Em entrevista, Denise Fraga também descreveu a relação com Júlia, sua personagem em ‘Um Lugar ao Sol’
Denise Fraga está de volta às novelas como a alcoólatra Júlia, sua personagem em ‘Um Lugar ao Sol’, trama das nove da TV Globo. Desde que frequentou as telinhas pela última vez, muitas coisas mudaram, especialmente em relação aos protocolos de prevenção do contágio pelo novo coronavírus. A principal delas, sentida também pelos telespectadores, é o fato de as novelas só serem exibidas depois que todas as gravações foram encerradas. Alguns autores - como Glória Perez (leia aqui) - não curtiram a novidade, mas Denise Fraga ficou “maravilhada” com a ideia.
"Não tinha o estúdio lotado de cenas porque não havia o compromisso de colocar o capítulo no ar no dia seguinte. A adversidade gerou um novo modelo. Foi uma coisa positiva!", ponderou a artista, em entrevista para a colunista Patrícia Kogut, do jornal ‘O Globo’.
A famosa também descreveu como foi gravar as cenas durante a pandemia da Covid-19. "É incrível que a gente tenha conseguido fazer. Quando vi no ar, fiquei maravilhada. Foi um protocolo absurdo. Impressionante como foi tudo feito com cuidado e como a novela ficou caprichada. Com 107 capítulos, você consegue manter a qualidade", disse.
Na entrevista, por fim, Denise também falou sobre a construção de sua personagem - sejam os aspectos mais sombrios de sua personalidade, seja seu bom-humor. "Júlia tem um otimismo crônico, acredita que agora vai dar. Não quer enfrentar as coisas que ela sabe que são ciladas na vida. É um otimismo trágico, de negação. O que eu fiz foi tentar me inteirar no AA (Alcoólicos Anônimos). Estive em algumas reuniões. A personagem é muito reconhecível. Ao mesmo tempo, Júlia é engraçada, tenta rir o tempo inteiro e escamotear tudo o que passa numa alegria histérica. Ela faz piada de si mesma", explicou.
Não é de hoje que Denise ressalta sua admiração por Júlia. Em uma publicação do Instagram, compartilhada no último dia 22, a atriz fez um belo texto homenageando a mãe de Felipe (Gabriel Leone). “Fazer um personagem desse, com um texto desse, com tantas camadas, numa novela feita com tanta qualidade e ainda cantar é mesmo uma felicidade”, escreveu.
“Durante o processo, muitas vezes ficava aflita. Normal. Nosso ofício vive de braço dado com a insatisfação. Trabalhamos num terreno etéreo. Somos escultores de nuvens. É algo eternamente móvel na medida que a nossa matéria prima é a própria vida. Não se segura, não se finaliza, não se lacra. Pensa-se estar num trilho e escapa-se. Todo o tempo. Sofre-se o tempo todo. Porque é água. Aprendemos a nadar, a mergulhar, conseguimos reter o fôlego submersos, surfamos até, fazendo manobras preciosas, mas é água. Escorre. Nunca pegamos com a mão”, continuou.
Por fim, a artista falou sobre o resultado final de tanto trabalho. “E nesse vai e vem de “erros e acertos”, alegra-se. Alegra-se muito! Talvez justamente por isso. Pelo privilégio de transitar no perigoso terreno escorregadio da liberdade. E aí vem a câmera e capta o incerto, nos dando o alívio e a ilusão de finalmente termos algo palpável”, encerrou.
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