A Justiça da Rússia confirmou uma multa histórica para o Google: dois undecilhões de rublos por restringir canais de mídia estatais russos no YouTube. A quantia é equivalente a a US$ 2,5 decilhões ou R$ 14,45 decilhões. O número é escrito com 36 zeros.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que “não consegue nem pronunciar esse número”, além de confessar que o valor é em grande parte simbólico. O intuito é estimular a gigante da tecnologia a suspender as restrições impostas aos veículos oficiais do país.
O representante do governo da Rússia ainda pediu que “a administração do Google preste atenção”. Porém, é bem provável que essa multa não seja paga. Além do simbolismo do valor, o valor de US$ 2,5 decilhões é impossível de ser quitado.
Dá para o Google pagar US$ 2,5 decilhões?
Embora o Google seja uma das empresas mais ricas e valiosas do mundo, a resposta é simples: não! Isso porque o valor de US$ 2,5 decilhões é substancialmente maior do que o da companhia, que vale ‘apenas’ US$ 2 trilhões.
Além disso, a quantia é ainda maior do que todo o dinheiro que há no mundo. De acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional, PIB total mundial é de US$ 110 trilhões — 23 milhões de vezes menor do que a multa imposta pela Rússia ao Google.
O que causou uma multa tão grave?
As tensões entre o Google e o governo de Vladimir Putin iniciaram em 2020, quando a empresa bloqueou mídias estatais no YouTube. Em 2021, o Tribunal de Arbitragem de Moscou determinou o retorno dos canais, sob pena de multa diária de 100 mil rublos (cerca de R$ 6 mil).
Ainda na decisão, a Justiça determinou que a multa dobraria a cada semana que não fosse paga. Desde então, os serviços não retornaram e as multas não foram quitadas. Segundo a agência de notícias estatal Tass, o valor está aumentando rapidamente e constantemente.
Dois anos depois, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, a tensão aumentou entre o país eurasiático e a empresa norte-americana. Na época, o país aplicou multas em empresas de mídia social acusadas de hospedar conteúdo crítico ao Kremlin ou pró-Ucrânia.
Sufocadas pelas multas e impedidas de agir sem a liberdade de empresa, diversas empresas ocidentais do meio deixaram o país. Em 2022, a subsidiária local do Google foi declarada falida. Os produtos da empresa, porém, não são totalmente proibidos.
Até o momento, 17 canais de mídia russos já sofreram restrições no YouTube.