nas bochechas e a impossibilidade de engravidar no momento, já que precisará passar por um tratamento para remover o material.
Esse caso trouxe à tona as consequências do uso do PMMA, substância não absorvível que tem ganhado popularidade em preenchimentos faciais, mas apresenta sérios riscos, especialmente se houver complicações.
O polimetilmetacrilato, ou PMMA, é um material sintético derivado do petróleo, amplamente utilizado como preenchedor definitivo em procedimentos estéticos. Ao contrário do ácido hialurônico, que é absorvível e temporário, o PMMA permanece no corpo, o que pode causar problemas de longo prazo. Sua aplicação é popular entre pessoas que buscam resultados mais duradouros em procedimentos de harmonização facial, como preenchimento de bochechas, queixo e contorno mandibular.
No entanto, o cirurgião plástico Wendell Uguetto, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, alerta para as complicações associadas ao PMMA. A substância é injetada em multiplanos, incluindo camadas profundas da face, como o sistema músculo-aponeurótico. Essa complexidade aumenta o risco de migração do produto, endurecimento e até infecções crônicas, como no caso de Maíra, onde o preenchimento se deslocou e agora apresenta encapsulamento e deformidade.
Embora o PMMA possa inicialmente proporcionar resultados satisfatórios, os riscos associados ao seu uso são consideráveis:
O PMMA pode ser encapsulado pelo organismo ao longo do tempo, formando nódulos endurecidos. Esse processo ocorre porque o corpo percebe o material como um corpo estranho e tenta isolá-lo. Em alguns casos, como o de Maíra Cardi, o material pode migrar de sua posição original, levando a assimetrias e deformidades no rosto. Esse deslocamento geralmente ocorre de maneira gradual, mas é difícil de ser revertido, pois o PMMA é resistente à degradação e não pode ser absorvido pelo organismo.
Uma das principais preocupações com o PMMA é o risco de infecções recorrentes. Uma vez encapsulado, o material pode tornar-se um ambiente propício para bactérias, gerando infecções crônicas. Esses quadros podem causar inflamação constante, secreção purulenta e dor intensa, afetando a qualidade de vida do paciente. Além disso, infecções severas dificultam ainda mais a remoção do material, já que o risco de danificar estruturas nervosas durante a cirurgia é maior.
A retirada do PMMA é um procedimento complexo e arriscado. Segundo o Dr. Uguetto, a remoção exige uma cirurgia profunda, que precisa expor os ramos do nervo facial para não causar danos irreversíveis. Em muitos casos, o cirurgião opta por um corte pré-auricular, semelhante ao de um lifting facial, para acessar as camadas mais profundas e remover o material. Mesmo assim, a extração completa é difícil de ser alcançada, o que pode resultar em sequelas ou deformidades faciais.
A situação de Maíra Cardi ilustra bem os desafios associados ao uso do PMMA. De acordo com a influenciadora, o inchaço e o deslocamento do preenchimento nas bochechas a impediram de tentar engravidar, pois o tratamento de remoção do PMMA exige atenção contínua à saúde. Esse cenário envolve não apenas os riscos físicos, mas também o impacto emocional de passar por uma cirurgia complexa e de enfrentar limitações nas escolhas pessoais.
Para Maíra, o procedimento de remoção deve ser feito de forma gradual e com extremo cuidado para evitar lesões nos nervos faciais e possíveis deformidades. Além disso, será necessária uma abordagem de reconstrução muscular e possivelmente enxertos de gordura para corrigir a área afetada após a remoção do material.
Embora o PMMA ofereça resultados permanentes, existem alternativas mais seguras para preenchimentos faciais. O ácido hialurônico, por exemplo, é amplamente utilizado por ser absorvível e degradável pelo organismo. De acordo com Uguetto, em casos de complicações, o ácido hialurônico pode ser facilmente removido com a aplicação de uma enzima chamada hialuronidase, que dissolve o produto em poucas horas. Essa opção é considerada mais segura e permite ajustes frequentes, mantendo o aspecto natural do rosto.
Outros preenchedores temporários e biodegradáveis, como o ácido poli-L-lático, também estão disponíveis e apresentam um perfil de segurança mais alto. A escolha do material ideal depende do perfil do paciente e do resultado desejado, mas especialistas recomendam o uso de substâncias temporárias, especialmente para quem busca procedimentos estéticos no rosto, que são áreas de maior sensibilidade e complexidade.
O caso de Maíra Cardi reforça a importância de entender os riscos dos procedimentos estéticos e de pesquisar sobre as substâncias utilizadas. Embora o PMMA ainda seja utilizado por alguns profissionais, ele apresenta sérios riscos à saúde e pode causar complicações que vão desde infecções crônicas até deformidades faciais. Optar por alternativas seguras e reversíveis, como o ácido hialurônico, é uma escolha prudente, especialmente em procedimentos na face.
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