AnaMaria conversou com a a neurologista Thais Villa, especialista no tratamento de enxaqueca, para entender. - Foto: Freepik
ENTENDA!

Enxaqueca no frio: saiba como lidar com a doença em meio às mudanças climáticas

Entenda como controlar crises de enxaqueca no frio ou provocadas por outras mudanças bruscas de temperatura e melhore sua qualidade de vida.

Guilherme Giagio Publicado em 15/08/2024, às 13h16

A enxaqueca atinge mais de um bilhão de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) — no Brasil, estima-se 30 milhões de afetados. E o problema fica ainda maior em meio às mudanças climáticas, um dos gatilhos para a doença.

O sinal de alerta abrange diversas regiões do país, sobretudo no Centro-Sul, onde as frentes frias podem rapidamente substituir dias de calor intenso. Isso significa que, para parte considerável da população, as mudanças de temperatura não são apenas incômodas, mas também perigosas.

Não há cura para a enxaqueca, mas o tratamento ajuda no bem-estar dos pacientes. Foto: Freepik

 

Mas como lidar com crises de enxaqueca no frio, já que é um gatilho que parece inevitável? Inicialmente, é preciso entender o problema. Para isso, AnaMaria conversou com a neurologista Thais Villa, especialista no tratamento de enxaqueca e idealizadora do Headache Center Brasil.

A enxaqueca é uma doença crônica, caracterizada por uma hiperexcitabilidade do cérebro. Por ser uma condição hereditária, ela não tem cura: "Mas o controle dos seus sintomas é possível através de um tratamento multidisciplinar adequado", explica.

Enxaqueca no frio: é um gatilho?

A primeira questão é saber se a enxaqueca no frio ou outras mudanças climáticas são gatilhos. Para isso, é essencial que o paciente esteja atento aos sinais que seu corpo dá. A especialista recomenda o uso de um diário de sintomas.

Ao anotar diariamente a intensidade da dor de cabeça e correlacioná-la com fatores ambientais, como variações de temperatura, é possível identificar com maior precisão se esse é, de fato, um gatilho. Por exemplo, dias em que o clima muda drasticamente, como de um calor intenso para uma frente fria, devem ser observados com atenção.

Após a identificação, é traçada a estratégia de prevenção. No caso dos efeitos das mudanças climáticas, é possível planejar estratégias para lidar com o problema. E isso passa diretamente pelo uso dos analgésicos, certo? Na verdade, não. Entenda abaixo.

Como lidar com os gatilhos para a enxaqueca?

A especialista explica que este tipo de medicamento não é recomendado para lidar com a enxaqueca: "Se você medicar somente a crise, terá rebotes de dor de cabeça". Neste caso, é preciso controlar a  doença para que não tenha a influência dos gatilhos.

"O ideal é fazer tratamentos preventivos para que o paciente não tenha suscetibilidade a ter esses gatilhos como provocadores de crises ou sintomas de enxaqueca", acrescenta Thais. Ou seja, a chave não está em reagir apenas durante a crise, mas sim em adotar uma abordagem preventiva.

O tratamento para a enxaqueca requer abordagem preventiva. - Foto: Freepik

 

Ao controlar a doença de maneira contínua, o paciente pode viver de forma mais tranquila, mesmo em dias de grande variação climática. Como diz o velho ditado popular: é melhor prevenir do que remediar.

Neste caso, a abordagem passa pelos medicamentos preventivos, que ajudam a controlar a hiperexcitabilidade cerebral. Além disso, o acompanhamento multidisciplinar, com neurologistas, nutricionistas, ginecologistas e outros especialistas, é crucial para um tratamento eficaz.

Outros gatilhos para a enxaqueca

A enxaqueca no frio é um dos gatilhos. Mas, além das mudanças de temperatura, outros fatores ambientais podem desencadear crises de enxaqueca, como perfumes fortes, luzes brilhantes e barulhos intensos. Assim como o clima, esses gatilhos são difíceis de evitar, pois fazem parte do ambiente cotidiano.

No entanto, com o controle adequado da enxaqueca, esses elementos podem ter um impacto menor na vida do paciente. Assim como ocorre com as mudanças climáticas, o tratamento deve ser direcionado à doença crônica e sua prevenção, não aos sintomas gerados por ela.

"A pessoa tem que controlar a doença para que esses gatilhos não provoquem crises ou gerem sintomas", ressalta Villa. Isso reforça a importância de um tratamento contínuo e bem direcionado, que leve em consideração todos os aspectos da vida do paciente.

A enxaqueca, ao contrário do que muitos pensam, não é apenas uma dor de cabeça ocasional que deve ser combatida com analgésicos. Ela é uma condição neurológica que requer cuidados contínuos, semelhantes aos necessários para tratar qualquer outra doença crônica.

Com o acompanhamento médico adequado, o uso de tratamentos preventivos e uma atenção especial aos sinais do corpo, é possível viver com qualidade, mesmo diante de gatilhos inevitáveis.

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