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Dor de cabeça ou enxaqueca? Saiba como diferenciá-las

Pacientes com dor de cabeça ou enxaqueca têm dúvidas sobre os dois problemas

Especialista explica a diferença entre a doença e o sintoma. - Andrea Piacquadio/Pexels
Especialista explica a diferença entre a doença e o sintoma. - Andrea Piacquadio/Pexels

Sabe aquela dor de cabeça que vem ao final de um dia agitado? Muito cuidado: pode não se tratar apenas de uma simples dor. Na verdade, é possível que seja um indicativo do seu corpo para outro problema: a enxaqueca. Mas como saber se é dor de cabeça ou enxaqueca?

Inicialmente, vale ressaltar que, apesar das aparentes similaridades, são dois problemas totalmente distintos. A neurologista e neuropediatra Thaís Villa, idealizadora do Headache Center Brasil, conversou com AnaMaria sobre o tema.

A enxaqueca é uma doença crônica, que é caracterizada por um cérebro hiperexcitado em sofrimento. A dor de cabeça, por outro lado, é um sintoma, assim como a febre, por exemplo. Neste caso, as duas estão interligadas pela relação doença e sintoma. Enquanto a enxaqueca é a doença mais comum que provoca dor de cabeça, a dor de cabeça é o sintoma mais comum da enxaqueca.

A dor de cabeça não pode ser normalizada e a enxaqueca não pode ser banalizada", reflete Thaís.

A ENXAQUECA

De acordo com estimativa da Organização Mundial de Saúde, mais de um bilhão de pessoas sofrem de enxaqueca no mundo. A doença atinge todas as idades, mas tem seu ápice entre a população dos 30 a 50 anos. "O que muita gente desconhece é a gravidade do assunto", alerta a especialista.

Além da dor de cabeça, a doença conta com outros sintomas: Irritabilidade, oscilações de humor, déficit de atenção, insônia, náusea e vômitos, dor na cervical, transtorno de  ansiedade, sensibilidade à luz, cheiros e sons, entre outros sinais que podem estar presentes durante uma crise.

O público feminino sofre com quadros mais graves de enxaqueca, com dor de cabeça mais incapacitante, por conta de questões biológicas e hormonais. Porém, os homens não estão livres dela: a principal causa é a hereditariedade. "É uma doença genética e esse é o principal fator de risco", diz Villa.

A neurologista explica que mulheres com enxaqueca têm mais dores de cabeça por conta do estrogênio, hormônio também presente em muitas pílulas anticoncepcionais. Sendo assim, o acompanhamento com ginecologista torna-se essencial. O profissional vai orientá-la a a fazer uso do contraceptivo mais seguro a fim de não agravar ainda mais os sintomas da enxaqueca ou trazer outras complicações.

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A DOR DE CABEÇA

A dor de cabeça, também conhecida como cefaleia, é um sintoma comum em diversas doenças. Covid-19, dengue e outros males, como a própria enxaqueca, e até mesmo tumores. Também há gatilhos, como estresse, alimentação inadequada e uso excessivo de telas.

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De acordo com o Projeto Diretrizes, da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, apenas 1% das cefaleias é ocasionada por doenças graves, que necessitam de atendimento imediato. Porém, isso não significa que a dor de cabeça pode ser ignorada ou menosprezada.

Na verdade, é justamente o contrário: o sintoma deve ser tratado de maneira adequada. " Ador de cabeça pode ser comum, mas está longe de ser normal", explica a especialista, que também alerta sobre a recorrência do problema.

"Se a pessoa tem dor de cabeça mensalmente sem explicação por outra doença aguda e tem como gatilho situações de estresse - seja físico ou emocional - deve procurar um neurologista especialista porque o diagnóstico provável é de enxaqueca". 

A dor de cabeça da enxaqueca é muito variável que vem em crises ou não. Nas crises de dor de cabeça é mais latejante que tende a ser muito incapacitante para a pessoa. Porém, pessoas com enxaqueca crônica podem ter um nível de dor leve a moderado diariamente e em localização difusa na cabeça, pescoço e ombros. 

A LIGAÇÃO ENTRE OS PROBLEMAS

Muitas vezes, as dores de cabeça recorrentes são combatidas com medicamentos - muitas vezes ingeridos sem orientação médica. Porém, o hábito torna-se prejudicial: um estudo recente mostrou que o uso contínuo de medicamentos no tratamento da dor de cabeça traz diversos efeitos colaterais.

Um dos mais graves é o alto risco de dependência ao medicamento, que faz com que haja aumento da tolerância aos efeitos analgésicos, tornando o impacto na dor muito modesto. Segundo a neurologista, o uso excessivo de medicações é a principal causa de cronificação da enxaqueca.

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"Isso porque, na grande maioria dos casos, os pacientes utilizam medicamentos que tratam os sintomas e não a doença", explica Thaís, que acrescenta: "O organismo se acostuma ao uso e perde, cada vez mais, seus próprios mecanismos de regular a dor. Sem estes medicamentos, a dor vem cada vez mais forte e são necessárias doses ainda maiores de analgésicos, anti-inflamatórios e triptanos".

O fenômeno aumenta a frequência da chamada "dor de cabeça rebote". Neste caso, é preciso desintoxicar o paciente. Ou seja, todos os medicamentos utilizados devem ser suspensos para que o tratamento preventivo da enxaqueca crônica funcione”.

Isso significa que se sua intenção é saber se você sofre com dor de cabeça ou enxaqueca, o ideal é procurar um profissional especializado. Os exames, somados com a avaliação médica, serão capazes de identificar o problema e recomentar um tratamento adequado.

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Dor de cabeça não pode ser menosprezada e muito menos ignorada. - Foto: Ketut Subiyanto

O TRATAMENTO

Thaís explica que grande parte de seus pacientes a procuram por dores de cabeça fora do controle. "Diagnósticos inadequados, tratamentos sintomáticos e sem respostas que acabaram levando esses pacientes a se sentirem desacreditados e a se 'acostumarem' com a dor".

Se identificada a enxaqueca, os tratamentos mais específicos utilizam a toxina botulínica e anticorpos monoclonais anti-CGRP, que cuidam dos diversos sintomas da doença. Segundo a neurologista, a doença requer um tratamento específico e multiprofissional.