O furacão Milton está prestes a atingir a costa da Flórida e já é considerado um dos maiores desafios climáticos da região nas últimas décadas. Segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC), Milton se tornou um fenômeno “extremamente perigoso” e deve tocar o solo na noite desta quarta-feira (9). As previsões indicam chuvas torrenciais, ventos intensos, com rajadas de até 321 km/h, e inundações que podem alcançar até 4,5 metros.
As autoridades locais, inclusive o governador da Flórida, Ron DeSantis, estão em alerta máximo. Ele descreveu Milton como um verdadeiro “monstro” que ameaça a segurança de milhares de pessoas, especialmente nas regiões de Tampa e Orlando. Com um histórico de tempestades graves, muitos moradores já estão seguindo as ordens de evacuação emitidas ao longo da costa oeste da Flórida.
Milton se aproxima da Flórida com força catastrófica
A chegada do furacão Milton também deve gerar um impacto econômico expressivo. “Entre os estragos previstos pelo Milton, que devem chegar nesta quarta-feira à costa da Flórida, estão previstos bilhões de dólares em prejuízos, especialmente em portos e aeroportos que cuidam das exportações do agronegócio norte-americano”, analisa Igor Lucena, economista e CEO da Amero Consulting. Confira a explicação do especialista:
Esse cenário é agravado pelas mudanças climáticas, que têm aumentado a frequência e a intensidade de desastres naturais, impactando diretamente o setor produtivo e financeiro. “No ano passado, os Estados Unidos já haviam enfrentado prejuízos superiores a 200 bilhões de dólares causados por desastres naturais. Para este ano, as expectativas são ainda maiores, podendo ultrapassar 340 bilhões de dólares”, explica o economista.
Relato de quem já viveu na pele
As experiências de quem já enfrentou situações como a chegada de furacões são marcantes e servem de alerta para o que está por vir. “Eu liderava a área de marketing, estava com quase 300 executivos na Flórida para um evento. Depois de dois dias que a gente estava, embicou na região um furacão que destruiu o Taiti e a República Dominicana. Tivemos que fazer um war room [sala de guerra], com representantes da empresa, segurança do hotel e traçar um plano de fuga. Foi um aprendizado pessoal e profissional, porque nunca imaginamos estar no meio de um evento como esse”, compartilhou Luciana Lancerotti, ex-CMO da Microsoft e fundadora e CEO da Gestão e Design de Impacto, em entrevista à AnaMaria.
A executiva ainda relatou os desafios emocionais enfrentados pela equipe: “Algumas pessoas surtaram e outras se recusaram a entrar no avião. Eu, pessoalmente, decidi ficar para dar suporte à operação. Meu filho estava aprendendo na escola sobre furacões, enquanto eu vivia aquilo de perto. Foi uma experiência intensa para toda a família”, descreveu.
Furacões de categoria 5: uma ameaça devastadora
O furacão Milton foi já classificado como categoria 5, o que significa uma catástrofe iminente. Com ventos superiores a 249 km/h, tempestades desse tipo são conhecidas por sua capacidade de causar danos “muito graves e extensos”.
A NOAA, agência que monitora eventos climáticos nos Estados Unidos, já alertou que essas tempestades podem gerar marés de tempestade de mais de 5 metros de altura, além de destruir residências, derrubar árvores e linhas de transmissão de energia, e deixar áreas inabitáveis por meses.
O furacão foi reclassificado na categoria 3 da escala Saffir-Simpson, que qualifica os ciclones tropicais em cinco categorias, de acordo com a intensidade dos ventos.
Na Flórida, várias zonas de evacuação foram ativadas para proteger os moradores e minimizar as perdas. Governos e empresas terão que enfrentar grandes desafios logísticos e financeiros para lidar com as consequências dessa tempestade. O cenário para os próximos dias é de incerteza, mas uma coisa é clara: o impacto do furacão Milton será sentido por muito tempo.
Com o aumento da temperatura dos oceanos, causado pelo aquecimento global, é esperado que desastres como o furacão Milton se tornem cada vez mais comuns. A Flórida, que já enfrentou outras tempestades poderosas, como o furacão Ian, que devastou parte do estado em 2022, precisará se preparar para um futuro em que esses fenômenos climáticos extremos façam parte da realidade constante.
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